Um jogo de futebol tem, para além do lado desportivo, algo de política, muito de xadrez e de psicologia.
Jorge Jesus um dos melhores treinadores portugueses foi para o Sporting, com a finalidade de colocar o clube na rota de títulos e troféus. Quanto maior é o barco mais forte é a tormenta. Afortunadamente nos últimos anos esteve sempre em barcos grandes.
O efeito surpresa da sua transferência do Benfica para o Sporting, o ano passado, surtiu algum efeito. Todavia este ano esvaziou-se. A venda de jogadores como Slimani e João Mário debilitou o Sporting, é notória a sua falta, mas também o menor élan de Jorge Jesus.
Jorge Jesus tem muito pouco de modesto, é algo que não o ajuda. Mas é capaz de pôr uma equipa à sua imagem e a jogar bem. A sua ida para o Sporting é uma tarefa árdua e complicada, os leoninos estão ávidos de vencer um campeonato. A massa associativa do Sporting é das melhores que conheço, mais educada, sofredora e tolerante com os desaires, do que qualquer outra. Só comparável aos adeptos do Arsenal. Todavia Jorge Jesus não é Arsène Wenger, nem está no Sporting há tantos anos como Wenger no Arsenal.
O jogo FC Porto-Sporting era importante para a definição do futuro das duas equipas.
Jorge Jesus e Nuno Espírito Santo tentaram surpreender com alteração das suas peças (jogadores) como num jogo de xadrez. Nuno Espírito Santo saiu-se melhor com Soares do que Jorge Jesus com Matheus Pereira. A alteração forçada de William Carvalho (castigado) por Palhinha mostrou a falta que faz o internacional no meio-campo.
A primeira parte foi do FC Porto, mas a segunda parte como já tinha acontecido na Luz com o Benfica foi só Sporting. Isso prova a capacidade de Jorge Jesus de motivar os seus jogadores. As suas palavras no balneário e as suas correcções tornaram um Sporting dominador e perigoso.
O remate de Adrien à trave foi o prenúncio que o Sporting poderia dar a volta ao resultado. Alain Ruiz marcou e o Dragão tremeu e sofreu.
O destino do jogo foi traçado pela cartada de Nuno Espirito Santo de meter Soares e do "Santo Dragão Casillas" que fez duas grandes defesas, a última no fim do jogo.
O FC Porto venceu mas não convenceu e não ganhou para o susto. O Porto é uma equipa em sofrimento, insegura que lhe falta confiança para se aguentar.
O Sporting perdeu mas deu a sensação que poderia ter mudado o rumo dos acontecimentos. O empate seria o resultado justo.
Nuno Espírito Santo com os seus óculos e a forma de falar pausada parece um intelectual. Nuno Espirito Santo fala consigo próprio e é o seu principal assessor. Todavia, o FC Porto precisa de alguém menos erudito e mais popular.
Jorge Jesus é um treinador que constrói a sua filosofia de jogo de forma activa e gosta de comandar equipas que nunca se rendam.
O Sporting, depois daquele jogo fabuloso contra o Real Madrid, quebrou e perdeu ânimo. É pena! Se não houver desavenças entre o Bruno Carvalho e Jorge Jesus, o Sporting só tem a ganhar em manter este treinador.
O FC Porto sem convencer, lá vai. O vencer ajuda muito a esconder algumas carências. O título está relançado para o Porto. O Sporting fica para as deixas e o que sobrar.
Fundador do Clube dos Pensadores
*escrevo ao abrigo do antigo AO