A saúde debilitada que Mário Coluna mostrou nos últimos dias não resistiu à infeção pulmonar grave que o levou a dar entrada, no último domingo, no Instituto doCoração, em Maputo. O futebol perdeu um dos seus nomes, o Monstro Sagrado.
Símbolo do emblema da Luz, e da equipa que conquistou as Taças dos Campeões Europeus em 1961 e 1962, mas também da Seleção Nacional, o antigo médio mantinha forte ligação ao Benfica, e sempre que podia e que o seu estado de saúde o permitia, deslocava-se a Lisboa para participar em eventos do clube. Foi assim em agosto último, quando esteve de visita ao Museu Cosme Damião e celebrou o seu aniversário num dos restaurantes do Estádio da Luz, tendo pedido à equipa que “melhorasse e ganhasse”. Mas há já algum tempo que Mário Coluna se mostrava cauteloso nas viagens intercontinentais. De tal forma que não esteve presente no adeus a Eusébio, há quase dois meses, apesar da ligação forte, familiar mesmo, que existia entre ambos. Foi aconselhado por médicos e amigos a permanecer em Moçambique, terra que o viu nascer e falecer 78 anos depois.
Nas últimas 48 horas o estado de saúde de Coluna agravou-se de tal forma, que a família optou pelo internamento. O óbito chegou a ser avançado ontem à hora do almoço, devido a paragem cardiorrespiratória. O pior cenário foi adiado, mas apenas por algumas horas. A notícia atravessou o Mundo de forma veloz e a meio da tarde, em Lisboa, foi confirmado o adeus ao Capitão benfiquista. O funeral, nos próximos dias (ainda com data por confirmar), será em Moçambique, e digno de um chefe de Estado.
Reconhecimento
De joelhos. Foi assim que em 2009 Mário Coluna agradeceu, em plena gala de aniversário do Benfica, tudo o que o clube lhe deu. Com o troféu Cosme Damião na mão, o antigo jogador, sempre de trato fácil e sorriso nos lábios, levantou o Salão Preto e Prata do Casino Estoril que o aplaudiu pelo gesto de humildade. Mais um troféu, entre muitos outros, que levou para casa. Este de sabor especial.
Tão especial, certamente, como a águia de ouro que recebeu das mãos de Luís Filipe Vieira, em 2011. Em vida foi também homenageado pelo Governo português, que lhe entregou o Colar de Honra ao Mérito Desportivo.
Uma vida cheia de emoção, profissionalismo, entrega. O futebol despede-se do seu MonstroSagrado. O futebol perdeu um senhor. O senhor Coluna, diria Eusébio.