Nuno Félix
Nuno Félix Scout internacional

Gyökeres: O Viking não vai perdoar!

Verdadeira força da natureza, chegou, impôs-se e deixou uma marca no Sporting, que pode tornar-se numa cicatriz. Viktor Gyökeres foi tão mais marcante para o clube dentro de campo, como o está a ser fora dele.

A sua saída era inevitável e poderia até ser bondosa para o clube sob tantas formas... No entanto, estamos a assistir a um processo de venda não estruturado, mais emocional do que racional, e que é tudo menos blindado.

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É um verdadeiro leilão de porta aberta, alimentado por fugas de informação, contradições internas e mensagens trocadas por WhatsApp que rapidamente se tornam que circulam por meia Europa.

Um verdadeiro caso de estudo sobre como fragilizar a posição negocial de um clube de topo. Um manual de más práticas para todos aqueles que são, ou ambicionam vir a ser, dirigentes de um clube profissional de futebol.

Como alguém que acompanha de perto os bastidores dos mercados do centro e norte da Europa, onde a palavra ainda vale mais do que a cortina de fumo midiático, custa-me ver o Sporting a perder o controlo desta operação. Para mais, pela mão do presidente mais titulado da sua história, mas cujos contratos que assina parecem esbarrar nas reuniões privadas que tem, nas mensagens que troca... e vice-versa!

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O mercado lê tudo. Os clubes compradores, os diretores desportivos, os representantes dos jogadores, todos percebem quando um clube é ou não resistente à "pressão negocial" e toma decisões mais com base no momento do que na estratégia. Basta ver o que se passou nas últimas horas: Varandas a declarar "-Gyökeres não sai por 60 mais 10!" (recuando na promessa feita ao jogador na época passada), e logo surge a notícia, e de fonte credível, que o Arsenal já tem um acordo salarial com o jogador.

O sueco por mais milhão menos milhão sairá de Alvalade.

Mas as nódoas negras desta história ficam para lição futura e serão marca negocial que arrisca afetar futuras operações.

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Como pode o Sporting negociar com firmeza outros alvos, ou demais saídas de jogadores igualmente cobiçados, quando os seus interlocutores sabem que o clube não soube controlar o seu dossier mais prioritário? Com os valores da operação a serem negociados na praça pública, e a serem tema de especulação diária!

Esta atrição desgasta o clube, retira autoridade à sua estrutura e transmite a ideia de que, mais do que a liderar o processo, o Sporting está refém dele.

No norte da Europa, de onde o Viktor veio, não há lugar para este tipo de gestão negocial. Por lá, a confiança constrói-se com coerência. E quando um jogador sente que foi empurrado para decisões de continuidade com promessas que não estão a ser respeitadas, ele não ficará a olhar para ontem, e certamente avançará com firmeza noutra direção. Não esperem delicadeza do viking.

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Gyökeres não vai perdoar. E o mercado também não.

Por Nuno Félix
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