O futebol perdeu encanto, muito previsível, muito igual em que não há espaço para a criatividade, actualmente, o futebol parece um jogo de andebol, em que se pode entrar na área, o ponta-de-lança faz lembrar o pivot no andebol.
O importante no futebol é o resultado e a sua beleza e magia têm vindo a ser perdidas progressivamente.
O Manchester City de Guardiola procura controlar o jogo, com a posse de bola, empurrando o adversário como um compressor até à sua área e, depois, ora pelo desgaste ora por uma pequena aberta desfere o golpe final. As equipas contra o Manchester City muitas vezes defendem com 10 jogadores numa geometria 5-5 , ou até, 4-6 , tudo serve para tapar espaços e evitar a progressão.
O Real Madrid é um pouco diferente porque Ancelotti procura jogar de várias formas e tem por base adaptar-se aos jogadores que possui. O Real Madrid tanto joga no controlo do jogo, como pode jogar a defender-se e contra-atacar em mudanças rápidas de velocidade para o ataque. Assim o fez o ano passado e levou de vencida o Manchester City.
Os treinadores sabem que a sua sobrevivência depende dos resultados. O método atenua o risco e é inimigo da inspiração.
Os jogadores de futebol parecem todos iguais, fazem falta Messis, Ronaldos, Ibrahimovics entre outros. Com personalidade que não deixavam o treinador impor algo que lhes tirava a criatividade e alguma liberdade de movimentos dentro do campo.
Actualmente, é raro haver um 10 que jogue atrás do ponta-de- lança, isto é, um jogador do tipo Roberto Baggio, que nem era centro-campista, nem avançado.
Os treinadores preferem jogadores altos, fortes e rápidos, em detrimento, de jogadores franzinos, um pouco mais lentos, mas com magia. Preferem um jogador grande do que um grande jogador.
A maioria das equipas joga para não perder e uma minoria de equipas joga para vencer, daí, o futebol torna-se aborrecido e medíocre.
O futebol tornou-se tão rápido que não há tempo para pensar, para lá da táctica, há a superioridade física, os jogadores de futebol cada vez estão mais semelhantes a alguém que pratica musculatura.
Cada vez, é mais raro um avançado receber uma bola em boas condições, para dar azo à sua imaginação criativa. Há menos criatividade e menos espaço para decidir um lance.
O futebol praticado, actualmente, é da quase exclusiva responsabilidade do treinador acompanhada por um staff com toda a tecnologia disponível, desde PC, GPS e drones. A IA está aí a chegar, para tornar o futebol menos belo, menos humano e mais automatizado.
Sou a favor da evolução do futebol, a partir das ferramentas que existem para o melhorar, como metodologia de treino, dados biométricos, desempenho do jogador, entre outros, já não sou a favor que o futebol seja desvirtuado e os jogadores sejam meras correias de transmissão de um treinador puramente tecnológico.
Assim, o futebol perde interesse e magia. Os jogadores devem entender o que o treinador lhes pede, mas devem usar a sua cabeça para expressar a sua virtuosidade.
No fundo é deixar o jogo, jogar, o futebol é um desporto simples, não compliquem.
*escrevo ao abrigo do antigo AO
Por Joaquim Jorge