Ganhar na Letónia, convenhamos, não é nada de especial. Da mesma forma que, dias antes, no particular com Chipre, também foi normal golear. Mal seria se os portugueses se admirassem por ultrapassar adversários da terceira linha do futebol europeu...
Mas, não deixando de realçar a escassa valia dos opositores recentes, talvez seja de recordar um passado não muito distante em que, ciclicamente – e apesar de contarmos com jogadores incomparavelmente mais evoluídos que os adversários –, acabávamos por falhar as fases finais das principais competições exatamente por, aqui e ali, tropeçarmos em rapaziada tipo letões e cipriotas. Anos depois, com novos regulamentos e após muito sofrimento, lá se arranjavam simpáticas repescagens para evitar males maiores.
Portugal tem uma Seleção forte há muito, mas só agora passou a meter respeito a quem nos defronta e até aos que vão observando indiretamente os feitos da formação nacional.
Longe vão os tempos em que nos apelidavam de campeões do futebol sem balizas. Portugal tornou-se uma seleção ‘fixa’ nos Mundiais e Europeus e não vai lá só para fazer o melhor possível. Joga sempre a pensar no triunfo final, sabendo que não somos os únicos nessa condição. Mas, até ao Euro de França faltava sempre algo. Pois bem, o mítico pontapé de Eder não só deixou os franceses no chão, como atirou para longe a teimosa dose de fado que parecia impedir-nos de ir mais além.
Com o enguiço quebrado, Portugal é uma Seleção diferente, mais confiante e segura de si. Na Letónia, mesmo com o 0-0 a subsistir até perto do intervalo, ninguém perdeu o foco. Em Riga, como em casa de todos nós, sabia-se que o(s) golo(s) – e a vitória – seria uma questão de tempo. Agora, jogamos e vencemos como as grandes equipas: com autoridade, sem tremideiras e com a certeza de que somos melhores que a maioria e tão bons como os históricos. E, claro, temos um fenómeno que não é do Entroncamento, mas da Madeira. Se tivesse jogado na Suíça talvez este apuramento fosse ainda mais seguro. Para já, a Taça das Confederações é mesmo para ganhar...
