Maniche: «Luís Filipe Vieira disse-me que tinha de renovar»

MANICHE desfez ontem o silêncio sobre a dispensa para a equipa B do Benfica no início da época. Recordou o momento em que António Simões, director-geral da SAD, lhe comunicou a decisão, no dia da apresentação, e divulgou uma conversa mantida com Luís Filipe Vieira há três semanas, na qual o dirigente lhe disse que tinha de renovar contrato.

"Na última de duas reuniões que tive com ele, realizada há três semanas, disse-me que eu tinha de renovar com o Benfica. O clube propôs-me isso mas não apresentou nenhuma proposta concreta. Quero jogar no Benfica mas tem de ser no plantel principal. Não é para ser emprestado ou vendido, que é o que os responsáveis do clube querem fazer", afirmou o jogador à TVI.

Para Maniche, o que se está a passar é "estranho". "Estou no Benfica desde os 9 anos e vivi isto com alguma mágoa. A primeira pessoa que me falou da dispensa foi o sr. Simões, que no dia da apresentação me comunicou que não fazia parte dos planos de Toni. Curiosamente, nos dois últimos anos fui o mais utilizado do plantel ao lado do Enke e cheguei a capitão".

"A explicação que me foi dada é que os sócios estavam cansados de me ver na equipa principal. Acho uma explicação ridícula", prossegue o médio, que aproveita a deixa para destacar o apoio que tem recebido dos adeptos benfiquistas: "Aproveito a oportunidade para agradecer o apoio dos sócios. Tenho recebido muitas cartas a demonstrar o seu descontentamento pela situação em que me encontro."

Atleta com mais jogos nas duas últimas épocas

A DISPENSA de Maniche no início da época surpreendeu, se tivermos em conta que, somadas as duas últimas temporadas, o jogador português foi o que somou maior número de encontros disputados com a camisola do Benfica. Realizou 54 jogos contra os 52 de Robert Enke que, no entanto, o supera em minutos jogados. Maniche, que na época passada só apontou um golo, foi, no entanto, o segundo melhor marcador da equipa na época 2000/01, atrás de Nuno Gomes e à frente de João Pinto ou Poborsky, com 10 tentos.

Para esta época, as ambições benfiquistas são maiores. Maniche, vítima da pressão da temporada passada, não alivia esse peso dos ombros dos colegas que estão este ano no plantel principal. "O Benfica está mais forte do que no ano passado. Criaram-se muitas expectativas, os sócios têm razões para pedir mais aos jogadores do Benfica", afirmou o jovem jogador.

Para o encontro de hoje, Maniche faz um prognóstico simpático. "Grande clássico lisboeta. Espero que o Benfica ganhe. Vai vencer por 1-0."

Relação atribulada com sócios e Direcção

A RELAÇÃO de Maniche com os adeptos do Benfica sofreu um forte abalo durante a época passada, que terminou em ruptura no final de 2000/01. Os piores resultados da história do clube pesaram sobretudo nos ombros dos jogadores da casa, onde se incluía o jovem médio. Mas foi após um jogo em Campo Maior que tudo se precipitou: Maniche criticou declarações de Manuel Vilarinho (a célebre comparação com a equipa de hóquei) e a atitude dos sócios, acabando punido e de futuro traçado.

Foi relegado para a equipa B, na altura só provisoriamente, multado e afastado durante uma semana. Depois voltou à equipa principal mas não ao coração do terceiro anel, desencantado com as suas prestações. Mas o jogador recusa aceitar que aquelas declarações estejam na base da dispensa: "Vínhamos de resultados negativos. Fomos jogar a Campo Maior e empatámos. Houve várias coisas que se passaram à volta do jogo – dois colegas meus expulsos – e senti-me revoltado. Como capitão de equipa, justifiquei-me com um apelo à união. O meu único objectivo foi ajudar. Depois estive uma semana de castigo na equipa B mas fui reintegrado novamente e voltei a ser capitão."

Paulo Madeira é outro ex-capitão fora dos planos

Paulo Madeira tem em comum com Maniche o facto de ter sido capitão do Benfica, de não fazer parte dos planos da equipa técnica e de ser representado por Paulo Barbosa. O central iniciou a temporada lesionado (apresentou-se de canadianas), chegou a ver-lhe atribuído o número 5 mas acabou fora do plantel oficial do clube, cedendo a camisola ao brasileiro recém-contratado Júlio César.

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