Os brasileiros lembraram-se do FC Porto de 2019/20 ao criticar Bruno Lage, após o empate com o Goiás, na noite de segunda-feira. O Botafogo teve vantagem de 13 pontos, ao final da 18ª jornada. A vantagem caiu para sete pontos, o que tornou quase inevitável dizer-se que Lage perdeu a Liga pelo Benfica, após conquistar esta larga distância.
O Benfica liderava com 54 pontos, contra 47 do Porto, quando jogou o clássico no Dragão, pela 20ª jornada. Na 23ª, os portistas estavam já na primeira posição, depois de derrotas encarnadas para Braga e Marítimo, após perder o clássico.
O Botafogo ainda leva sete de vantagem sobre o Bragantino, segundo colocado. Mas perdeu quatro partidas consecutivas, com mais um empate com o Goiás. Bruno Lage foi despedido com dois argumentos: 1. De que os jogadores pediram sua saída a John Textor; 2. Que ele conturbou o ambiente ao colocar seu cargo à disposição à primeira derrota, para o Flamengo.
A maior parte dos jornalistas e adeptos brasileiros julgaram a troca correta. Símbolo de nossa loucura, aqui no Brasil. Argumento contra a demissão de Bruno Lage e escuto réplicas. "Paulo Turra foi despedido após apenas seis partidas, no Vitória de Guimarães." Sim, mas é a exceção. Rubem Amorim está no Sporting desde 2020, Sérgio Conceição no Porto desde 2017 e o Benfica tem Roger Schmidt pela segunda época seguida. Ora, Jose Antonio Camacho foi despedido do Real Madrid depois de seis jogos, mas isto foi há vinte anos. Lopetegui caiu depois de 14. Exceção.
No Brasil, é fácil encher duas mãos com histórias assim. Bruno Lage (Botafogo, 16 jogos), Jesualdo Ferreira (Santos, 13 jogos), Ariel Holan (Santos, 12 jogos), Lisca (Santos, 8 jogos), Paulo Turra (Santos, 7 jogos), Diego Aguirrre (Santos, 5 jogos), Domenec Torrent (Flamengo, 23 jogos), Ricardo Gareca (Palmeiras, 13 jogos), Ramón Díaz (Botafogo, 3 jogos), Paulo Bento (Cruzeiro, 18 jogos).
Bruno Lage não teve êxito em sua passagem pelo Brasil. O Brasil não é um sucesso em sua experiência com treinadores e de qualquer tipo, em qualquer clube e de qualquer nacionalidade.
Por Paulo Vinícius Coelho