Floresta de pernas

Leonor Pinhão
Leonor Pinhão

De 'Jorges Mendes' a 'Aurélios'

Assim que viu afastada a Alemanha na meia-final, a Federação gaulesa providenciou um autocarro de caixa aberta, decorado com as cores do triunfo que não lhe escaparia neste Campeonato da Europa. O festivo meio de transporte destinado a passear os jogadores franceses pelos Campos Elísios na noite do último domingo foi fotografado e filmado na sua viagem desde a garagem até às imediações do Stade de France onde, tal como estava previsto, recolheria os seus laureados passageiros. Nos dias que antecederam a final, os anfitriões do evento não se coibiram de considerar o jogo que tudo iria decidir como já decidido. Era um pró-forma logístico.

No fim, a França perdeu. Morreu pela boca e não é a primeira vez que uma equipa de futebol se vê gloriosamente acabrunhada por um desfecho contrário às previsões dos seus maiorais, dos seus publicistas e dos seus adeptos inevitavelmente contagiados pela histeria reinante. Os responsáveis portugueses, inteligentemente, optaram pelo silêncio que é de ouro e deixaram o adversário festejar o título e programar as festividades sem um remoque. Em termos públicos, foi o presidente do Sporting o único a deixar-se levar pelo orgulho ferido da nação perante o triunfalismo no campo adversário: "Tenho sentido arrogância do outro lado", disse. E disse muito bem embora se possa considerar que não será ele, propriamente, a pessoa mais indicada para apontar o dedo a quem quer que seja em matéria de triunfos dados como adquiridos, visto que ainda há coisa de poucas semanas inaugurou, com pompa e muita imprensa, no museu do seu clube o espaço destinado a albergar para a eternidade o troféu correspondente ao título de campeão nacional da época de 2016/2017 que só começa daqui a um mês.

O Benfica arrancou com um empate sem golos num jogo com alguns momentos de animação tendo por adversário o Vitória de Setúbal. A curiosidade dos adeptos centrava-se, naturalmente, nos reforços. Confesso que a minha curiosidade estava toda posta em Paulo Lopes, o guarda-redes obrigado a ser titular tendo em conta que Ederson e Júlio César não estão operacionais. E esteve muito bem o Paulo Lopes durante o jogo e nas grandes penalidades. Eis uma excelente notícia.

A nossa equipa nacional lá trouxe de França a taça comprovativa do título europeu conquistado e logo deixou de ser a equipa dos ‘Jorges Mendes’ – lembram-se? – para passar a ser a equipa dos ‘Aurélios’. Oh, Éder, que milagre!
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