O rei do pó de tijolo 

Escrevo este texto sem saber se Rafael Nadal irá jogar em Roland Garros este ano, mas já com a certeza de que não fará qualquer torneio de preparação. 

Lembro-me perfeitamente da primeira vez que vi Rafa jogar. Um encontro de pares junto a Tommy Robredo, na Taça Davis de 2004. Não me perguntem como nem porquê, mas aquele rapaz de quem eu nunca ouvira falar, de manga cava, corsários e bandana na cabeça, cativou-me ali e nunca mais deixei de o seguir. Todos sabemos o que se passou daí para frente, mas aquele rapaz que joga com a mão esquerda e escreve com a direita, hoje com 38 anos e uma quantidade generosa de lesões, corre contra o tempo e contra o seu corpo para poder estar na ''sua terra'' uma vez mais. 

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Seria a 19ª aparição de alguém que ali levantou o troféu por 14 vezes, e sim, só se joga uma vez por ano.

E se este ano as câmaras estiverem no túnel de acesso ao court e Rafa lá estiver a correr e a saltar com ganas de ouvir o seu nome enquanto o seu adversário treme por estar prestes a enfrentar uma das missões mais difíceis que o desporto tem para oferecer, não interessa o resultado porque Nadal já ganhou. E eu vou estar em frente à TV a vê-lo em todos os jogos, a perder a noção de onde estou e de com quem estou, ao gritar "Vamos!" a cada ponto daqueles que incendeiam o court de tal forma que se estivermos de olhos fechados, apenas com o som percebemos que tal ponto tem o seu carimbo. 

Parece tão difícil imaginar Nadal a vencer o torneio este ano, mas quantas vezes já não pareceu antes?

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A história seria bonita, mas a realidade de que os anos passam por todos é inegável. 

Ainda assim, apraz-me relembrar que está uma estátua de Rafa em frente ao estádio. E essa vai continuar lá, e os anos não vão passar por ela.

Autor: João Raimundo, 30 anos, Empresário 

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