Isaac Nader, o 'pouco talentoso' futebolista que chegou ao topo do atletismo

Foto: EPA
Foto: AP
Foto: AP
Foto: AP
Foto: AP
Foto: AP
Foto: AP
Foto: EPA
Foto: AP

1/10

Arrebatou a medalha de ouro na final dos 1.500 metros nos Mundiais Tóquio'2025

Isaac Nader logrou esta quarta-feira o ponto mais vistoso de uma carreira emergente no atletismo, após ter abdicado do futebol na adolescência, ao arrebatar a medalha de ouro na final dos 1.500 metros nos Mundiais Tóquio2025.

No Estádio Nacional do Japão, em Tóquio, o recordista nacional da distância contou com uma ponta final em que ultrapassou vários adversários para vencer a corrida por dois centésimos de segundo, encimando o pódio com 3.34,10 minutos de marca, à frente do britânico Jake Wightman, segundo, e do queniano Reynold Cheruiyot, terceiro.

PUB

Isaac Nader, de 26 anos, atingiu hoje o patamar mais alto da carreira, meses após o bronze nos Europeus 'indoor', em Apeldoorn, e 'vingou' o quarto lugar dos últimos dois Mundiais em pista curta, em Glasgow, há dois anos, e em Nanjing, em março, em que foi quarto classificado em ambas.

O meio-fundista do Benfica deu novo passo relevante na sua afirmação na elite mundial do atletismo, num ano repleto de conquistas, entre elas grande parte dos recordes nacionais portugueses, em várias distâncias.

Ao ar livre, fixou novos máximos históricos de Portugal, em junho, nos 1.500, em 3.29,37 minutos em Ostrava, em junho, nos 800 metros, em 1.43,86 em Guadalajara, e na milha, em 3.48,25 em Oslo.

PUB

Na pista curta, fez o mesmo nos 1.500, em fevereiro, fixando o recorde nos 3.32,59, em Liévin, e nos 800, nos Nacionais sob telha em Pombal, em 1.46,18.

Oitavo no ranking mundial desta distância, Nader já figurava há muito entre os melhores europeus de sempre e hoje, com um sprint que ficará famoso entre a modalidade, imortalizou-se, num evento de 1.500 metros que ficou marcado por várias ausências e problemas a outros candidatos - Jakob Ingebrigtsen e Azzedine Habz ficaram de fora na qualificação, o campeão do mundo em Budapeste2023 Josh Kerr teve problemas físicos na corrida decisiva.

PUB

Os registos conseguidos em 2025 dão volume à ambição que sempre conjugou com realismo em entrevistas e declarações, projetando a ambição de subir, degrau a degrau, na 'hierarquia' mundial do meio-fundo, tendo acreditado que o seu valor poderia 'disparar' com a mudança para Espanha.

Nascido a 17 de agosto de 1999, em Faro, o filho do marroquino Youssef Nader, antigo futebolista do Farense, começou a sua aventura desportiva a tentar manter esse vínculo familiar aos relvados - que se alastrava igualmente ao tio Hassan Nader, ex-avançado do Benfica (1995-1997) e melhor marcador da edição 1994/95 da I Liga pelo clube algarvio.

Na transição dos juvenis para os juniores, o futebol perdeu um extremo pouco talentoso, cuja velocidade passou a ser colocada em definitivo ao serviço do atletismo mal recebeu uma proposta do clube da Luz, após já ter atuado por CD Faro XXI e Areia de São João.

PUB

O fascínio por correr foi rendendo múltiplos títulos jovens em 800, 1.500 e 3.000 metros, distância na qual se tornou recordista nacional de sub-23 em pista coberta há quatro anos (7.57,45 minutos), em Braga, num momento em que já fazia furor no meio-fundo sénior.

Isaac Nader, o 'pouco talentoso' futebolista que chegou ao topo do atletismo

Vencedor dos 3.000 metros na Superliga, em 2021, Isaac Nader já acumulou sete títulos nacionais 'indoor' e oito ao ar livre, foi medalha de prata nos 1.500 metros dos Jogos Europeus Cracóvia2023 e bronze em Apeldoorn, indiciando uma época bem sucedida.

PUB

O estatuto de finalista nos Mundiais Budapeste2023 sobressaiu entre as sete presenças em grandes provas internacionais, mas, paradoxalmente, levou-o a diluir expectativas à partida para Glasgow2024, em que ficou à porta do pódio, um sabor amargo que acabou por superar.

Admirador do britânico Mo Farah, 'astro' olímpico, mundial e europeu dos 5.000 e 10.000 metros na última década, Nader está a revigorar o meio-fundo português, tendo agora um título mundial 'no bolso' e superados todos os registos históricos do seu ex-treinador, do qual se separou por razões nunca esclarecidas.

Em quebra com essa decisão, relançaria uma carreira auspiciosa desde que se fixou em Espanha com a namorada e atleta olímpica Salomé Afonso - duplamente medalhada em Apeldoorn2025, campeonatos felizes para o casal - para ser guiado por Enrique Pascual Oliva, ex-líder técnico de Fermín Cacho, campeão olímpico em Barcelona1992, indiferente aos comentários racistas recebidos por causa das suas origens marroquinas.

PUB

O ano de 2025 levou-o ao lugar mais alto do pódio e fez do casal, que se apoia e 'empurra' a melhorar, um destaque no atletismo europeu - Afonso conquistou a prata nos 5.000 metros e o bronze nos 1.500, em Apeldoorn2025.

Por Lusa
2
Deixe o seu comentário
PUB
PUB
PUB
PUB
Ultimas de Atletismo Notícias
Notícias Mais Vistas
PUB