A visão do desporto como instrumento de capacitação e desenvolvimento social merecia uma tradução na importância que lhe é conferida politicamente. Das várias alterações ministeriais, a junção da juventude, cultura e desporto, independentemente dos méritos de quem vai chefiar a pasta e as secretarias de estado, é uma decisão que deixa cada uma destas áreas a perder. Podem relacionar-se entre si e podem nem sempre competir por fundos, mas mereciam uma atenção diferente.
No desporto já sabíamos que os programas eleitorais diziam muito pouca coisa. Estando em cima da mesa a captação de fundos para reorganizar o nosso parque desportivo e as infraestruturas que tanta falta fazem aos atletas para atingir a elite, a revisão do sistema de repartição das receitas das apostas desportivas, a organização de grandes eventos desportivos como o mundial de 2030, é muito pouco utilizar o chavão do “sports friendly”.
Numa altura em que a União Europeia discute o plano estratégico para o desporto, alicerçado na proteção do modelo europeu, e os ministérios nacionais têm um papel fulcral a desempenhar através da sua capacidade influência, seguirei com preocupação a palavra que Portugal possa ter a dizer. Talvez estejamos demasiado habituados a fazer milagres.
Por Joaquim Evangelista