César Peixoto: «Estou na melhor fase, mas se não ganhar dois ou três jogos já não presto»

César Peixoto comenta penálti falhado contra o AVS.
• Foto: Carlos Gonçalves

O trabalho de César Peixoto ao leme do Gil Vicente tem sido muito elogio desde o início da época, não só pelo quarto lugar na tabela, mas também pelo futebol praticado. Apesar de reconhecer que o momento é bom, talvez o "melhor da carreira", o técnico mantém-se com os pés no chão, ciente de que tudo muda rapidamente no mundo do futebol. O objetivo é manter a toada frente ao Tondela, num encontro que marca o regresso à competição ao fim de três semanas de paragem e que coincide com o jogo 100 de César Peixoto na Liga.

Regresso à competição após três semanas: "Já tínhamos saudades de um jogo a sério, diria. Para nós, mesmo os amigáveis encarámos como sérios, porque é aí que experimentámos, mas era importante para nós voltar à competição e voltar da melhor forma. Esta paragem, ao contrário de outras que não foram muito benéficas, assentou-nos bem. Tivemos tempo para respirar, olhar para dentro, trabalhar alguns aspetos que estavam descurados para voltarmos a ser a equipa competitiva. Não podemos olhar para a tabela classificativa, porque às vezes estão lá em baixo, mas dão-nos jogos complicados. Aconteceu nas Aves. Nenhum jogo vai ser fácil. Podemos tornar este fácil em função dos minutos e do que podemos fazer. Temos de encarar o jogo de forma séria e queremos vir com o pé direito e meter a quinta vitória em casa."

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Tondela com novo treinador: "Tem sido recorrente e dificulta o nosso trabalho, a análise ao adversário. Foi com o E. Amadora, foi com o Santa Clara. Agora de novo. Com o Ac. Viseu para a Taça também. É a quarta vez que acontece. Dificulta o trabalho. Dentro do que conhecemos do treinador, fomos ver o que fazia no Boavista e na Grécia, mas sabemos que as estruturas são diferentes, nunca é exatamente igual. Temos de nos preparar e agarrar-nos à ideia de jogo, estarmos focados para o plano para o jogo. Se estivermos bem acredito que vamos estar preparados para vencer o jogo. É uma equipa que, apesar da classificação, tem qualidade. Nas bolas paradas fazem bloqueios. As equipas do Bacci fazem muitos bloqueios e temos de estar preparados. Temos de ter cuidado. Além disso, tem jogadores na frente com qualidade. Rony, Ivan Cavaleiro... Temos de estar focados a 100%, mas, mais importante do que o adversário, somos nós. Se formos a mesma equipa e não abdicarmos da nossa identidade, temos tudo para vencer o jogo."

Impacto da euforia na equipa: "O que está a acontecer é ao contrário. Temos uma equipa humilde, muito trabalhadora, muito focada, não se deslumbram com os elogios. Isso não acontece. Senti a equipa com o peso da responsabilidade de estar no lugar onde está. É normal, é fruto do crescimento. É uma equipa jovem. Espero que a paragem tenha ajudado a ultrapassar isto. Não é por deslumbramento, a equipa é sempre séria. Dá sempre o máximo, não tenho razão de queixa de ninguém, de nada. Os últimos jogos não foram como queríamos. O Santa Clara é boa equipa, tem mérito, nas Aves quisemos guardar o resultado em demasia. Foi dentro destas questões que fomos trabalhando nesta paragem para que a equipa se mantenha fiel aos princípios. Tem sido um dos segredos do nosso sucesso. O problema, que não é problema nenhum, era o contrário de deslumbramento, era peso da responsabilidade. Penso que estamos livres disso."  

Pressão: "Pressão há sempre. Uma equipa jovem, não estando habituada aquele lugar, é normal que sinta. Nas Aves, equipa não tremeu, quis muito ganhar. Podíamos ter feito o segundo golo. Esse foi o momento do jogo. Ia dar-nos a tranquilidade necessário. Entrámos bem, mas agarrámo-nos muito ao resultado porque queríamos muito ganhar. Foi ansiedade de ganhar. Acredito que está ultrapassado e que a equipa não vai tremer. Vai estar forte neste jogo, vai querer vencer desde o primeiro minuto. É o nosso ADN, tentar sempre vencer, sem abdicar dos nossos princípios. Vamos voltar a ser a equipa competitiva que fomos até então." 

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Marca dos 100 jogos na Liga: "100 jogos é motivo de orgulho, é uma marca bonita, espero fazer mais. 100 jogos às vezes bem, outras vezes menos bem. Em contextos menos bons foi quando cresci mais. São 100 jogos de muito trabalho e dedicação. Estou com a mesma fome como se fosse o primeiro." 

Prémios: "Fico orgulhoso que recebamos prémios. É sinal de que estamos no caminho certo e a fazer bem o nosso trabalho." 

Ponto da carreira: "Sobre o meu trajeto, um treinador bom num contexto mau, a probabilidade de as coisas correrem bem é reduzida. Um treinador menos bom num contexto bom a probabilidade de as coisas correrem bem é maior. Podem encaixar me num lado e no outro. Encontrei no Gil Vicente um clube estável, capaz, competente, com estrutura. Deram-me tempo e tranquilidade para trabalhar. Trabalhámos bem o mercado, enquadrámos características dos jogadores que trouxemos dentro do que é o ADN do clube. Facilita muito o nosso trabalho. Deram-nos as condições necessárias para que eu e a minha equipa técnica consigamos pôr em prática o que temos na cabeça para depois acontecer no jogo. É uma conjugação de muita coisa. Se calhar estou na melhor fase da minha carreira, mas isto não me deslumbra, sei que nos próximos dois ou três jogos, se não ganhar, isto que estamos a falar já não conta para nada e já não presto. Tentar melhorar dia-a-dia para irmos crescendo porque as dificuldades vão aparecer, ainda vai aparecer muita dificuldade e temos de estar preparados para dar resposta."

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Insatisfação face ao empate nas Aves: “É sinal de que os adeptos querem mais e é bom sinal empatarmos fora e ficarmos chateados. É sinal de que estamos a fazer bem as coisas. Os adeptos têm sido importantes para nós. Somos a sexta equipa com a melhor assistência. Venham mais. Têm estado presentes. Jogar com adeptos na bancada do que jogar com as bancadas vazias. Eles têm sido muito importantes no nosso trajeto. Queremos muito dar-lhes as vitórias que anseiam, que nós queremos. Por vezes, não conseguimos porque os adversários também jogam. Muito bem estamos nós se empatarmos fora e ficarmos chateados. Esta equipa é humildade, vai trabalhar, vamos dar boa resposta." 

Leque alargado durante a paragem: “Felizmente tenho boas dores de cabeça. Fomos vendo os sub-23 que foram jogando connosco, o Tidjany recuperou de lesão, ou seja, temos uma equipa competitiva, já jogaram quase todos. Penso que só o Mutombo e o Tidjany não jogaram de início. Conto com toda a gente. Não é só palavras. Sabem todos que são importantes em função do jogo, do adversário, em função das características de cada um. Vou usá-los para que a equipa seja sempre forte. Sem a pressão do resultado quando jogamos de semana em semana, foi importante para readquirirmos processos. Se não formos repetindo e relembrando, vão ficando para trás, este tempo foi muito para isso e para dar carga física aos jogadores para voltarem a estar sempre num nível alto e estarem com este andamento. Esta equipa tem muito andamento para a frente e para trás, agressiva na reação à perda, solidária na transição defensiva. Aspetos que acreditávamos que podiam ser importantes e que voltámos a trabalhar."

Por Pedro Morais
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