Se as Skechers Aero Burst nos tinham agradado, a verdade é que o modelo que nos conquistou em absoluto foram as Aero Spark. Curiosamente, aquelas que apresentam o preço mais competitivo dos três - 125€, contra os 155€ das Burst e os 170€ das Tempo. E aqui fazemos um disclaimer, mesmo antes de lançar a terceira review. A nossa hierarquia de preferências é diretamente inversa ao valor dos modelos. Não pelo preço em si, mas mesmo pelas sensações. É curioso, mas também serve para confirmar, uma vez mais, que o mais caro nem sempre é o melhor.
E, para nós, o melhor dos três é mesmo este modelo: as Skechers Aero Spark. A aposta da marca norte-americana para o cada vez mais competitivo mercado dos modelos versáteis, aqueles capazes de render tanto em ritmos mais lentos, como outros mais animados, mas sem comprometer conforto e/ou resposta. As Spark dão tudo isso. E são, confessamos, umas das sapatilhas que mais prazer nos deram este ano. O que acaba por ser curioso, porque quando as recebemos eram aquelas que nos chamaram menos à atenção. Talvez pelo preço mais baixo, mas também porque as Tempo eram bem mais chamativas visualmente pela sua agressividade.
Com um peso ainda algo elevado para o seu segmento (275g), não são as mais leves, mas isso não lhes retira brilho no seu papel. Tal como no caso das Burst, esse peso é meio que dissipado pelo conforto global do modelo, isto apesar de ter uma altura de meia-sola até nem tão elevada como outras opções. São 36mm de altura máxima, para um drop de 6mm.
Em corrida, sentem-se num equilíbrio perfeito entre conforto e um toque interessante de responsividade. A comparação é arrojada, mas andam ali a jogar perto do segmento no qual as Evo SL da adidas se notabilizaram. E isso, acreditem, é um enorme elogio para aquilo que a Skechers conseguiu fazer aqui. Um modelo muito amigável, que torna as corridas em algo bastante divertido. Que é isso que elas devem ser, não é?
Para tal, a Skechers aposta na sua espuma Hyperburst Ice, capaz de entregar uma bem alegre resposta a cada passada, mas também a placa de fibra de carbono em H que já tínhamos visto nas Burst. Tudo conjugado, chega até a ser intrigante o porquê da marca norte-americana ter colocado este modelo como o mais barato dos três, já que, pesando todos os fatores, e até a quantidade de pessoas que preferem algo assim, provavelmente as Spark serão as mais bem sucedidas das três.
Outro ponto a destacar neste modelo é a utilização da borracha de sola Goodyear. Um composto que, conforme dissemos na anterior análise, consegue bater-se de igual para igual com a PumaGrip ou a Continental que temos na adidas. Tanto em tração como em durabilidade, o que é algo incrível para um modelo que, recordamos, é o mais barato da nova coleção da Skechers.
O upper é relativamente respirável e aparenta ser durável. E, como no caso das Burst, este modelo tem o 'plus' interessante de poder ser lavado na máquina de lavar roupa.
Claro que nem tudo podia ser perfeito. Nunca será, nem mesmo no melhor modelo do mercado. As Skechers Aero Spark não fogem a essa regra. O seu grande problema reside na capacidade para se aguentarem em treinos mais longos. Até aos 15 quilómetros - no máximo 20! - respondem adequadamente, dando não só conforto e amortecimento a ritmos suaves, como respondendo de forma super interessante quando lhes pedimos um pouco mais de ritmo. Para lá disso, é quase como se a espuma dissesse "basta". Exatamente o mesmo das Evo SL, curiosamente...
Outro dado menos bom passa pela qualidade dos cordões. Entendemos que o preço mais baixo faz tirar o cuidado em certos pormenores, mas estes cordões são efetivamente um ponto muito fraco de um modelo que globalmente está muitíssimo bem conseguido.
Por 125 euros (só voltamos a repetir o preço agora por alguma razão...) são provavelmente o modelo recente com melhor relação preço/qualidade neste segmento. E, por isso, a Skechers merece um enorme aplauso.