Julio Velázquez assumiu esta quinta-feira que nunca na sua carreira de treinador passou por uma situação similar àquela que se vive no plantel do V. Setúbal, numa conferência de imprensa na qual considerou ainda ser muito pouco provável que o duelo com o Sporting seja realizado no sábado.
"É a primeira vez que me acontece uma situação destas em 23 anos que treino. É difícil e não se trata de uma questão desportiva, mas de integridade física e saúde, que está acima de tudo. Quero sempre jogar, ganhar, mas falamos de um desporto em que o mais importante são os adeptos", começou por apontar o espanhol.
"Jogar com três jogadores e os juniores não é digno de uma competição que está, em minha opinião, entre as seis melhores ligas da Europa. Não acredito que este jogo se jogue no sábado. Seria incrível! Todos queremos que se fale bem da Liga e situações como esta não podem acontecer. Não gosto de brincar e não gosto de conferências de imprensa para falar de saúde, mas de situações táticas. Não acredito que uma equipa com a dimensão e a história do Sporting queira jogar contra uma equipa que não está debilitada, está morta. Fica impossível. Já tivemos problemas no jogo de Famalicão. Nestas situações vão incubando", explicou.
"O que aconteceu ontem, anteontem e hoje é incrível. Nunca vi uma situação igual. A racionalidade leva-me a considerar que o jogo tem de ser adiado. Não há outra opção. Não só pela saúde dos jogadores como pela imagem da Liga. É uma Liga de primeiríssimo nível em que todos fora de Portugal falam bem e não pode haver um episódio como este e fazer uma brincadeira, como seria o jogo de sábado. Espero que a coerência e racionalidade leve a adiar o jogo e fazê-lo numa data em que as duas equipas possam", frisou.
E no caso de o jogo ter mesmo de ser realizado no sábado, que equipa os sadinos apresentarão? Velázquez assume que ainda nem pensou nisso... "Não imagino que isso possa acontecer. Não acredito que uma Liga de nível como a portuguesa, com uma equipa de máximo nível mundial como é o Sporting, possam permitir que haja jogo. É sentido comum e coerência. Estou certo que o Sporting faça um exercício de empatia e perceba perfeitamente a situação. A coerência leva-me a achar que o jogo vai ser adiado. Não tenho jogadores e não posso preparar nada. Tenho dois ou três jogadores disponíveis! Ontem estavam cinco e, à noite, já eram quatro. Falei com o departamento médico que me disse que estava com 40 graus de febre. Com dois ou três jogadores disponíveis é impossível. Não perco tempo a pensar nisso neste momento."
Por Ricardo Lopes Pereira