Marcelo Bielsa é conhecido no meio como 'El Loco', não pela loucura propriamente dita, mas antes por ser uma personagem sem papas na língua, que não deixa nada por dizer. Esta sexta-feira, na conferência de imprensa prévia ao jogo do Uruguai com o Canadá, deu um verdadeiro arraso aos organizadores da Copa América, muito por culpa de tudo o que sucedeu após o duelo das 'meias' com a Colômbia (que pode ver no vídeo acima).
"Estamos nos Estados Unidos. Um país que, entre aspas, é o país da segurança, da prevenção. Segunda questão: se a prevenção falha, o que pode acontecer, havia um recurso da porta de escape. Isso aconteceu? Não!", começou por dizer, aludindo depois às ameaças de possíveis sanções aos jogadores uruguaios pelo sucedido.
"Não se dão conta que, se esses jovens não fizessem isso, teriam sido condenados por nós mesmos. Como não vais defender a tua mãe, a tua irmã, a tua mulher, um bebé? Os argumentos para que isso não suceda falharam. Prevenção e porta de escape. A pergunta deveria ter sido aos organizadores. Não sei quem são, não sei quem são. Até porque tenho muito medo das vinganças prometidas, as vinganças desportivas, pois ameaçam-te desportivamente. Mas estou a dizer é que os organizadores, Estados Unidos ou quem seja, nos disseram: 'Não podemos defender a sua família'. Essa é a primeira mensagem, não? A segunda, não podemos permitir que 'fujam'..."
Bielsa foi mais longe e colocou até a questão num plano político. "Os Estados Unidos, se bem se recordam, quando sentiu que os seus interesses estavam a ser atacados, criou o FIFA Gate com o FBI. Aqui [Copa América] não aconteceu nada: uma festa extraordinária, estádios cheios, arbitragens, competitividade, estádios cheios... Não há nada a queixar. Mas não podemos andar ao engano. Fazem uma conferência de imprensa para mentir. A pessoa que tratava dos campos de jogo assegurou que era uma questão visual, que o Vinicius não vê, que o Scaloni não tem que falar. Que os campos de treinos são perfeitos, mas tenho fotos que mostram o contrário. Mas não podes dizê-lo, porque afeta os organizadores. Até ameaçam. Ao Scaloni ameaçaram-no, que não falasse mais, porque caso contrário vais pagar. Todos são ameaçados. Vão suspendê-los? O que têm de dizer é 'cometemos estes erros, somos responsáveis, tratamos disso'. É tudo uma vergonha. Num país com estas responsabilidades..."
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