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Eládio Paramés
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Televisões pagam e liquidam a tradição

Entrámos no site da Premier e dedicámos algum tempo a analisar o calendário que ‘calhou’ aos clubes ingleses, nomeadamente aos mais importantes e envolvidos na luta pela conquista do título neste final de ano. A maior surpresa foi verificar que o ‘Boxing Day’ não é para todos, pois já prevíamos que, nesta calendarização, iria haver uns mais prejudicados do que outros.

O Leicester, por exemplo, tem de disputar 4 jogos em apenas 213 horas e encabeça a lista dos ‘azarados’, na qual o Manchester United é quinto, com 215,5 horas de intervalo entre os mesmos jogos, enquanto o Arsenal tem 289,75, ou seja, mais 3 dias de descanso, e o Chelsea mais 2 dias e meio. São os mais ‘sortudos’, certamente, por acaso.

Voltando ao ‘Boxing Day’, que como saberão é, quero dizer, era quase uma instituição na Grã Bretanha – no dia 26 de Dezembro, famílias inteiras rumavam aos estádios para verem atuar a equipa do seu coração. Porém, este ano não será assim, pois o Manchester City só irá a Newcastle no dia 27 e o Arsenal visita o Crystal Palace apenas a 28. O poderio financeiro das televisões sobrepôs-se à tradição e a liga de clubes cedeu, sem sequer ter em conta o que estas alterações podem significar no comportamento desportivo das equipas envolvidas nas competições europeias.

Olhando para a tal calendarização, em que, para além do campeonato, há ainda a Taça de Inglaterra e a Taça da Liga, mais as jornadas das seleções nacionais e as provas europeias, o que se verifica é que, nestes próximos meses, enquanto na Inglaterra há futebol no duro, em Espanha, Itália, Alemanha e França, só para referir alguns, os jogadores beneficiam de uma pausa extra por força dos interregnos de Inverno. Não me admirarei por isso se, em fevereiro, quando regressar a Champions League, as faturas a pagar pelos clubes ingleses forem tão pesadas como aquelas que o país vai pagar pelo Brexit.
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