"É mágico!"
A sentença dita por Abel Ferreira aos jogadores do Palmeiras depois de estar a perder por 3-0 no intervalo e vencer por 3-4 no minuto 90 indica o que está a acontecer neste Brasileirão.
O Palmeiras, de Abel, terminou a primeira volta 13 pontos atrás do Botafogo, de Luís Castro e, depois, Bruno Lage.
Na jornada 27, a diferença chegou a 14 pontos. O Botafogo tinha 58, contra 44 palmeirenses. Agora, são apenas três. Ainda que o Botafogo tenha uma partida a mais por disputar, Abel está perto de alcançar a maior recuperação de todos os torneios do Brasil.
A época está em aberto e pode ter também o Bragantino como campeão. A novidade é o que Abel conseguiu com o Palmeiras, com uma reforma tática, de estratégia e de alma. Depois de perder a classificação na Libertadores para o Boca Juniors, o clube colecionou mais duas derrotas, o que levou a quatro jornadas consecutivas sem pontuar.
Abel, então, mudou tudo.
Transformou o sistema, do 4-2-3-1 para o 3-4-1-2.
Trocou quatro titulares antes insubstituíveis. Saíram Marcos Rocha, Artur e Rony, todos internacionais pelo Brasil. Também precisou substituir Gabriel Menino, outro com convocação por Tite, por Richard Rios.
Luan passou a jogar como líbero, muitas vezes à frente da defesa. Questionado por atuar com sistema de três defesas, por vezes um tabu na imprensa brasileira, disse: "O Manchester City foi campeão na Champions com quatro defesas e o técnico parece ser bom". Referiu-se assim a Guardiola.
Abel explica no ambiente do Palmeiras o seu novo sistema.
Luan junta-se aos defesas Gustavo Gómez e Murilo. Liberta os laterais para atacar. Outras vezes, Luan se posiciona como um trinco. Faz-se um losango no meio, com Zé Rafael, Richard Rios e Raphael Veiga.
Quando defende, linha de cinco. Transições rápidas.
Raphael Veiga joga entre linhas. Endrick tornou-se titular aos 17 anos. Sai da função de extremo, da direita para dentro, com Breno Lopes fazendo o mesmo desde a esquerda. No espaço vazio, Veiga infiltra-se.
Em quatro jogos assim, Abel viu o Palmeiras vencer todos, marcando 12 gols e sofrendo três.
A época só se vai decidir nos últimos jogos.
Por Paulo Vinícius Coelho