A contratação de Giorgi Kochorashvili, médio internacional georgiano do Levante, foi um primeiro indício. Mas é a recente aproximação a Luís Suárez, goleador do Almería, que permite desvendar, de forma clara, a estratégia de mercado do Sporting para este verão.
A SAD liderada por Frederico Varandas está a operar com um princípio estruturante: investir com garantia de rendimento imediato no contexto da Liga Portugal.
A aposta é agora em jogadores provenientes de ligas identificadas como tendo um estilo de jogo e cultura táctica, um nível competitivo e salarial, que mais se aproximem o mais possível da Primeira Liga portuguesa.
E a Segunda Liga espanhola destaca-se no mapa dessas oportunidades.
Ao contrário de mercados tradicionalmente inflacionados — como o francês ou o sul-americano —, a LaLiga Hypermotion reúne condições ideais para o perfil de atleta que o Sporting procura: experiência acumulada num contexto competitivo exigente, mas ainda com margem de progressão por nunca tenham disputado as maiores competições europeias e, claro está, preços ainda comportáveis. Luís Suárez é, neste contexto, o alvo mais ambicioso: um avançado poderoso de 27 anos, no auge da carreira, com um histórico comprovado de golos e capacidade para encaixar de imediato no sistema de Rui Borges, seja ele o 3-4-3 ou o 4-4-2.
A opção por este segmento do mercado representa também uma inflexão estratégica. O Sporting, que no passado apostou forte no recrutamento de jovens com potencial de revenda — muitas vezes oriundos de campeonatos periféricos ou de formações de menor dimensão no contexto nacional —, está agora a dar primazia ao rendimento desportivo imediato.
A aposta é clara: ganhar títulos nacionais para depois valorizar os atletas com o carimbo de campeões, aumentando assim o retorno financeiro sobre um pódio de sucesso desportivo consolidado.
Ao eleger a Segunda Divisão espanhola como "target market/mercado alvo", o Sporting não fecha portas à juventude nem ignora o mercado global, mas assume que o presente é a sua prioridade e urgência.
Esta parece ser uma lógica pragmática: primeiro conquistar, depois rentabilizar.
O futuro de Luís Suárez em Alvalade ainda está por decidir, mas a lógica que sustenta o seu eventual ingresso parece, essa sim, bem definida. Ficam as dúvidas sobre se estes "craques" da segunda divisão espanhola não acabarão por se revelar "curtos" para jogar Champions... não teremos de esperar muito para descobrir.
Por Nuno Félix