Rui Patrício colocou um ponto final na carreira esta semana e hoje, sexta-feira, foi homenageado na Cidade do Futebol, numa cerimónia onde falou com os jornalistas e garantiu que quer ficar ligado ao futebol, pouco depois de Pedro Proença ter revelado que o antigo guarda-redes terá um cargo na Federação Portuguesa de Futebol.
"É lógico que é um dia marcante, mas é um dia de muita consciência. Senti que era o momento certo para o fazer e estou muito feliz. Estão aqui muitas pessoas importantes para mim e há muitas mais que não puderam estar presentes. Mas todos foram muito importantes na minha vida e carreira e agradeço uma vez mais a todos", começou por dizer Rui Patrício, numa cerimónia onde também estiveram presentes nomes como Fernando Santos, Paulo Bento, Roberto Martínez, Ricardo, Éder, Adrien ou Frederico Varandas.
O regresso a Portugal foi ponderado?
"Não. Tomei a decisão de deixar o futebol agora porque quis. Podia ter continuado a jogar, mas queria terminar agora. Comecei aos 18 anos na alta competição, muito novo, e senti que era o momento de parar. Quero fazer outras coisas, poder estar com os meus filhos, e então tomei esta decisão. Estou muito feliz com ela. Foi algo muito ponderado".
Vai manter-se ligado ao futebol?
"Sim... Quero ficar ligado ao futebol, mas neste momento estou a aproveitar um bocadinho aquilo que não tive com a minha família e com os meus filhos. Quando sair daqui, por exemplo, vou para a festa de Natal dos meus filhos. São estas pequenas coisas que estou a aproveitar e é isso que vou fazer. E depois, sem dúvida que vou continuar ligado ao futebol".
Pedro Proença disse que terá um cargo na Federação. Pode revelar-nos qual vai ser a sua função?
"Não, isso ainda não... Ainda não falámos sobre isso. O dia de hoje é especial para mim e é preciso desfrutar, sem se falar do que se vai ou não fazer na Federação. O mais importante é agradecer a todos os que estiveram aqui presentes e a todos vocês também. Muito obrigado, é sem dúvida um dia muito importante para mim e só tenho de agradecer a todos".
Consegue explicar-nos em quem se inspirou no início da carreira?
"Acompanhava sempre os guarda-redes portugueseses, que na altura [em que iniciei] era o Vítor Baía. Depois, quando cheguei ao Sporting, eram o Nélson e o Tiago. E tive a sorte de trabalhar com eles mais tarde. Fui também muito daqueles que via. Como via o Vítor Baía a jogar, o Nélson, o Schmeichel, foram experiências para mim".
Alguma vez esteve próximo de deixar o Sporting para uma grande transferência?
"São coisas das quais nem quero falar, porque coisas que podiam ter acontecido e não aconteceram são passado. Estou numa nova fase da minha vida. Se gostava de ter jogado noutro clube? O que tinha para jogar joguei. A minha vida foi assim, a minha carreira foi assim, e estou muito feliz por isso".
Qual foi a melhor defesa da sua carreira?
"Acho que foi contra a França [na final do Euro'2016], até pelo impacto que teve...".
Qual o peso de ter vestido a camisola da Seleção? Acredita que Portugal pode ser campeão do mundo? Sente pena de não poder lá estar?
"Não, eu já decidi acabar a minha carreira e, acabando agora, era impossível estar lá. Mas acredito que é muito possível. Temos uma grande equipa, grandes jogadores, um grande selecionador, uma grande estrutura, tudo para conseguirmos ser campeões do mundo. E espero mesmo, como português, que consigamos festejar este título que é o sonho de todos nós. E agora, a ver de fora, acho que vou sofrer ainda mais... Agora vou sentir na pele o que todos vocês também sentiam. E com umas cervejas na mão também...".
Sai com o sentimento de dever cumprido? Há algum ponto alto na sua carreira?
"Saio muito satisfeito com o que fiz e por finalizar agora a carreira, foi algo pessoal e fui eu que tive o poder de dizer. Podia ter continuado, mas não o quis fazer. Apesar de ter convites. Todos os momentos foram muito bons. Os positivos, os negativos. Fizeram-me crescer muito. Desde que comecei a jogar até ao dia de hoje, estou muito orgulhoso de tudo o que fiz".
Que legado deixa?
"Não gosto muito de falar do que fiz. Acho que isso está demonstrado. O que fiz, a pessoa que fui e a pessoa que sou. Quem me conhece sabe o que sou. O que deixo aos jovens é o exemplo de superação. Vão existir sempre muitas dificuldades para quem começa e é superar isto tudo. A vida é de superação. Há momentos bons, menos bons, e o mais importante é saber o que queremos na vida, o que queremos conquistar, e acreditar nisso e dar sempre o melhor".
Há algo de que se arrepende?
"De nada. Estou muito orgulhoso do que fiz e saio de coração cheio".
Por Francisco Guerra