A única traição do Rei

A única traição do Rei

A amizade entre Eusébio e António Simões saltava à vista de todos aqueles que tiveram a oportunidade de se cruzar com estas duas glórias do Benfica. Uma das últimas vezes em que estiveram juntos aconteceu no dia 17 de dezembro, durante a apresentação do livro do ex-extremo-esquerdo, apresentado no Museu Cosme Damião. A cumplicidade era evidente, não tivessem eles sido colegas de equipa durante mais de uma década no clube da Luz, o que em muito contribuiu para torná-los quase inseparáveis.

“Tenho com Eusébio uma bonita história de cumplicidade. Foram cerca de 14 anos e mais de 600 jogos ao lado dele, sempre com muitas alegrias e poucas tristezas. Ele dizia muitas vezes que eu era o irmão branco dele, mas hoje digo que ele era o irmão de todas as cores. Somos duas pessoas que se tornaram numa só”, disse ao nosso jornal o Magriço, de 70 anos, que partilhou com o Rei do futebol português alguns dos momentos mais marcantes da história do Benfica, mas também da Seleção Nacional.

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A notícia do desaparecimento de Eusébio, na madrugada de ontem, foi recebida por AntónioSimões naturalmente com enorme consternação. O antigo internacional português garante que não estava à espera deste desfecho tão cedo, até porque o grande amigo já lhe tinha prometido que não seria o primeiro a partir. “Eusébio nunca me tinha traído, até esta madrugada. Tinha de ser o último da nossa geração a partir, e a verdade é que não cumpriu essa promessa. É um momento muito complicado”, contou-nos.

Um estilo próprio

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Alguns dos melhores anos que Simões viveu na companhia de Eusébio aconteceram durante a aventura que viveram juntos no emblema encarnado. O ex-internacional português recorda-se de um avançado muito à frente do seu tempo, que muitos tinham dificuldade em compreender dentro de campo.

Foi, talvez, devido ao facto de se ter entendido da melhor forma com Eusébio, nos relvados espalhados pelo Mundo, que os dois se tornaram amigos para a vida, praticamente inseparáveis: “Foi um privilégio ter jogado ao lado dele e, mais importante, ter percebido a forma como ele jogava. Era um jogador intelectualmente evoluído e a verdade é que tive de me esforçar muito para conseguir compreendê-lo.”

Ângelo ficou na valeta

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Para Ângelo, a imagem que permanece de Eusébio é o amigo a festejar de forma exuberante no balneário, quando o Benfica se sagrou campeão europeu às custas do Real Madrid, em Amesterdão.

“Foi uma loucura no final do jogo. Com a intensidade dos festejos até caí numa valeta que existia à volta do estádio. Na altura ninguém se apercebeu, e acabei por sair de lá com a ajuda de um polícia. Quando cheguei ao balneário só já havia champanhe a correr. Parece que estou a ver a cara de contentamento do Eusébio”, recorda o antigo defesa.

Sem palavras para descrever a dor que sente, Ângelo assinala que “o homem que se perdeu ainda foi muito maior que o jogador que partiu para sempre”.

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