Manuel Boto
Manuel Boto

38 conseguido, o 39 é objetivo!!!

Sabe tão bem ser campeão! Sobretudo com todo o mérito de uma equipa que trabalhou afincadamente com este objetivo, incansavelmente apoiada por um mar de adeptos que sempre a acompanharam por todo o país e intensamente a coroaram no Marquês, num espetáculo memorável a que todos assistimos, bem como em muitas capitais de distrito a mostrarem bem a paixão pelo Clube/SAD. Uma equipa, recordemos, composta por uma Direção, treinador e seus adjuntos, jogadores, massagistas, equipas médicas incluindo massagistas, técnicos dos equipamentos e tantos que diretamente ou indiretamente colaboraram para tornar isto possível.

Tal como sempre disse, o próximo (39!) começa agora com a conquista do 38! Vendo o que fizemos bem, analisando o que fizemos "menos bem" ou mesmo "bem mal", tudo deve ser analisado com frieza para atempadamente corrigirmos. Hoje estamos "nas nuvens", verdadeiramente de "alma cheia", sentimo-nos "donos do planeta da bola", sobretudo porque, há um ano, poucos dos benfiquistas acreditariam que, com este plantel, o título fosse possível (e chegar aos quartos da Champions ainda menos acreditariam, dado o sorteio com PSG e Juventus).

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Mas foi, com muitos altos e poucos baixos, ou de outra forma jamais teria sido. Os altos deram-nos exibições de "encher o olho", os baixos aconteceram na sequência de paragens, durante o Mundial e a Seleção em março de 2023. Os altos revelaram uma equipa por vezes temível, com elevados ritmos competitivos, os baixos revelaram as dificuldades de manter ritmos e a exiguidade do plantel.

Schmidt foi teimoso nas sucessivas insistências numa base de jogadores que poucas modificações sofreu por escassez de alternativas. O início revelou um menino Enzo a pautar ritmos e terminou com um outro menino de 18 anos, João Neves, a desafiar certezas adquiridas. Durante toda a época, mais um menino António de 19 anos a constituir uma surpresa, um avançado Ramos que caso marcasse os penalties até poderia ser "Bota de Ouro" deste campeonato, todos sob a liderança férrea de Otamendi, um capitão como há muito não tínhamos na Luz.

Neste triste futebol português, temos sempre o hábito de denegrir os adversários, cultura enraizada desde há muito. Prefiro ver por outro prisma e ainda bem que o FC Porto nunca desistiu, sempre acreditou na recuperação pontual, porque nos obrigou a viver concentrados e a não descurar a capacidade competitiva, sobretudo na parte final da época. Ao contrário de muitos, tenho pena que o Sporting não tenha aguentado "a pedalada do campeonato" por escassez de plantel, capaz do melhor e do pior. O Braga ocupou este lugar que o Sporting deixou vago e tivesse maior consistência durante o ano (perdeu muitos pontos com pequenos) o campeonato contaria também com este contendor.

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Onde quero chegar? Muito simples: em 24/25 só 1 vai à Champions diretamente e o segundo lugar só garante pré-eliminatórias. Donde? O nível de exigência será muito superior, as guerras e guerrinhas que tanto caracterizam os bastidores da nossa Liga vão atingir níveis hoje impensáveis e só há uma solução para quem fatura mais do que os outros: fazer exercer essa capacidade financeira na construção do plantel em 23/24.

Não há outro caminho para prevenir surpresas: se o plantel este ano teve 15 ou 16 jogadores em que o treinador acreditou para jogar, para o ano teremos de ter 24, pelo menos. Se pensarmos que teremos de vender (DSO dixit) então o melhor é começar desde já a tratar da vidinha ou as surpresas ir-se-ão suceder. Não poderemos ser apanhados de surpresa em situações como a de 30 de janeiro deste ano em que Mendes apareceu com uma proposta "last minute" que nos levou o Enzo e que obrigou Schmidt a inventar porque logo no princípio de janeiro já se tinha visto que brilhando o rapaz no Mundial seria questão de tempo. Tal como António que brilhou na Champions ou Ramos que mostrou ser alternativa na Seleção, é indiscutível as propostas poderão chover por qualquer jogador e obrigam "a prevenir para não ter de remediar".

Este tema do plantel é claramente um aspeto fundamental, mas com o tema do acesso à Champions em 24/25 garantido apenas ao campeão, é imprescindível que a Direção tenha em particular atenção como se desenrolam "os jogos de bastidores", jamais para dominar, mas não sermos tomados por parvos. Este apoio a Proença é surpresa para todos os benfiquistas que não o compreendem perante tudo o que se tem passado nestes anos, particularmente na arbitragem. A Direção deve uma explicação aos benfiquistas das razões que sustentam esta opção e que nós, os leigos adeptos anónimos que assistimos aos jogos e a tanta dualidade de critérios, não vislumbramos.

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Por falar em temas dos próximos tempos, também este ano verificámos que dentro da estrutura do Benfica existem inadmissíveis lutas de poder, porque de outra coisa não podemos falar quando lemos, durante grande parte da época, tantas tricas à volta da personagem de Domingos Soares de Oliveira (DSO) que só terminaram quando o bom-senso prevaleceu e se concluiu que a união pela luta pelo título deveria prevalecer. DSO é uma personagem incontornável na vida do Benfica desde há 20 anos e a estabilidade financeira do Clube/SAD muito (ou quase tudo) lhe deve. No entanto, a existência de processos judiciais que envergonham o Benfica vieram debilitar a sua posição e isso foi a acendalha que fez despoletar as guerrilhas surdas, muitas invejosas do seu poder. Durante a época já ouvimos que sairia a seguir ao final do campeonato bem como recentemente já ouvimos Luis Mendes referir que não há planos para a sua saída. Só peço uma coisa: resolvam de vez este assunto, porque os tempos que por aí vêm não se pactuam com atuações pautadas por tibiezas ou ambiguidades, na certeza que não havendo insubstituíveis, há lugares bem mais difíceis de preencher do que outros.

Ainda mais uma questão que se vislumbra no horizonte, sobretudo preocupante para o Benfica: a centralização dos direitos desportivos, obrigatória por legislação de fevereiro de 2021 e a implementar até 2028/29, que será irreversível segundo Tiago Madureira (LPFP). Partindo deste princípio, o Benfica tem de claramente assegurar os seus direitos, dada a macrocefalia do futebol português em que os 3 grandes representam 75% (ou mais) do negócio. A receita é simples: ou o valor a distribuir aumenta de modo a garantir que os 3 grandes não perdem receita ou o mais certo é o futebol português nivelar por baixo, porque não acredito que quem o dirige promova o que há muito deveria ter sido feito: diminuir o número de clubes nas ligas profissionais, mais adequado à realidade do país que somos. É indiscutível que, para se conseguir um "bolo" financeiro que seja atrativo por forma a que ninguém perca, precisamos de um nível de futebol que nos projete internacionalmente. O aumento do número de clubes nas provas europeias (até pelas participações desastrosas na Liga Conferência) só tem conduzido à perda de posições nos rankings da UEFA e vem acrescer a dificuldade da tarefa da empresa constituída pela Liga (onde está DSO). Por isso, mais se torna fundamental repensar todo o futebol português ou o risco de definhar é bem real.

Regressando ao futebol do Benfica, o momento é de alegria pelo 38, mas acreditem que o que vem pela frente e que acima sumarizei exige a atenção profunda dos nossos dirigentes. Para já, temos de ser bicampeões em 23/24 porque quiçá haverá uma nova Liga de Campeões daqui a 2 anos e temos de entrar nela. O futebol português poderá ter apenas um único representante e não nos podemos dar ao luxo de ser preteridos. A liderança e a supremacia no futebol português exigem claramente que façamos um investimento para ganhar já o 39 para o ano.

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Manuel Boto

Sócio 2794

Por Manuel Boto
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