A polémica envolvendo 15 jogadoras da seleção espanhola de futebol feminino continua a dar que falar em Espanha e esta sexta-feira viu ser-lhe acrescentado mais um capítulo. Em comunicado oficial, partilhado pela imprensa desportiva espanhola, as internacionais decidiram desmentir a nota oficial emitida na noite de ontem [quinta-feira] pela Federação Espanhola de Futebol (RFEF), assumindo que nunca renunciaram jogar pela seleção nacional do seu país, bem como a demissão do selecionador Jorge Vilda.
"Nós, jogadoras, lamentamos, em primeiro lugar, que a RFEF tenha tornado pública, de forma parcial e interessada, uma comunicação privada, com informação que nos afeta a todas - pois faz parte da nossa intimidade -, remetida em resposta à petição que a própria Federação lançou para saber quais das jogadoras não queriam ser convocadas. Comunicação à qual, aliás, não recebemos uma resposta formal", começaram por referir, continuando: "Em segundo lugar, em momento algum renunciámos à Seleção Espanhola de Futebol tal como assinala a RFEF no seu comunicado oficial. Como dissemos na nossa comunicação privada, mantivemos, continuamos e vamos continuar a manter um compromisso inquestionável com a Seleção Espanhola."
Na mesma nota, as jogadoras referem que "nunca" pediram a demissão do treinador, deixando claro que a insatisfação demonstrada não é um "capricho" ou um ato de "chantagem" para com a Federação.
"Nunca pedimos a demissão do treinador como foi comentado. Entendemos que o nosso trabalho não é, de forma alguma, escolher tal cargo, mas expressar de forma construtiva e honesta o que acreditamos que pode melhorar o desempenho do grupo. Alguém pode pensar que, oito meses antes de uma Mundial, um grupo de JOGADORAS DE GRANDE NÍVEL, que é o que nos consideramos ser, colocar esta opinião, como tem sido publicamente implícito, como um capricho ou chantagem?", apontam, acrescentando: "Pedindo para não sermos convocadas, penalizamos a nossa carreira profissional, a nossa economia e também impedimos de continuarmos a construir algo importante no futebol feminino. Porque chegar onde estamos agora exigiu anos de esforço de muitas pessoas. E ainda há muitas coisas para melhorar como temos vindo a mostrar recentemente."
Como nota final, as internacionais espanholas sublinham não irão tolerar o "tom infantil" com que a RFEF acabou o seu comunicado oficial, lamentando as proporções que o assunto tomou. "Da nossa ambição como jogadoras, lutadoras e vencedoras, queremos apenas poder alcançar novamente o máximo sucesso profissional e pessoal. Por último, mas não menos importante, não toleraremos o tom infantil com que a RFEF concluiu a sua declaração oficial. Lamentamos que no contexto do desporto feminino tenhamos que chegar a este extremo, como infelizmente já aconteceu noutras seleções nacionais e noutros desportos historicamente a nível mundial, de forma a avançarmos num projeto profissional poderoso e ambicioso para o presente e para as gerações futuras", pode ler-se.
Por Record