Rui Costa: «Quero entrar na história»

Rui Costa: «Quero entrar na história»
• Foto: Paulo César

- 2003 é o grande ano da sua carreira, com a final da Liga dos Campeões e a hipótese de conquistar o troféu?

- Se acabar bem, será!... (risos) A minha vinda para o Milan teve como objectivo o de aqui passar os anos de ouro da minha carreira. A transferência coincide com o ano do Mundial e já aí havia uma grande esperança que 2002 fosse o início de um período em que pudesse alcançar os títulos que sempre me faltaram. O ano passado no Milan correu pessimamente mal, tanto para mim como para a equipa, porque só foi alcançado um objectivo, o de entrar novamente na Liga dos Campeões, coisa que o clube não conseguia há três anos. Mas ficámos muito aquém das expectativas. A época, pessoalmente, correu-me muito mal, sobretudo do ponto de vista das lesões. Depois, tinha o Mundial para viver um grande momento da minha carreira, mas só ajudou a piorar o ano! Quando tudo parecia que estava a ir no caminho certo, começou a correr mal. Este ano as coisas voltaram a correr-me bem, mas para o Milan nem tanto, pois não conseguiu ganhar o campeonato, perdendo para uma Juventus que nos foi superior. Temos agora a grande oportunidade - não digo de salvar, porque não se salva uma época só com um título - de, pelo menos, fazer história. Pessoalmente, para quem tem poucos títulos, entrar para a história com a Taça dos Campeões Europeus será a coisa mais maravilhosa que me pode acontecer nesta altura da minha carreira, aos 31 anos de idade. É a primeira vez que chego a uma final da Liga dos Campeões. Mais, é a primeira vez que vou a uma final europeia. Melhor do que isto, só ganhá-la! Por isso, quero fazer história!

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- Acredita que o Milan tem capacidades para ser campeão europeu?

- Tem tantas possibilidades quanto a Juventus. A Juve foi mais forte durante a época, no campeonato, mas nos jogos entre nós há uma vitória para cada um. Este será um jogo "seco", onde estarão duas equipas muito fortes, que se conhecem muito bem. Mas em jogo "seco" tudo pode acontecer e, por isso, há 50 por cento de hipóteses para cada lado. Posso dizer que o favoritismo pertence à Juventus, porque foi mais forte do que nós no campeonato. Só que este não é um jogo de campeonato. Estou optimista, mas respeito muito aquilo que a Juventus representa e pode fazer.

- Foi, então, frustrante, a primeira época no Milan?

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- Foi muito frustrante!

- Isso ficou a dever-se a quê? Milão é diferente de Florença e no AC Milan há mais pressão do que na Fiorentina…

- Isso é verdade, em parte. Mas não acusei essa pressão, apesar de algumas pessoas terem tentado pintar esse cenário. É bom que as pessoas se lembrem que eu aos 18 anos jogava por um clube que tinha seis milhões de adeptos e jogava num estádio com 120 mil pessoas. Portanto, eu nasci e cresci como jogador no meio dessa pressão, e nunca a temi. Eu só dou uma explicação… aliás, dou duas, para o facto de ter falhado daquela maneira: é que aos 15 minutos de campeonato eu já estava no hospital! E essa foi a primeira de oito lesões, não de seis meses, todas de mês e meio, que me condicionaram por períodos curtos mas sistemáticos. Quando regressava à equipa, era sempre por períodos curtos e voltava a ficar ligado a aparelhos para recuperar.

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«Eu e o Figo fomos álibi para a derrota»

- Assumiu que 2002 foi duplamente frustrante, pelo "falhanço" no Milan mas também no Mundial. Pessoalmente, as lesões influenciaram a sua participação na Coreia/Japão?

- Não creio. Pode, sim, ter influenciado o facto de eu não ter feito uma boa época em Milão, com muitas lesões, e ter chegado ao Mundial com o rótulo de uma época não positiva. Mas isso só serviu de álibi para muita gente, não para mim.

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- Há muita coisa por esclarecer em relação à participação de Portugal no Mundial!...

- Oh! Há muita coisa mesmo!

- O assunto não foi tratado com a transparência com que deveria ter sido?!

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- O assunto não foi nem sequer abordado como deveria ter sido!

- Em relação ao Rui Costa, por exemplo, a perda da titularidade deveu-se a quê? Às lesões, ao jogo com os Estados Unidos?

- A minha presença no Mundial foi, em si, um álibi! Aquilo que se passou comigo serviu apenas de álibi para muita gente. E não só comigo, mas também com o Luís (Figo), que fez os jogos todos e foi injustamente criticado. O facto de, a um mês do início do Mundial, terem dito que eu e o Figo não estávamos bem, já era um álibi para a derrota. Já ali se abordou o assunto de uma forma completamente distorcida.

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- Mas sente ou não ter falhado no Mundial?

- Completamente! Todos nós falhámos no Mundial! Mas gostava de lembrar àqueles que disseram que era uma pena que eu não estivesse em boa forma - a começar por quem nos representava -, que no mês e meio da nossa participação, do primeiro ao último dia, eu participei em três jogos: contra a China (o último jogo de preparação, no qual, segundo toda a imprensa, fui o melhor jogador em campo), contra os Estados Unidos (a 20 minutos de jogo estávamos a perder 3-0, e não pode ter sido só culpa minha), e contra a Polónia (joguei 30 minutos - entrei com 1-0 e acabámos com 4-0 - estive em dois golos e marquei o outro). Não quero com isto dizer que tenha sido um herói. Não fui herói de nada! Falhei tanto quanto os outros. Com isto apenas pretendo recordar a minha participação num mês e meio de Mundial. Por isso, não acredito que, depois de enumerar tudo isto, se possa continuar a dizer que eu estava em má forma. Acredito que o jogo contra os EUA correu mal, mas correu mal a toda a gente. Estávamos mal preparados para aquele jogo. Estávamos mal preparados para o Mundial!

- Mas há situações em que determinados intervenientes têm de assumir mais responsabilidades que outros e até agora quase ninguém as assumiu!?

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- Só os jogadores!

- Os jogadores tiveram o comando da Selecção, foram eles que tomaram as decisões técnico-tácticas?

- Os jogadores não mandam nada! Aliás, ainda hoje se continua a dizer que há um núcleo duro na Selecção, que são eles que mandam, e que eu faço parte desse núcleo duro. Se eu fizesse parte de algum núcleo duro que mandasse na Selecção, de certeza que não teria sido suplente contra a Polónia e contra a Coreia.

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- Mas quando se fala em núcleo duro fala-se em jogadores que têm mais preponderância…

- Certo. Aí aceito. Há jogadores que representam a Selecção Nacional há dez e mais anos por mérito próprio, e é normal que tenham mais preponderância em relação a quem tem menos presenças na equipa nacional, como acontecia quando estes jogadores chegaram à Selecção e o João Pinto, o Paneira, o Veloso, o Rui Águas, todos eles tinham mais 50 internacionalizações que nós e eram eles que "comandavam", justamente, o grupo de trabalho, como nós agora fazermos.

- Afinal, o que é que falhou no Mundial? Dizer "falhámos todos" parece-me muito pouco…!

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- Mas é verdade, porque quando há um desaire tão grande, ninguém se pode ilibar de culpas. Porque seria muito fácil, pois, apesar de tudo, os jogadores já assumiram as suas responsabilidades. Ainda hoje assumimos: falhámos dentro do campo.

- Ficou magoado com tudo o que se passou?

- Fiquei muito!

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- De tal forma que no jogo com a Polónia nem festejou os golos…?

- Festejei. O meu foi o quarto golo no jogo e festejei com quem estava perto e me fez a assistência, o Capucho. Entrei triste porque não estava a jogar de início e isso ninguém me pode tirar. A mim podiam-me condenar se eu, por ter ficado no banco, tivesse ido contra o grupo de trabalho e isso, tendo por testemunhas todos os meus colegas, jamais aconteceu. Se eu tivesse querido arranjar problemas, quando vi que não ia jogar contra a Polónia, então aceitava que me condenassem. Mau era se, pela primeira vez na minha vida, ao fim de mais de 50 internacionalizações, fosse para o banco num Mundial e estivesse ali cheio de sorrisos.

- O ambiente degradou-se no seio do grupo, na relação entre jogadores e equipa técnica, com o seleccionador?

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- Entre os jogadores, posso jurar a pés juntos, de maneira nenhuma! Por isso, fiquei muito triste com o facto de, depois do jogo com a Polónia, alguém ter tentando pintar-me como o "mau da fita". Perguntem aos meus colegas se tentei desestabilizar o grupo. Por carácter, jamais faria tal coisa.

«Disseram a Scolari que éramos um grupo de bandalhos»

- Disse que o Mundial não foi bem preparado. E o Euro-2004, está a ser bem preparado?

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- Está a demonstrar ter uma estrutura. É o começo de uma alteração a um projecto. Depois desse projecto ter sido interrompido com a presença no Mundial, há agora a tentativa de o recuperar e de lhe dar um ânimo novo. Foi-se buscar um treinador campeão do Mundo, um treinador que conhece bem o futebol, que tem provas dadas, um grande currículo. Devo dizer que após estes quatro jogos sob o comando de Scolari, existe no seio da Selecção um sentimento de satisfação. Está a ser-nos dada a esperança de pudermos fazer um bom trabalho.

- Scolari é mais ou menos "sargentão" do que vinha apelidado?

- De maneira nenhuma!... Lá está outro erro que cometemos em Portugal. Se o Scolari poderá ter ficado surpreendido - e um pouco ele já nos demonstrou ter ficado - é porque pensava que ia treinar com um grupo de bandalhos!

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- Porque diz isso?

- Porque foi assim que nós fomos "pintados"! E ele já percebeu perfeitamente que ali não há nenhum grupo de bandalhos. Há um grupo de pessoas sérias e ambiciosas, um grupo que quer fazer bem. Mas nós em Portugal temos muito a mania de dar tiros nos pés.

- Um dos "casos" que marcou a entrada de Scolari na Selecção foi a naturalização do Deco. É um assunto "digerido"?

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- Foi só mais um tiro no pé! Porque quem se manifestou a favor e quem se manifestou contra - eu fui um dos que se manifestou contra - não o fez (pelo menos eu não) sobre o Deco pessoa, mas sobre a situação. Se eu ou outro jogador da Selecção quisesse complicar a vida ao Deco ou quisesse complicar a minha vida, tinha dito: se o Deco vai, eu não vou! Eu dei a minha opinião, como deu o Luís, como deu muita gente no País. Eu tenho por norma não me esconder das coisas e aquilo que disse publicamente disse-o na cara ao Deco, no primeiro dia dele na Selecção. Disse-lhe que continuava a não concordar com a situação, mas que contra ele não tenho nada, antes pelo contrário. Disse-lhe: uma vez dentro do grupo, és um de nós, pois não foste tu que ordenaste vir para a Selecção e, portanto, uma vez que estás aqui, espero que tenhas o maior sucesso do mundo, independentemente de jogarmos os dois ou de jogar apenas um dos dois.

- Mas passou a ideia de esses problemas existiriam…

- Eu tive a infelicidade de o primeiro jogador estrangeiro a representar esta selecção ser um número 10. Porque se é um guarda-redes, eu dizia exactamente as mesmas coisas e tinha passado ao lado desta confusão.

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- Parece, por outro lado, que a entrada do Deco na Selecção o "espicaçou" … "Picou-lhe" o facto de o Deco poder ser uma "ameaça" para o seu lugar na Selecção?

- De maneira nenhuma. "Picou-me" mais o facto de as pessoas não terem respeitado a minha opinião do que o facto em si. Uma vez que a Federação decide que o Deco vai à Selecção, que um estrangeiro naturalizado pode representar a Selecção, deixa de ser um problema, pois eu dei apenas uma opinião, não dei um ultimato ao Deco, nem à FPF. Eu tenho de ajudar a Selecção, não tenho que demonstrar nada a não ser o meu amor ao meu País.

- O Figo falou da questão do hino…

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- E muito bem. É o momento mais bonito, mais intenso, quando se está a representar a Selecção. Mais bonito do quando se marca um golo.

«Sou o rapaz da Damaia só que com mais dinheiro»

- E o futuro, como será? Aos 31 anos já pensa no que irá fazer depois de terminar a carreira de jogador profissional?

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- Sinceramente, pouco. Sei apenas que um dos meus objectivos é ficar ligado ao futebol. Não sei em que área, porque não sei em que área é que posso servir o futebol podendo também divertir-me. De certeza que só irei fazer uma coisa que possa ser capaz de fazer e em que me divirta. Mas espero ter ainda alguns anos para pensar nisso.

- Financeiramente, o futuro está acautelado? Aqueles sete anos na Fiorentina, foram também um "travão" nesse aspecto da carreira?

- Não! Não me posso lamentar, de maneira nenhuma! A Fiorentina, pelo facto de saber que essas propostas implicavam grandes salários para mim, era ela mesma que refazia o meu contrato. Por isso, não sou estúpido em não assumir que ganhei bastante dinheiro no futebol. Mas também quero dizer que não foi isso que me fez andar para a frente.

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- Tem investido bem esse dinheiro?

- Tenho. Tenho uma família à qual sou muito chegado, uma mulher e dois filhos que adoro, e é neles que penso quando mexo no meu dinheiro. Nunca me preocupei a investi-lo de forma que as pessoas soubessem onde é que o tenho e como é que o gasto. Faço as coisas ponderadas e da forma que acho mais correcta e que a mim me serve. Hei-de ter negócios, um dia, espero, que sejam do conhecimento público, mas neste momento aquilo onde eu invisto o meu dinheiro não me interessa sequer fazer saber. Não me gabo do que tenho, por isso não preciso mostrar.

- Mas faz questão de determinadas coisas na vida, como usufruto?

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- Gozo a vida! Quero aproveitar a vida. Seria estupidez ganhar dinheiro e morrer com ele todo. Preocupo-me muito com a família e, dentro disto, tento gozar o máximo possível a vida. Até porque, como sabem, não nasci num berço de ouro… Há um amigo meu que me diz sempre isto: eu sou a mesma pessoa que era na Damaia, só que com mais dinheiro. E irei ser sempre assim, pois as minhas raízes são aquelas, e eu não pretendo perder as raízes. Ao princípio, o futebol era o mais importante, agora não, primeiro a família, depois o futebol.

«Voltar? Fala-se há nove anos...»

- Quando foi para a Fiorentina, recordo-me, ficou magoado com os dirigentes do Benfica da altura, porque o objectivo era ir para Barcelona…

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- Fiquei muito magoado!

- Ainda sente magoa, rancor, por não terem permitido que a sua carreira pudesse ter sido feita num clube do "top" europeu, alcançando a projecção que outros colegas da selecção portuguesa alcançaram?

- Não sou pessoa para guardar rancor de ninguém. Mas, confesso, fiquei desiludido, por vários aspectos. Primeiro porque eu sou do Benfica. Segundo porque eu não queria sair do Benfica da maneira como tudo se passou. Havia um acordo entre o Barcelona e o presidente Jorge de Brito para a minha transferência. Nisto há uma mudança de gestão no Benfica. Entra o sr. Manuel Damásio para a presidência e desfaz esse acordo, exigindo mais dinheiro. Por um lado, como benfiquista, eu achava bem que o Benfica pedisse o máximo de dinheiro que pudesse por mim, pois na altura o clube estava a começar a entrar nesta crise financeira. Mas, a partir do momento em que o sr. Manuel Damásio faz a transferência que faz e não aproveita o dinheiro para o Benfica, eu só posso ficar muito magoado com toda essa história, não só por mim, mas ainda por cima pela incompetência que ele demonstrou a gerir tal dinheiro e o clube.

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- O nome do Rui Costa tem surgido sistematicamente associado a personalidades que se candidatam à liderança do Benfica. Não se tem sentido usado?

- Sendo usado ou não, a única coisa que espero - e acredito que assim seja - é que as pessoas não pensem que eu faço campanhas eleitorais. Sempre procurei estar afastado dessas movimentações. Se depois aparece, numa campanha eleitoral, um candidato que promete o meu regresso ao Benfica, e que eu possa dizer que estou disposto a regressar, não quer dizer que esteja a fazer campanha por essa pessoa, como se passou, por exemplo, com o Vale e Azevedo. Eu nunca fiz campanha pelo Vale e Azevedo, e volto a repetir o que já disse nos últimos anos várias vezes, limitei-me a aceitar o convite, a hipótese de voltar ao Benfica. E isso farei sempre que puder, seja com Vale e Azevedo, com Manuel Damásio, Jorge de Brito, João Santos, os últimos presidentes do clube, e mesmo agora com Luís Felipe Vieira. O desejo que essas pessoas têm demonstrado é o desejo que eu tenho.

- Ainda tem?

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- Ainda! Nunca escondi que gostaria muito de acabar a minha carreira no Benfica. Mas só o farei se tiver capacidades para tal. Nunca por uma questão de egoísmo, de querer acabar por acabar, já sem poder andar dentro do campo. Acaba é por ser triste e injusto estar sempre a falar disso, porque tanta gente prometeu - e eu sempre consenti por acreditar que poderia acontecer -, mas nunca ninguém cumpriu. Nunca cheguei a compreender se os que prometiam o meu regresso estava só a utilizar isso para agradar aos adeptos.

- Este ano já se falou outra vez dessa hipótese.

- Já se falou muito até! E, por isso, repito o que já disse: independentemente da vontade que eu possa ter, primeiro os clubes têm de chegar a um acordo, e só depois é que entro eu. Neste momento não posso dizer que quero sair de Milão, pois seria injusto para os benfiquistas e os milaneses, porque hoje estou muito empenhado em ganhar qualquer coisa na minha carreira e isso implica estar no Milan. O meu desejo, admito, é um dia regressar ao Benfica, mas não sei quando. Digo isto há nove anos.

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«Eternamente grato a Florença»

- Depois de sete anos passados na Fiorentina, não ficou com a sensação de que a sua carreira "cristalizou"? Não ficou frustrado com esse período da sua vida profissional?

- Não! Nem a minha carreira estagnou, nem fiquei frustrado. Isto porque acho que tive uma grande evolução como jogador e também como ser humano. As minhas época foram sempre subindo de rendimento, uma época foi sempre melhor que a outra, fui marcando a mim próprio metas pessoais, acabando por sair de Florença com um preço que naquela altura foi a transferência mais cara do campeonato e da história do próprio Milan. Isso mostra que não "cristalizei". O problema foi que as coisas feitas em Florença não eram tão visíveis porque a Fiorentina acabava por não ganhar títulos e eu passava por ser considerado em Itália como um grande jogador sem "currículo". Ao invés, em Milão não ganhando tenho mais projecção do que ganhando em Florença.

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- Por isso perguntei se não foram frustrantes os sete anos em Florença…?!

- A nível de títulos sim, a nível humano não. À Fiorentina e ao povo de Florença só tenho de agradecer tudo que me deram e todo o afecto que continuam a dar. Nunca perdi a ambição, houve propostas que a Fiorentina sistematicamente recusou.

- Nunca receou "passar à História" como um grande jogador que nunca atingiu grandes objectivos?

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- Sim, aí sim. Receei nunca atingir grandes títulos. E ainda hoje corro esse risco, ainda não ganhei a Liga dos Campeões. Mas hoje tenho mais projecção mundial fazendo mal no AC Milan do que sendo o melhor jogador do campeonato na Fiorentina.

Chocado com o "caso Casa Pia"

- Como é que o cidadão Rui Costa acompanha o que se passa no Mundo?

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- Neste momento acompanho com especial atenção o "caso Casa Pia". Choca-me. Tal como, creio, muita gente, eu ainda espero que haja ali algum equívoco, porque ninguém quer ver um ídolo seu, uma pessoa querida, envolvido num crime desta estirpe. Estou perplexo e atento, na esperança que haja um equívoco em toda a situação. E digo isto, não só pelo Carlos Cruz mas por tudo, porque é a coisa mais horrível do Mundo. Considero a pedofilia o crime mais grave do mundo e, por isso, ainda penso que nada disto seja verdade, que as crianças da Casa Pia não foram violadas anos e anos a fio. Depois, espero que, se é mesmo verdade, não seja ninguém que nós conheçamos. E, finalmente, espero que, apurando-se a verdade, os culpados sejam severamente condenados, pois este é crime para o qual não há desculpa, é uma coisa que não pode acontecer, é uma violência que não há igual. É aquilo que mais me preocupa no meu país, e mais grave se torna se se provar que estão envolvidas pessoas de uma certa cultura.

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