Rui Jorge reencontra o professor do passe

• Foto: Francisco Paraíso

Rui Jorge regressa amanhã a Vila do Conde, casa onde deu os primeiros pontapés na bola enquanto sénior. É também o dia do reencontro com o homem que o ajudou a aperfeiçoar o passe. Nada mais nada menos do que Carlos Brito, actual treinador do Rio Ave, que em 1991/92 era o capitão vila-condense, actuando a central, bem junto... ao miúdo Rui Jorge.

Carlos Brito recorda com saudade a curta passagem (uma época) de Rui Jorge pelo Rio Ave. "Havia uma diferença de dez anos entre nós. Ele era humilde e tinha vontade de vencer. Possuía bastante qualidade. Mantemos a relação de amizade, embora nos cruzemos menos, devido à distância. Em tom de brincadeira, costumo dizer-lhe que fui eu que o ensinei a fazer certo tipo de passes, pois éramos parceiros nos exercícios a dois com bola. Mais a sério: dei-lhe algumas dicas, mas qualidade já ele tinha", refere o actual técnico do Rio Ave, o qual deseja derrotar amanhã o amigo: "Espero que ele meta muita água no sábado."

O esquerdino habitava num prédio em A-Ver-O-Mar, na Póvoa de Varzim, no qual residiam vários jogadores emprestados pelo FC Porto ao Rio Ave. Rui Jorge partilhava o apartamento com Freitas e Gabriel. O ponto de encontro era o restaurante da mãe de Bino. "Era só uma tasquinha. Por vezes almoçávamos lá todos, pois a comida era caseira", lembra o amigo Bino.

A maternidade portista

Espécie de rampa de lançamento de ex-juniores do FC Porto. Este foi o Rio Ave na época 1991/92, clube que se estreou então na II Divisão de Honra, ficando à beira da promoção (quarto lugar), prémio conquistado por Sp. Espinho, Belenenses e Tirsense.

A equipa técnica veio dos juniores do FC Porto, sendo composta por Augusto Inácio (estreia nos seniores), Custódio Pinto (adjunto) e Vítor Frade (preparador físico). Das Antas vieram nove jogadores (oito ex-juniores): Jorge Silva, Cao, Gabriel, Rui Jorge, Bino, Tulipa, Freitas, Gamboa e Marco Peixoto. O capitão era o central Carlos Brito, actual técnico do clube. No meio-campo evoluía um miúdo das camadas jovens vila-condenses: Paulinho Santos. Rui Jorge fez 31 jogos, marcando dois golos em casa (Ac. Viseu e ao Benfica e C. Branco). "A seis jornadas do fim estávamos na luta pela subida, mas outros valores se levantaram", diz Inácio.

De extremo para defesa com Inácio

O Rio Ave foi a primeira equipa sénior dirigida por Augusto Inácio. Com ele trouxe Rui Jorge e mais sete ex-juniores das Antas. "Vi o Rui Jorge pela primeira vez nos juvenis do FC Porto. Deparei-me com um menino que actuava a extremo-esquerdo. Mais tarde, quando fui treinar os juniores portistas, entregaram-me uma lista da qual ele não constava. Estava dispensado. Lembrei-me dos jogos dos juvenis e disse que queria vê-lo antes da decisão. No primeiro ano de juniores o titular era o Álvaro Gregório. No ano seguinte, por ocasião de ida à Venezuela, agarrou o posto, jamais o largando. No Rio Ave, já como sénior, fez bela época, dando a imagem de que podia tornar-se grande jogador", recorda o técnico.

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