Com o fim da XVI legislatura, cessei o meu mandato de Deputado da Assembleia da República, a partir do qual iniciei este espaço de opinião. Assim, decidi encerrar a ligação que mantive durante todo este tempo ao Record – enquanto cronista –, agradecendo a toda a equipa do jornal, na pessoa do diretor Bernardo Ribeiro. Foi um privilégio escrever semanalmente, aqui, tendo o desporto – e muito em particular o desporto vimaranense – como pretexto. Também, não raras vezes, como tema para reflexões sobre o panorama nacional e internacional nesta área, sobre a ética e os valores, sobre o desporto amador e profissional ou, ainda, sobre o sentido de pertença e de comunidade que o desporto constrói e fomenta.
A minha decisão de colocar um ponto final nesta colaboração periódica decorre e corresponde a um novo ciclo do meu percurso político, que me coloca cada vez mais concentrado em Afirmar Guimarães – a minha terra, à qual me dedico de corpo e alma. O tempo da reflexão, da crítica, do pensamento ou da escrita sobre os diversos temas desportivos que abordei, será agora de concretização e de compromisso com Guimarães e com os vimaranenses. No imediato, enquanto candidato a presidente da Câmara Municipal, e, depois, se eleito, como decisor político.
Até então, este espaço foi muito mais do que um exercício de opinião. Foi um compromisso com o leitor e, sendo mais do que isso, uma oportunidade de exaltação e de reconhecimento do melhor que se faz em Guimarães – e a partir do concelho, das suas coletividades, dos clubes e dos atletas – no que ao desporto diz respeito. Houve sempre espaço para concordar e para divergir, para, sem hesitações, apontar caminhos, fazer a crítica construtiva, defender a dignidade e a verdade desportiva, a formação e a dimensão social do desporto em geral e de alguns emblemas em particular.
Mas não apenas a dimensão social foi sublinhada. A capacidade do desporto em promover a coesão e o desenvolvimento das pessoas e dos territórios é um aspeto fundamental que sempre fiz questão de sublinhar. Como é natural – e por isso compreensível – o Vitória Sport Clube ocupou o centro dos meus artigos, nomeadamente através do futebol, dos seus resultados e das questões subjacentes que foram levantadas.
Mas, seria injusto não reconhecer as tantas vezes que celebrei, enalteci ou, simplesmente, referi com oportunidade e merecimento outras modalidades, outros clubes e vários atletas vimaranenses, pelos resultados alcançados, pelo seu brilhantismo e pela grandeza do respetivo mérito, a que muitas vezes não corresponde a devida atenção ou cobertura mediática.
Entendo que escrevi sempre o que devia ser escrito e, agora, vou fazer o que deve ser feito, de corpo inteiro com os vimaranenses, contribuindo localmente – com estratégia e com trabalho – para a afirmação do desporto em Guimarães.
O jogo continua. Mas noutro campo.
Por Ricardo Costa