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A imagem de jogadores de futebol a cuspirem em campo entra-nos muitas vezes em casa pela televisão e enoja-nos por vezes pensar que pouco depois o mais certo é algum deles cair precisamente naquela zona do relvado durante o jogo. O futebol é um dos poucos desportos de alta intensidade em que os atletas cospem para o chão, um gesto pouco higiénico que se acontecer na rua merece condenação, mas que no campo acaba por ser 'perdoado'. Então, por que razão cospem os futebolistas?
O portal 'The Athletic' conversou sobre o tema com Jordan Graham, extremo inglês de 30 anos que se encontra desempregado, e com David Prutton, ex-jogador, agora comentador da 'Sky'. E Prutton considerou mesmo que a questão é "brilhante", pois pouca gente fala dela.
"Eu sou definitivamente um 'cuspidor'. Quando me falou nisso fiquei realmente intrigado, é um assunto interessante", começou por explicar Jordan Graham, que até janeiro deste ano vestia as cores do Leyton Orient, na League One, a 3.ª divisão inglesa.
Não é um assunto que seja muito falado, mas Graham, por sua vez, tem uma teoria, "Acho que há algumas razões e a primeira delas é o ambiente. Vês o futebol como uma família e as pessoas que idolatras cospem. De repente estás a jogar futebol e a cuspir. Por isso vês estes miúdos sub-13 a fazer o mesmo. Quando se vê isto diariamente, quase que se torna algo natural para os jogadores e essa é uma das razões pelas quais este hábito se mantém no futebol há tanto tempo."
"É quase um gesto mecânico", acrescenta Prutton.
Ambos concordam que não é um tema fácil de se falar. "É do género 'tenho uma pausa no jogo, vou ajustar os calções, as meias, a camisola e... a minha boca'. Para a maioria das pessoas, se vais na rua e vês alguém cuspir para o chão a primeira reação é 'Oh meu Deus, que raio estás a fazer?' Há uma série de coisas que acontecem no futebol que, se sucedessem noutras áreas da vida, seriam inaceitáveis. Se corres e gritas na cara de uma pessoa 'vai-te f...', no futebol levas um cartão amarelo. Mas na vida real és despedido", constata Prutton.
Graham explica que o problema é precisamente falta de saliva. "Às vezes a boca fica seca, ou porque ingerimos demasiada cafeína, gel de hidratos de carbono, ou simplesmente porque estamos nervosos. E queremos ter saliva de novo na boca. Ao cuspir ela volta", explica o futebolista.
"Tenho a certeza as pessoas identificam-se com situações, que não são apenas do futebol, em que se tem uma sensação quase como se estivesse a vomitar e se sente falta de saliva. Depois começa-se a tentar cuspir para tentar recuperá-la. Por vezes no futebol há momentos de alta pressão em que isto pode acontecer, seja para entrar em campo numa estreia, para marcar um penálti ou numa oportunidade no último minuto do jogo. Há muitos fatores que levam as pessoas a cuspir durante o jogo e é um hábito que vai permanecer durante muito tempo. Porque quando se está a crescer e se está naquele ambiente todos os dias, as pessoas fazem-no constantemente, é difícil erradicá-lo. É propositado, acreditem ou não. Mas consigo definitivamente compreender porque é que o típico adepto de futebol pensa 'que raio estão eles a fazer?'", continua o jogador.
Cientificamente também há uma explicação, segundo revela Guy Carpenter, professor universitário, ao 'The Athletic'. "Há estudos em que foi analisado o que acontece à saliva quando se faz exercício e algumas pessoas mostraram que há um aumento na quantidade de proteínas que saem das glândulas salivares. Algumas destas proteínas são as que conferem à saliva aquela propriedade pegajosa e viscosa. E estão presentes em todas as mucosas do corpo, nos pulmões, no intestino, nos olhos, em todo o lado. São as glicoproteínas que ajudam a prevenir a secura da mucosa, porque toda a mucosa entra em contacto com o ar de alguma forma, por isso é propensa a secar", explica Carpenter.
"Estas glicoproteínas ajudam a reter água, o que proporciona a sensação normal de hidratação, mas, ao mesmo tempo que se faz exercício, respira-se com dificuldade, e isso provoca uma secura considerável. Por isso, é possível que a espessura da saliva se altere devido ao efeito de secura do ar provocado pela respiração pesada", sublinha ainda o professor.
Mas no futebol cospe-se e em outras modalidades de alta intensidade não. Mesmo sendo pouco higiénico, parece que é um hábito que está para ficar...
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Portal 'The Athletic' falou com jogadores e um professor universitário para analisar a questão