Cronistas
Lídia Paralta Gomes Editora

Entre os escolhos da lagoa

Aqui, a mais de 7 mil quilómetros de Lisboa, é difícil ter exata noção do que estarão os portugueses a pensar da participação nacional nos Jogos. Imagino, por exemplo, que muito boa gente estará a criticar Fernando Pimenta após o 5.º lugar no K1 1000, quando era provavelmente a grande esperança portuguesa para uma medalha. Parece-me natural que o problema das folhas na Lagoa Rodrigo de Freitas vá soar a desculpa para muito boa gente, mas o currículo de Pimenta e, bem, a quase deliciosa desorganização e ‘deixa andar’ em que estes Jogos por vezes caem, fazem-me acreditar que realmente o português encontrou desafios inesperados durante a sua prova. Não terá sido só isso, naturalmente, e até porque haveria folhas para todos, mas ajudou. E eu vi, com estes olhinhos, o eslovaco Peter Gelle surgir na zona mista com folhas na mão, algumas enroladas em fios, que se agarraram ao leme. René Poulsen, um dos maiores especialistas no K1 1000, passou pelo mesmo. Vou agora ao Google e também encontro o alemão Max Hoff a queixar-se de detritos agarrados ao barco. Quatro canoístas a falarem de más condições da pista já me parece um número significativo. Assim sendo, deixa de ser uma questão nacional para passar a ser mais um problema com que a organização destes Jogos não soube lidar. E nunca saberemos a real influência nos resultados finais.

Por Lídia Paralta Gomes
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