Sérgio Conceição tem feito um trabalho notável no FC Porto, um trabalho que vai para lá do desempenho do grupo dentro das quatro linhas. No plano competitivo, a equipa produz o futebol mais consistente em Portugal; há jogadores que voltaram aos patamares exibicionais que justificaram as suas contratações – falar de Brahimi será o mais fácil, mas prefiro centrar-me em Herrera, Aboubakar ou até Marcano –; por força dos desempenhos o Dragão voltou a ser uma fortaleza; e no que diz respeito ao discurso… Pinto da Costa tem estado descansado. Nesse particular, o treinador do FC Porto tem uma virtude com que me identifico completamente: não manda dizer nada por ninguém, é frontal, prescinde de advogados de defesa. Porém, como aconteceu agora, ter o coração ao pé da boca tem os seus custos e mesmo que tenha vindo afirmar posteriormente que não foi feliz ao referir-se a parceiro de profissão (Rui Vitória), a verdade é que não foi explícito no pedido de desculpas e a história do boneco fica como uma das mais fortes desta Liga. Ou seja: o efeito da ‘ofensa’ dominará a competição quando se fizer a sua história, embora Conceição tenha, com habilidade, emendado a mão.
E não estando convencido que unanimemente seis milhões de benfiquistas tenham ficado furibundos com a ‘ofensa’ de que foi alvo o seu treinador, a minha convicção é a de que ao virar da esquina, quando um qualquer árbitro meter os pés pelas mãos, teremos, numa outra versão, um ‘remake’ da história do boneco. Eventualmente, até, com novos padres…