Daniel Sá
Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

O desporto feminino deixou de ser um nicho: é negócio à séria

Ténis, Atletismo, Natação, ou Voleibol há muitos anos que dedicavam a mesma energia, recursos e atenção às vertentes masculinas e femininas, mas o mesmo não se podia dizer sobre muitas outras modalidades.

O desporto feminino está a viver uma transformação histórica. Em 2025, as receitas globais do setor deverão ultrapassar os 2,35 mil milhões de dólares, segundo a Deloitte. Este crescimento é impulsionado por um aumento expressivo nas audiências, no investimento publicitário e na valorização das atletas como figuras de influência.

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Só o setor de transmissões televisivas deverá gerar 590 milhões de dólares este ano, refletindo a crescente procura por conteúdos desportivos femininos em plataformas tradicionais e digitais. O recente Campeonato da Europa de Futebol feminino tem sido marcante com audiências televisivas espantosas e estádios cheios.

O futebol feminino é assim um dos grandes motores desta mudança. A final do Mundial de 2023 foi vista por mais de 2 mil milhões de pessoas ao longo do torneio, e a UEFA Women’s Champions League continua a bater recordes de audiência e patrocínio. O basquetebol feminino também se destaca, com a WNBA a atrair investimentos de marcas como Nike, Google e AT&T. Em 2025, o basquetebol feminino deverá gerar mais de mil milhões de dólares em receitas, representando 44% do total do desporto feminino.

Em Portugal, a Liga BPI tem registado um crescimento sustentado, com clubes como Benfica, Sporting e Braga a investirem nas suas equipas femininas. A Federação Portuguesa de Futebol tem reforçado o apoio à formação e à profissionalização da modalidade. O desporto feminino já não é apenas uma causa social — é uma oportunidade de negócio, de inovação e de expansão de mercado.

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As marcas que perceberem isso primeiro estarão na linha da frente de uma nova era no desporto global, onde a equidade e o retorno financeiro caminham lado a lado. Este novo paradigma exige uma abordagem estratégica por parte dos clubes, ligas e federações, que devem investir em talento digital, parcerias tecnológicas e modelos de negócio centrados no adepto.

A capacidade de adaptação será determinante para garantir relevância num ecossistema desportivo cada vez mais competitivo e fragmentado. A explosão do desporto feminina é também benéfica para a vertente masculina pois alarga o mercado de influência da indústria do desporto, trazendo novos consumidores e novas marcas para este território.

Nos próximos anos assistiremos assim a uma aproximação vertiginosa entre as vertentes masculinas e femininas da maioria das modalidades desportivas, onde audiências, receitas, bilhética, salários ou prize-moneys estarão lado a lado.

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Por Daniel Sá
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