«Acho que não há problemas para o António Silva recuperar, nem há sinal de concussão»

Benfica tem parecido mais confortável em jogos em que não seria favorito. Encontra alguma lógica para isto? Já sabe alguma coisa sobre o António Silva?

"O António saiu lesionado, mas já saiu a caminhar do campo. Claro que nestas coisas, quando as tonturas chegam, mais importante do que o jogo é o homem. Houve logo o sinal. E nem sequer me criou uma situação dramática, porque é uma das posições em que no banco temos um jogador de corpo, preparadíssimo como o Tomás. Acho que não há problemas para o António recuperar, nem há sinal de concussão. Utilizei noutro dia uma expressão como 'não somos uma equipa com grande presença na área'. Quando jogamos contra equipas muito baixas, que se metem lá atrás, o Benfica é uma equipa que está mais habituada a ter bola, a circular, muitos passes atrás, lateralizados, procura pouca profundidade. E talvez seja por aí. Mas o facto de termos estado muito sólidos, equilibrados e sem dar grandes hipóteses de transição ao adversário... O Gil Vicente teve três ou quatro transições perigosas e o Chelsea não conseguiu fazê-lo. Talvez seja um bocadinho por aí. Mas pensando na Champions é bom sinal, dá-nos uma garantia para ir ao Newcastle, a Amesterdão e a Turim com a possibilidade de roubar pontos".

Fim da conferência

«Ríos, que até tem a infelicidade de estar no golo, começo a compreendê-lo melhor»

O que os jogadores fizeram hoje foi dar uma prova de personalidade?

"Acho que sim. A diferença entre dois e três dias de descanso é fundamental. Quando se entra no ciclo de três, quatro jogos seguidos com dois dias de intervalo nunca deixa entrar em recuperações completas. E a jogar sob fadiga, imaginem como se acaba o jogo. Acho que isto deu aos jogadores uma determinada frescura. O apoio fantástico dos adeptos fez-se sentir muito. Stamford Bridge tem uma boa acústica e os azuis não se fizeram sentir assim tanto. Acho que o Benfica criou um ambiente dominador até de fora para dentro, os jogadores sentiram-se confortáveis. Obrigatoriamente, é preciso aumentar os níveis de confiança. O próprio Ríos, que até tem a infelicidade de estar no golo, começo a compreendê-lo melhor. Quando baixa muito, não tem muita qualidade em espaços curtos. Precisa de espaço para jogar. É um jogador com chegada, recupera muito a bola. Até tem sido um bocadinho criticado por causa do número da transferência. Mas também esteve bem. Os três do meio-campo, tanto tempo com amarelo, mostraram capacidade. Fizeram um bom jogo. Não posso dizer que estou contente porque são 0 pontos, mas consigo retirar muitas coisas positivas".

«Aktürkoglu? Benfica fez um bom trabalho em trazer o Lukebakio, é um bom jogador. Esqueçam o Kerem»

O Benfica sentiu a falta de Aktürkoglu?

"O Kerem já não está aqui. O Benfica fez um bom trabalho em trazer o Lukebakio, é um bom jogador. Não fez a pré-época, sofreu uma lesão importante e só fez alguns minutos. Está a voltar. Hoje teve um jogo difícil, contra um jogador muito rápido e agressivo a defender, como o Cucurella. Foi um adversário complicado. Mas o Lukebakio é um bom jogador. Esqueçam o Aktürkoglu".

«Temos três meses para pensar no mercado. Mas não deve ser o treinador a pensar. E temos jovens com muita capacidade»

Tendo em conta o calendário e o que aí vem, como considera as hipóteses do Benfica na Champions? Para jogos desta dimensão, sente falta de jogadores com mais maturidade?

"Ter um banco superjovem também tem as suas belezas, os seus desafios. Todos os grandes jogadores, a determinado momento, foram jovens. Estou sempre contente por colocar jovens a jogar, mas a sua pergunta tem alguma lógica. O Malo Gusto já estava em dificuldade, entrou o [Reece] James, o Garnacho já estava em dificuldade, entrou o Gittens. Estamos um bocadinho limitados. Se tivéssemos o Bah e o Manu, já estávamos a falar de dois jogadores potencialmente para jogar, que dariam um equilíbrio maior. Principalmente agora, que estamos a iniciar outubro. Temos três meses para pensar no mercado ou em algo para ajudar o grupo. Mas não deve ser o treinador a pensar, o treinador foca-se no seu. Mas atenção, temos aqui jovens jogadores com muita capacidade. O sorteio foi muito difícil para o Benfica. Os três pontos obrigatórios, frente ao Qarabag, perdemos, e isso deixa-nos agora numa situação de 0 pontos em dois jogos. O próximo é uma vez mais fora e contra uma equipa de Premier League. Mas uma coisa é o potencial humano, o fantástico potencial do Newcastle, Nápoles ou Real Madrid. Mas hoje jogámos contra uma grande equipa que não foi melhor do que nós. Acho que foi olhos nos olhos e podemos competir contra toda a gente. Pensar na qualificação direta, nos primeiros oito classificados, é muito difícil, mas vamos ponto a ponto e ver se conseguimos ser qualificados. Acredito que sim".

«A minha carreira tomou uma proporção que parece que acham que faço magia para as coisas acontecerem»

Qual o seu desejo de continuar a vencer títulos?

"É ainda maior. Quando vim [para o Chelsea], ninguém esperava nada de mim. Será que ia conseguir... A minha carreira tomou uma proporção que parece que acham que faço magia para as coisas acontecerem. Saí do Manchester United depois de ganhar títulos, saí do Tottenham depois de chegar a uma final, saí da Roma depois de duas finais europeias. Para mim, nunca é suficiente. Se estou aqui é porque gosto de me desafiar, de estar na linha da frente todos os dias. Tenho uma família fantástica e que me motiva. Tenho de trabalhar. Estou desesperado para vencer o próximo jogo".

«Fico com a sensação que o João Pedro deveria ter sido expulso antes»

A que é que o Benfica se pode agarrar? E o que pode aprender?

"O que pode aprender é que tem de meter a bola lá dentro. Se não o fazes, não ganhas. Falámos sobre isso. Para ganhar aqui, tens de ser defensivamente muito sólido e equilibrado, não podes deixar romper o jogo porque eles depois são rapidíssimos. E têm mais velocidade no banco. Tivemos as nossas oportunidades. Ainda não vi no monitor e não sei se são grandes ou enormes, mas oportunidades tivemos. Controlámos bem, saímos bem das zonas de pressão, jogámos bem por dentro. E depois no final eu tento dar nova energia, o Schjelderup na esquerda, Ivanovic na direita - que tem grande dificuldade nas alas, mas tive de colocar alguém no lugar do Lukebakio, e pensei que fresco faria a diferença. É muito difícil. Depois tinha de ser o Barreiro a arriscar algum amarelo em transição [do Chelsea]. Acho que fizemos tudo bem, menos ganhar o jogo e fazer golo. Fico com a sensação que o João Pedro deveria ter sido expulso antes numa bola com o Otamendi, normalmente um jogador com amarelo nem arrisca fazer o que ele fez. Se o Chelsea já estava em dificuldades em 11 contra 11...".

«Receção dos adeptos do Chelsea? Claro que agradeço mas o que me alimenta são os 3 pontos»

Vai para casa sem pontos, mas teve uma receção memorável...

"Sim, mas isso não me alimenta. O que me alimenta são os 3 pontos. Claro que agradeço. Estava focado no jogo. Ainda ouvi o barulho. E claro que já disse que vivo aqui ao lado, encontro-me com eles todos os dias nas ruas. Sei que será uma relação eterna e espero voltar aqui daqui a 20 anos com os meus netos. Faço parte da história do Chelsea e o Chelsea da minha".

«O golo é, talvez, o único erro que cometemos defensivamente»

Deve sentir que o Benfica merecia algo mais...

"Sim, sem dúvida. Começámos bem, controlámos. Não sei se posso dizer que tivemos grandes ocasiões, mas tivemos ocasiões. O golo é, talvez, o único erro que cometemos defensivamente. O Dedic e o Ríos fecharam a mesma zona e deixaram o Garnacho aberto, que conseguiu cruzar a bola. Dito isto, foi um jogo estável, confiante. E tentámos, tentámos e tentámos [chegar ao empate]. Nos minutos finais tentei colocar pernas frescas, tentei um segundo avançado, outro extremo. Vi o Malo Gusto a passar mal. Mas o Maresca tem o Malo Gusto em dificuldades, muda para um jogador ainda melhor. É este o plantel do Chelsea. Mas estou aqui há 10 dias, já fiz quatro jogos. Foi jogar, recuperar, viajar, jogar... Não tenho tido tempo para desenvolver a parte do treino, mas hoje estou muito feliz".

«Este é o melhor jogo que o Benfica faz. Um jogo consistente, sólido e de grande equilíbrio»

Análise ao jogo. O que tira desta noite para o futuro do Benfica?

"Acho que a minha análise é igual à de todos. Fiz televisão para Portugal, França, Espanha, Inglaterra e Itália e todos os jornalistas que me entrevistaram iniciaram de igual modo: a dizer que o Benfica fez um grande jogo. E também acho. Disse aos jogadores, até porque é a minha maneira de ser, uma derrota é uma derrota. Uma derrota jogando pessimamente ou uma derrota merecendo mais, não deixa de ser derrota. Ter jogado bem não nos dá pontos. Mas há perder e perder. E perdendo da maneira que o fizemos não pode ser um ataque à nossa confiança nem crescimento. Tem de ser uma base de construção. O Chelsea é indiscutivelmente a melhor equipa das quatro contra quem eu joguei no Benfica. Com todo o respeito pelo Gil Vicente, Rio Ave e AVS. Este é o melhor jogo que o Benfica faz. Um jogo consistente, sólido e de grande equilíbrio. Cria oportunidades, tem ótimas saídas da pressão, controla muito bem uma equipa dificílima de jogar contra pela qualidade individual e desenhos. Acho que o Benfica fez um jogo muito conseguido. Vamos obviamente com frustração pela derrota. Derrota é derrota. Mas acho que é uma base importante".

Conferência de Mourinho em direto

Siga aqui em direto a conferência de imprensa de José Mourinho, de análise ao Chelsea-Benfica (1-0).