Sandro Pinto: «Guarda-redes são o pesadelo dos avançados»
Treinador dos guardiões Sub-17 indianos na Prova Oral

Chama-se Sandro Miguel Araújo Pinto, tem 21 anos e é natural de Lisboa. Ocupa actualmente o cargo de treinador de guarda-redes da selecção Sub-17 da Índia e hoje está na Prova Oral do Record.
1 – És treinador de guarda-redes, aquela posição que ninguém gosta quando se começa no futebol. Como nasceu essa paixão?
Não demorou muito até esta paixão aparecer. Tenho dois primos que são guarda-redes e tenho uma ligação muito forte a eles. Trato-os como irmão. Acompanhava todos os jogos deles e não foi difícil adquirir esta paixão forte.
2 - Tens uma academia e neste momento estás a trabalhar com a Seleção sub-17 da Índia. Como surgiu esta possibilidade, sendo tu tão novo?
Esta oportunidade surgiu por parte do Hugo Martins, o treinador-adjunto aqui da seleção. Este ano já nos tínhamos defrontado no Campeonato Nacional de Juniores, ele conhecia o meu trabalho e convidou-me para este projecto aliciante.
3 - Ainda há uns tempos surgiste nas páginas do Record ao lado do mister Norton de Matos, precisamente numa reportagem quando ele assumiu o cargo de seleccionador dos Sub-17 indianos. Como é trabalhar como uma figura como ele?
É ótimo trabalhar com o mister Norton de Matos. É uma pessoa sábia, que tem muita experiência, sempre disposto a conversar e a trocar ideias. Assim, todos os dias se tornam em pura aprendizagem. É um privilégio poder trabalhar com ele.
4 - E como está a ser esta experiência a nível cultural. Devem existir muitas diferenças…
Ainda me estou a adaptar aos poucos. É claro que existem muitas diferenças desde a alimentação até aos próprios rituais antes dos jogos. Mas são pessoas muito simpáticas e prestáveis. E todos eles gostam de bons momentos de partilha. Isso é fantástico.
5 - Tu és muito jovem, não deverias estar a jogar em vez de estar a ensinar a jogar?
Essa é uma boa questão. Acho que na vida temos de ser sinceros connosco e não vale a pena estarmos a tentar enganar ninguém. Na verdade o meu jeito para jogar nunca foi muito e como sempre acompanhei o meu pai nas suas equipas, comecei a ganhar gosto pelo ensino. Certo dia cheguei a casa e disse aos meus pais que queria deixar de jogar e queria ser observador estatístico da equipa do meu pai. Ele aceitou e a partir daí começou a minha aventura como técnico.
6 - Quais são as tuas grandes referências a nível nacional e internacional no posto de guarda-redes?
Como técnicos tenho de referir Emídio Rafael (CD Nacional), Fernando Justino (FPF), Pedro Espinha (Lyn), Ricardo Pereira (Standard Liège), Vital (Sp. Braga), Luís Esteves (SL Benfica). Felizmente tenho a oportunidade falar com todos e poder partilhar ideias com os mesmos. E isso é algo excelente para o meu crescimento. Como guarda-redes José Moreira (Estoril) e Buffon (Juventus).
7 - Vi também uma passagem tua pela Algarve Cup com os Rangers. Quero saber tudo sobre isso...
Os Mt Druitt Rangers FC (Austrália) foi mais uma grande oportunidade de poder vivenciar uma boa experiência, com uma equipa de Sub-11 e Sub-12. Uma oportunidade que surgiu por parte do mister Felipe Pereira. Foi onde usufrui ao máximo e onde também pude evoluir e ajudar guarda-redes que tinham pouco conhecimento do treino específico. E foi mais uma nova cultura, que se tornou num grande momento de aprendizagem.
8 - Sendo guarda-redes tens menos sucesso com as miúdas do que um avançado. Como consegues tornear estas dificuldades?
Não creio. Na verdade sou um pouco sem jeito, mas felizmente tenho uma namorada excelente. Companheira, amiga e sempre disposta a entrar nas minhas brincadeiras e aventuras. Não posso dizer que esse se tornou um ponto difícil para mim.
9 - Jovem, longe de casa. Quantas marmitas de comida levas no avião com comida da mãe para a Índia?
Não trouxe nada comigo, apenas aquele enorme abraço e um beijo de força e de boa sorte.
10 - Qual o teu grande objetivo de carreira?
Sou uma pessoa de muita fé, que acredita que Deus nos pode trazer um amanhã melhor. Tenho os meus objetivos é claro. Gostava de um dia poder estar num grande clube e poder ser treinador de elite e alinhar nos grandes palcos.
11 - Qual é o maior pesadelo de um guarda-redes?
Um guarda-redes não tem pesadelos. O guarda-redes é um pesadelo para os avançados. Somos homens de raça e coragem!
12 – Para terminar não podemos esquecer quem te ajudou. É a tua altura de agradeceres…
Tenho de agradecer, sem dúvida, a NGA Soccer! O Nélson e o Carlos são pessoas excelentes que tem dado um bom contributo e ajuda ! Sempre tive a oportunidade de ser bem aconselhado. O projecto da Academy GK surgiu da minha prova de aptidão profissional, no término do meu Curso de Gestão Desportiva na Escola D. Dinis. E depois de terminar os meus estágios na geração Benfica Estádio e no Sporting Clube de Braga. Abrir a Academy GK foi o concluir de um sonho. Poder ter a minha escola de guarda-redes e poder levar aos mais novos a minha paixão é sem dúvida um privilégio enorme.