Figo na corrida por 209 votos

Figo na corrida por 209 votos

Luís Figo decidiu disputar a eleição para presidente da FIFA, tornando-se o sexto candidato, ao lado do suíço Joseph Blatter, líder em exercício, dos franceses Jerome Champagne e David Ginola, do holandês Michel van Pragg, e do jordano Ali Bin Al Hussein.

As razões do mais internacional jogador português de todos os tempos (127 partidas) encontram-se na linha das já anunciadas pelos desafiantes de Joseph Blatter, cuja presidência tem sido amplamente criticada, em particular desde que a organização dos mundiais de 2018 e 2022 foi atribuída à Rússia e ao Qatar.

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"Preocupo-me com o futebol e não gosto do que vejo em relação à imagem da FIFA, não apenas agora, mas nos últimos anos", justificou Figo, de 42 anos, numa entrevista à cadeia televisiva CNN, em que revelou a entrada na corrida ás eleições de 29 de maio.

Luís Figo revelou ter tomado a decisão de concorrer à presidência do organismo quando se soube da investigação à atribuição dos Mundiais de futebol à Rússia (2018) e ao Qatar (2022) e ao que aconteceu posteriormente.

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"Depois desse momento e do relatório [de Michael Garcia, da Comissão de Ética do organismo] que não foi publicado, foi o momento em que decidi que algo tinha de ser feito", justificou o antigo jogador, aludindo às fortes suspeitas de corrupção no processo.

Figo não compreende porque não foram divulgadas as conclusões na sua totalidade: "Se és transparente e pedes uma investigação, um relatório, do qual não há nada a esconder, por que não se torna público esse relatório? Se não tens nada a escoder, tens de o publicar", sublinhou.

O antigo jogador do Real Madrid lembrou ainda a reação negativa dos adeptos no Mundial'2014 e disse que "algo terá que mudar: na liderança, na governabilidade, na transparência".

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Figo, que se formou no Sporting e terminou a carreira no Inter Milão, depois de passar por FC Barcelona e Real Madrid, indicou que preenche os critérios de elegibilidade da FIFA, contando com o apoio de pelo menos cinco federações e com o facto de se ter mantido ligado ao futebol nos últimos anos.

Uma das vozes mais críticas de Blatter é também a do príncipe jordano Ali Bin Al Hussein, vice-presidente da FIFA desde 2011. "Vou candidatar-me porque acredito que é tempo de deixar as controvérsias administrativas e regressar ao desporto", escreveu Ali Bin Al Hussein na sua conta oficial no Twitter, quando assumiu a sua candidatura.

O príncipe jordano, de 39 anos, explicou que tomou esta decisão depois de consultar vários colegas da FIFA, que o motivaram a candidatar-se. "Não foi fácil. Avancei depois de muitas conversas com respeitáveis colegas da FIFA nos últimos meses. Muitos disseram que é tempo de mudanças", revelou Al Hussein.

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Um desses colegas terá sido o atual presidente da UEFA e igualmente vice-presidente da FIFA, Michel Platini, que já afirmou que Ali Bin Al Hussein tem "total legitimidade" para candidatar-se à presidência. "Conheço bem o príncipe Ali. Ele tem total legitimidade para ocupar as maiores responsabilidades", defendeu Platini, em comunicado.

O presidente da UEFA, que tem um conhecido diferendo público com o atual presidente da FIFA, Joseph Blatter, acrescentou ainda que vai aguardar pelo programa de Al Hussein para se pronunciar em profundidade.

Sem nunca referir diretamente a polémica sobre as suspeitas de corrupção em torno da atribuição dos Mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar, respetivamente, Al Hussein disse que "o futebol merece executivos de classe mundial e uma organização que seja modelo em ética, transparência e governação. As manchetes dos jornais devem ser sobre futebol e a beleza desse desporto", concluiu o príncipe jordano.

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Ali Bin Al Hussein nasceu em Amã, em 1975, e é o terceiro filho do rei Hussein. Casou com uma antiga jornalista argelina, sendo pai de dois filhos. O príncipe fez a sua formação na Jordânia, Estados Unidos, Reino Unido e é graduado em major-general das forças armadas jordanas.

Em 1999, Al Hussein tornou-se o primeiro presidente da Jordan Football Association, a federação local, e um ano depois fundou a West Asian Football Federation, a confederação do oeste asiático.

Foi sob a influência do príncipe que foi levantada a proibição às mulheres de usarem lenços a cobrir a cabeça, nas competições oficiais, como sucedeu no torneio mundial de futsal organizado em Oliveira de Azemeis, em 2012, com a selecção iraniana. Em 2011 foi eleito vice-presidente da FIFA para a Ásia, tornando-se o mais jovem membro do comité executivo, com 36 anos. Tornou-se também vice-presidente da Confederação Asiática de Futebol (AFC).

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Contagem de espingardas

A contar com o apoio generalizado das federações europeias, antes de ser conhecida a candidatura de Luís Figo, o maior trabalho de campanha de Ali Bin Al Hussein terá de ser feito em casa, onde a votação da AFC está prometida a Blatter. Se o dirigente jordano pensava ter à partida os 53 votos das federações filiadas na UEFA, o suíço Joseph Blatter (78 anos) tem garantido o apoio da Confederação Africana de Futebol (CAF), segundo anunciou em Setembro o secretário-geral Hicham el Amrani, e que vale 54 votos, abrindo-se aqui uma interrogação em relação ao papel que as federações dos PALOP terão, quando na corrida está também um candidato português.

Em causa está a votação asiática. E o cenário não é famoso para Al Hussein. Em 2014, o jordano perdeu uma batalha pelo poder na AFC com o actual presidente Salman Bin Ebrahim Al Khalifa, do Bahrain, que também passou a ter assento no Comité Executivo da FIFA.

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Al Khalifa chegou ao poder depois de um vitória conclusiva, apoiado por Ahmad Al-Fahad Al-Sabah, do Kuwait, o homem cuja influência Al Hussein tem de disputar com Blatter, e que é o líder do Comité Olímpico da Ásia, tido como fundamental na eleição do atual presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach.

Para começar, Al Hussein parte em desvantagem, porque na entrega dos prémios anuais da AFC, em dezembro, realizada em Manila, nas Filipinas, foi declarado “apoio total” à reeleição de Blatter, o que equivale a mais 46 votos para o atual presidente.

Champagne, Ginola e Van Pragg

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O francês Jérôme Champagne (56 anos), ex-vice secretário-geral da FIFA, começou a sua campanha há um ano e já sublinhou que se candidata a pensar no futuro do futebol.

“As eleições não são uma questão pessoal ou guerras entre instituições, têm que ver com a evolução para o que tem de mudar imperativamente no futuro e com o que tem de continuar a ser feito corretamente”, afirmou Champagne, depois de conhecer as intenções do príncipe Al Hussein.

Mais recentemente, o antigo internacional francês, David Ginola, de 48 anos, também mostrou interesse em candidatar-se. "Vou concorrer à presidência da FIFA e preciso de ti para a minha equipa", escreveu na sua conta do “Twitter”, o ex-jogador de Paris-Saint Germain, Newcastle e Tottenham, desconhecendo-se as motivações que verdadeiramente o levam a candidatar-se, tendo sido inclusivamente acusado de ter aparecido apenas para promover uma casa de apostas.

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Finalmente, o presidente da federação holandesa, Michel van Pragg, de 67 anos, também decidiu disputar o poder a Joseph Blatter, e disse ao atual presidente, cara a cara, no último congresso, em 2014, porquê: Não é nada de pessoal, mas a reputação da FIFA é hoje indissociável da corrupção. A FIFA tem um presidente que é você, que é responsável, e como tal não tem condições para continuar a representá-la, nem seria bom para o organismo que isso acontecesse.”

Mino Raiola, de 47 anos, agente de Balotelli e Ibrahimovic, também mostrou intenção em candidatar-se, mas face ao aparecimento de Van Pragg retirou-se, declarando o seu apoio ao dirigente holandês.

O prazo para a apresentação de candidaturas encerra a 29 de janeiro. As eleições realizam-se no dia 29 de maio de 2015, no Congresso da FIFA. São 209 os votantes, assim distribuídos: CONMEBOL (América do Sul), 10; AFC (Ásia), 46; UEFA (Europa), 53; CAF (África), 54; CONCACAF (América Central, do Norte e Caraíbas), 35; e OFC (Oceânia), 11.

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