Joaquim Evangelista
José Mourinho está de regresso ao futebol português. Escrevo sobre esse regresso pela admiração que tenho por ele, certo do impacto mundial que acarreta voltar a ter o 'Special One' no nosso país. A sua carreira é marcada por títulos inéditos, conquistas que pareciam impossíveis e uma forma de comunicar única. Inevitavelmente, tem o respeito dos principais atores do nosso futebol. Num estilo que admiro particularmente, ao nunca deixar nada por dizer, está garantido que vai agitar as águas. Regressou com o espírito certo, ao rejeitar qualquer sentimento beligerante e transmitindo o quão natural para ele é compatibilizar o sentimento de gratidão e orgulho pela sua história no FC Porto, com a missão que agora assume na defesa do Benfica. Algo que parece óbvio, mas que os cultivadores do ódio e da destruição fizeram questão de tentar pôr em causa. Apesar da carreira de treinador ser, certamente, mais longa do que a de futebolista, a instabilidade e a forma como se passa de bestial a besta é muito semelhante, ou talvez maior. A visão resultadista, a necessidade constante de reformar o projeto desportivo, ou a necessidade iminente de receitas, torna a consistência do trabalho e a longevidade do treinador, em qualquer clube, o maior dos desafios. Não sei quanto tempo teremos José Mourinho por cá, nem posso antecipar os êxitos que terá num campeonato onde o investimento dos principais competidores tem sido enorme, mas estou certo de que terá um impacto positivo, além das nossas fronteiras, que beneficiará todos os atores do futebol português, especialmente os que têm a responsabilidade de criar um produto atrativo e preparar o processo de centralização dos direitos televisivos. O legado de Mourinho acrescenta muito a Portugal.
