“O futebol é o desporto mais bonito do mundo”. Era assim que o Papa Francisco se referia ao futebol. E como em muitos outros assuntos, espirituais e terrenos, provou ter a razão com ele.
A paixão de Jorge Mario Bergoglio pelo futebol era bem conhecida. Tudo começou na infância, em Buenos Aires, e no seu clube de sempre, o San Lorenzo. Com o pai e o irmão, assistia aos jogos do San Lorenzo no popular El Gasómetro. Uma paixão familiar por um clube que foi fundado por padres salesianos. Muitas vezes lembrou a alegria que sentia na sua infância ao correr atrás de uma bola, pelas ruas do seu bairro. Mas rematava o assunto dizendo que “como futebolista deixava muito a desejar, embora como adepto era indiscutível!”
Sem nunca se desligar do seu fervor de adepto, o Papa Francisco levou mais longe, muito mais longe, a sua visão e o seu entendimento sobre o futebol. Compreendeu, como ninguém, a relevância extraordinária do futebol enquanto poderoso instrumento educativo, de inclusão e de transformação social. Em diversas ocasiões, o Papa Francisco recorria ao futebol como metáfora ou como alegoria, em temas mais profundos.
Para além de um mero espetáculo, o Papa Francisco olhava para o futebol – e para o desporto em geral – como um catalisador da mudança em contextos de marginalização, capaz de dar um sentido de pertença e de dignidade a quem se sente excluído. Tal como num jogo futebol, a sua visão recorda-nos que na vida somos todos chamados a unir esforços e a jogar com espírito de equipa, colocando o bem-comum acima das nossas ambições individuais.
Revivendo as suas palavras, importa sublinhar que “o desporto ensina-nos o valor da fraternidade”. “No campo, não interessa a origem, a língua ou a cultura da pessoa. Importa, sim, o compromisso e o objetivo comum”, dizia.
Agora, que o Papa Francisco chegou ao fim da sua vida terrena, tenho esperança que nos continue a inspirar, dentro e fora de campo, com o seu humanismo e dedicação ao outro, num mundo que parece cada vez mais desumanizado.
Por Ricardo Costa