Despedidas sem glória

Despedidas sem glória
• Foto: D.R. RECORD

Era um jogo decisivo para Portugal. Só a vitória frente à Bulgária colocava de novo a Seleção Nacional na luta por um lugar no Mundial de 1974. O Estádio da Luz foi o palco para esse tudo ou nada de uma equipa que sentia e queixava-se do divórcio do público mas que ainda acreditava ser possível recuperar o terreno perdido com a derrota em Sófia e o empate com a Irlanda do Norte. Portugal não foi, no entanto, além de um empate com os búlgaros e disse adeus ao Campeonato do Mundo. Ninguém imaginava, porém, que aquela noite de desilusão na Luz marcaria também a despedida da Seleção de um trio de luxo: Eusébio, Simões e José Torres.

Concluída a campanha do Euro’72, uma vez mais de forma frustrante, José Augusto sucedeu a José Maria Pedroto no cargo de selecionador. A fase de qualificação do Campeonato do Mundo começou bem com duas vitórias frente ao Chipre.

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Um mês depois do jogo em Nicósia, Portugal (sem Simões e Torres por lesão) disputou a Minicopa e atingiu a final do torneio comemorativo da independência do Brasil, perdendo com o escrete campeão do Mundo. A Seleção estava em alta e sonhava voltar a um Mundial oito anos depois dos Magriços.

Portugal jogou então com a Irlanda do Norte e não foi além de um empate. Menos de um mês depois, a derrota em Sófia (1-2) lançou para embate da Luz toda a carga decisiva do futuro no Mundial.

Para o jogo, José Augusto escalou de início os seus companheiros de 66: Torres tinha 35 anos, Eusébio contava 31 e Simões estava à beira de completar 30. Foi ele quem abriu a porta da esperança quando Eusébio já não estava em campo. Tocado, saiu e passou a braçadeira de capitão a Simões.

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A alegria portuguesa não durou muito. Em menos de 15 minutos, a Bulgária deu a volta ao resultado por Bonev e sentenciou o adeus de Portugal ao Mundial. Nesse minuto, Simões foi substituído e entregou a braçadeira a Torres. Para os heróis de 66, foi uma despedida sem glória.

Adeus também para Matine e Quaresma

• O jogo com a Bulgária não foi o último apenas para Eusébio, Torres e Simões. Dois outros jogadores também se despediram nessa partida: Matine e Quaresma. O médio fez a sua única e última aparição em representação do Vitória de Setúbal, pois as anteriores oito internacionalizações foram conseguidas quando jogava no Benfica. Quaresma teve uma passagem muito fugaz pela Seleção. As internacionalizações que alcançou foram em três jogos consecutivos sob a orientação de José Augusto, logo após a Minicopa. Poucos, porém, se podem gabar de ter jogado tão pouco e marcado um golo.

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A história podia ter sido diferente para o Rei

• Em setembro, Eusébio teve direito a uma festa de homenagem no Estádio da Luz, sendo o prato forte um jogo do Benfica com um misto do Resto do Mundo, onde alinharam George Best, os manos Charlton, Netzer, entre outras estrelas. No final do ano, recebeu a sua segunda Bota de Ouro. Entre os dois acontecimentos, defrontou a Bulgária, mas não tivesse sido, uma vez mais, o joelho a traí-lo e a despedida de Eusébio da Seleção poderia ter tido outra história e outro palco.

Na verdade, o Rei foi convocado para o encontro seguinte com a Irlanda do Norte, em Alvalade, um mês depois. Eusébio acabaria por ser dispensado por lesão (magoara-se ao serviço do Benfica num jogo da Taça dos Campeões com o Ujpest) e foi substituído por Vítor Baptista na lista dos convocados.

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«Pedroto iniciou a renovação»

José Augusto era, desde a Minicopa, o selecionador nacional. Recorda-se do jogo, do resultado e do contexto, mas os detalhes já se escaparam da memória, entre eles o facto de ter sido muito criticado por ter feito alinhar Toni a defesa-esquerdo em vez de Adolfo.

Lembra-se, porém, que “Bonev era um diabo à solta” e que “nada indicava que aquele seria o último jogo” para Eusébio, Simões e Torres. Recorda-se que não convocou estes dois últimos para a Minicopa porque “estavam lesionados”, observando que Simões “escorregou nas bancadas do Estádio da Luz e fraturou o antebraço”. E lembra-se também de uma curiosidade: “No final da fase de qualificação, fui para o Vitória de Setúbal. O Pedroto tinha acabado de sair e regressou à Seleção. Iniciou uma renovação e Eusébio, Torres e Simões não voltaram a ser convocados. Também não teve sorte, pois continuámos fora das fases finais e não fomos ao Europeu de 1976.”

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