Roberto Martínez divulgou esta sexta-feira a convocatória da Seleção Nacional para os jogos de preparação frente a Suécia (dia 21) e Eslovénia (26), antes de responder às perguntas dos jornalistas presentes na sala de imprensa da Cidade do Futebol, onde analisou e justificou as suas escolhas. Francisco Conceição, Jota Silva e Trincão estão entre as opções.
Esta lista já estava feita há alguns dias ou precisou de fazer alterações por causa da chamada de Galeno à seleção do Brasil e da lesão de Pote?
"O nosso processo é sempre o mesmo. Acompanhamos os jogadores durante um período de tempo e fizemos a lista no dia de ontem. Depois dos jogos das equipas portuguesas na Europa, foi o momento de fazer a lista. Não precisámos de alterar jogadores".
Galeno estava nesta lista? Decisão de jogar pelo Brasil...
"Os jogadores precisam de querer jogar pela Seleção, de ter uma vontade que sai do coração. Representar o povo português é especial, e aqui é importante o processo. Acompanhámos o Galeno durante o último ano e esse é o nosso trabalho, mas agora precisamos de respeitá-lo. Falei com ele e ele gostaria de jogar pelo Brasil, e queremos respeitar isso. Desejo o melhor para ele, mas precisamos de jogadores que têm a nossa Seleção no coração".
Favoritos à conquista do Europeu...
"O Europeu tem os melhores jogadores da Europa, acho que não há favoritos. Há seleções candidatas. Acho que há sete seleções que têm jogadores que têm os melhores balneários do futebol europeu. Nós gostamos da responsabilidade, das expectativas, mas o primeiro passo é o apuramento. Agora precisamos de trabalhar para a melhor lista final. A diferença de chegar longe ou ficar pelo caminho na fase de grupos é o nível que podemos apresentar durante os três primeiros jogos. França, Inglaterra, Espanha, Bélgica têm jogadores que podem ganhar a qualquer seleção durante o torneio, assim como Alemanha e Itália, que têm uma competitividade que fazem delas seleções candidatas. Agora temos 12 jogadores portugueses nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, os nossos jogadores têm nível para lutar e ganhar grandes jogos. Não tenho dúvidas de que podemos competir com os melhores da Europa".
Pote estava nos planos? Foi pela ausência dele que chamou Trincão ou Conceição?
"Todos os jogadores têm uma história diferente, um caminho diferente. Acho que o Pote está a ter uma época espetacular, são 16 golos e 13 assistências. Acho que teve muito azar. Chegou a um momento difícil. As lesões fazem parte da vida dos jogadores e o Pote vai voltar aos relvados ainda mais forte. É um momento difícil, porque o Pote tinha todas as condições para estar no estágio".
Há muitos extremos na convocatória. Estes dois jogos vão ser decisivos para que alguns consigam um lugar na convocatória final para o Europeu?
"Sem dúvida. Acho que estar na pré-convocatória mostra que os jogadores têm qualidade para jogar na Seleção. Depois, chegar aqui é um momento único. Durante o estágio de março, precisamos de ter informação para ter uma equipa equilibrada e ter todas as melhores caraterísticas para o Europeu. Aqui têm uma oportunidade muito boa, para que todos mostrem o que podem trazer à Seleção. O Jota Silva é a figura de uma equipa que está a fazer uma época muito boa e é um exemplo de jogador que chega num caminho diferente, que pode dar o exemplo a outros jogadores portugueses, mostrar que a porta da Seleção está aberta".
Convocatória é bastante alargada. Vai ter todos os jogadores em permanência ou alguns vão saindo?
"O formato é um formato para março. Março é um período muito difícil para os jogadores, há muitos jogos, fadiga mental, e precisamos de lidar com isso. Há três grupos. Jogadores que podem participar nos dois jogos, e depois um grupo para o primeiro e outro para o segundo. Tem tudo a ver com os minutos, com a situação de cada jogador, do que fizeram na fase de apuramento, e também de acordo com o que queremos trabalhar taticamente. Na segunda-feira vamos dar a lista de 23 ou 24 para o primeiro jogo, porque agora temos os jogos do fim-de-semana, todos têm compromissos com os clubes. Mas o formato é claro. Três grupos com o foco de trabalhar a qualidade e dar a oportunidade de evitar a fadiga".
Na sua cabeça, que percentagem da lista já está fechada para o Europeu?
"No futebol, uma semana é uma eternidade, tudo pode acontecer. Trabalhamos no dia-a-dia para recolher informação, e depois há dias de tomada de decisões. Ontem foi um desses. Agora podemos trabalhar com muitos jogadores. Tenho muita vontade para começar o estágio, ter 32 jogadores é uma oportunidade única. Continuamos a recolher informação. O dia 19 de maio, porque a lista é a 20, é o momento da tomada de decisões".
Quão difícil vai ser reduzir esta lista a 23 ou 24 jogadores? Acreditamos que Jota possa recuperar ainda...
"Temos essa oportunidade, que a UEFA possa aumentar a lista. No Mundial foram 26. Acho que, falo pelos treinadores, todos gostariam de ter 25 ou 26 jogadores. Acho que em abril temos esse workshop, onde poderemos falar disso. Há jogadores que agora não estarão no estágio de março, como o Diogo Jota, o Ricardo Horta, o Pedro Neto... Têm um período para recuperar e voltarem aos relvados, para que depois possamos avaliar antes da lista final".
Entre defesa, meio-campo e ataque, com qual se sente mais seguro?
"Os sistemas de jogo de hoje são trabalhados de forma diferente. As ligações são diferentes. Trabalhamos para ter uma equipa equilibrada e nós temos muitas opções para executar conceitos táticos diferentes. Isso é muito bom para um treinador. Podemos jogar com bola, sem bola, ser muito fortes nas transições. Não se trata de uma avaliação das posições no relvado, acho que temos um plantel muito equilibrado".
Importância do regresso de Nuno Mendes...
"É importante. O Nuno Mendes está agora num momento muito bom, trabalhou muito bem e os seus desempenhos estão no nível máximo. Será muito importante trabalharmos com ele nestes jogos e vermos como está. É um jogador diferente. Temos opções como o Raphael Guerreiro na esquerda, podemos jogar lá com o Dalot e com o Cancelo, mas o Nuno Mendes dá-nos uma opção diferente dentro do plantel".
Com o momento que Rafael Leão vive, vai ter ainda mais protagonismo?
"O Rafael tem muito protagonismo na Seleção. O golo faz parte, esse é o talento dele. A personalidade também tem um papel importante. Mostrou uma maturidade muito boa durante os jogos na Seleção. É um jogador muito importante para nós".
Há a possibilidade de Pote, ao não estar nesta lista, poder estar na lista final?
"É um período de recolha de informação. A mensagem para o Pote é que continue com o que está a fazer. Há sempre oportunidades e opções. O importante é voltar ainda mais forte. As lesões, os azares e a sorte fazem parte da carreira de um jogador, mas a porta da Seleção, para jogadores que estão num bom momento, pode estar sempre aberta".
Jota Silva estava na 2.ª divisão há dois anos. Quais são as possibilidades de poder vir a integrar a convocatória final?
"O Jota é um jogador diferente. Gosto da versatilidade dele, trabalha muito, é competitivo. Isso mostra o seu trajeto, passar pela 2.ª divisão dá valências diferentes. Vi o último jogo dele com muita atenção. No futebol, também é preciso ter sorte. Acho que ele está num momento muito bom e mereceu chegar à Seleção. Quando estás numa equipa que está a jogar bem e que tem uma dinâmica boa... O Jota representa isso e é um exemplo para jogadores que não foram às seleções jovens. Agora está a um nível que merece estar na Seleção, é um bom exemplo".
Pepe esteve em destaque no jogo com o Arsenal. O que achou da exibição dele e de que forma o vai gerir? Já falou consigo sobre uma possível retirada após o Europeu?
"O desempenho do Pepe na Liga dos Campeões foi divinal, espetacular. Ver um jogador como ele a defender 210 minutos contra a melhor equipa de ataque da Premier League foi incrível. É por isso que está a jogar ao nível em que está. É um profissional exemplar e para nós está apto. O nosso balneário é um balneário melhor quando ele está na Seleção. Agora teremos os dois jogos em março e depois vamos ver. Para nós é uma figura importante".
Por Record