Carlos Queiroz marca presença na XXI gala do jornal 'O Gaiense', que decorre esta noite em Vila Nova de Gaia. O antigo selecionador nacional vai ser um dos homenageados da noite, sendo que falou à comunicação social sobre o papel de Pedro Proença, mas sobretudo da Seleção Nacional, quando estamos a poucos meses do Euro'2024.
Momento da Seleção Nacional: "Excelente. Eu acho que estamos num momento muito bom, com a Seleção Nacional a afirmar-se cada vez mais e a cumprir aquilo que é um desiderato de quem está num momento de excelência, que é ser consistente. Durante alguns anos, o futebol português trabalhou muito, esforçou-se muito para chegar a este patamar, e não é fácil, não é fácil, primeiro estar lá em cima e depois estar consistentemente lá em cima, porque a competitividade no mundo é muito grande.
O investimento que muitos países fazem no futebol é incomparavelmente superior àquilo que o futebol português faz. Mas, como diz a palavra em Portugal e dos portugueses, com engenho e arte nós temos conseguido competir contra as melhores equipas do mundo, contra as melhores seleções do mundo, e acho que o povo português deve estar, os adeptos do futebol devem estar orgulhosos disso.
Por vezes, claro que nem sempre é possível, e não é possível ganhar sempre, mas o que é importante é que nós, hoje, cada vez que jogamos, nós sabemos que jogamos para competir e com a vitória sempre ao nosso alcance, e isso é que é o mais importante."
O que Portugal pode fazer no Euro'2024: "Eu acho que aquilo que eu vi, os jogos que eu vi, aquilo que eu acompanhei, porque eu também tenho estado fora e cheguei há relativamente pouco tempo, mas os jogos que eu tive a oportunidade de ver, nós estamos num momento muito interessante da Seleção, que requer uma agilidade e uma habilidade mental da parte do nosso selecionador nacional muito apurada, porque estamos num momento de conquistas, de vitórias, mas ao mesmo tempo de renovação, e nós, eu tenho alguma experiência, como sabem, a nível de seleções, e nós temos o nosso trabalho bastante limitado, bastante condicionado, pelo número de jogos, pelo número de oportunidades, de construir coisas a médio e longo prazo.
Portanto, nós temos que aproveitar sempre estas oportunidades para olhar para a frente, olhar, isto é, sem nunca descuidar o presente, o jogo que é hoje, o jogo que é amanhã, mas ter sempre os olhos no futuro, e eu acho que é isso que está a acontecer. Temos neste momento uma coisa que ao longo dos anos ganhámos, que foi profundidade de soluções.
Nós tivemos uma fase muito instável na nossa seleção, porque não tínhamos, por vezes, profundidade de soluções em todas as posições da equipa, mas hoje, felizmente, estamos num momento em que essa profundidade nos pode dar consistência e estabilidade. E, portanto, com aquela pontinha de sorte que é preciso sempre, eu acho que nós estamos no bom caminho e estamos com todas as condições para trazer mais sucesso para a seleção portuguesa e para o futebol português em geral."
Impacto de Pedro Proença no futebol português, com eleição para a European Leagues: "Essa pergunta faz-me recordar muitas coisas que ao longo destes anos se foram passando no futebol português. A sua evolução, tudo aquilo que foram sacrifícios, trabalho, empenho de muitas pessoas. E em 1900 e não sei quantos, quem diria que nós pudéssemos ter alguém presidente das Ligas Europeias, enfim, com tantos dirigentes colocados em boas posições do futebol internacional, jogadores, treinadores. E, portanto, se quer uma resposta para o Pedro Proença, eu dou -lhe os parabéns, centrando em todos aqueles que contribuíram ao longo destes anos para que isto fosse possível. E, naturalmente, com o mérito de cada um nas suas posições."
Prémio na gala: "O sentimento, às vezes, é um bocadinho misto, porque isto, quando nos começam a homenagear muito, a gente pensa que estão, se calhar, a querer dizer -nos alguma coisa. Mas a primeira palavra vai para o Gaiense e para todos aqueles que dedicam algum tempo das suas vidas a homenagear os outros. Eles estão de parabéns e merecem o nosso reconhecimento, a nossa gratidão, porque não é todos os dias que encontramos pessoas que estão atentas ao nosso trabalho, ao nosso esforço, e que depois nos recompensam com estes momentos em que nós olhamos para trás e dizemos que valeu a pena.
Então, a primeira palavra é de gratidão para o Gaiense e para todos aqueles que dedicam o seu tempo e o seu esforço para criar estes momentos especiais para nós. Eu, particularmente, sinto-me privilegiado, honrado por isso, e neste momento a minha memória vai para todos aqueles que me ajudaram a chegar até aqui. Os que me deram as oportunidades para eu poder trabalhar, às minhas equipas técnicas, aos meus jogadores, aos dirigentes administrativos que eu tive o privilégio de encontrar na minha vida, e no seio dos quais eu fiz, por toda a parte do mundo, muitos amigos. Então, eu sinto-me bastante lisonjeado por estar aqui, mas também muito grato por tudo aquilo que o futebol me deu."