A "crise de títulos" do FC Porto não é só responsabilidade de um treinador, mas é responsabilidade do próximo treinador acabar com ela. Tem sido. Quando títulos não há, remodela-se a chicote. Nada de novo. Este Porto está mesmo muito diferente.
Não era assim. Durante anos – décadas! – o FC Porto dependia tão pouco dos treinadores para continuar a ganhar que eles chegaram a ser afastados depois serem campeões. Porque havia uma pessoa mais importante do que todos. O FC Porto não tinha estrutura, tinha Jorge Nuno Pinto da Costa.
Esta verificação não foi pondo os treinadores em segundo plano, não desde José Maria Pedroto. Mas pôs sempre o presidente em primeiro plano. Tudo mudava, sobretudo depois dos anos 80, mudavam treinadores, saíam jogadores, mas o presidente era a nau para qualquer mar e o mastro e a vela para qualquer vento. Já não é. E assim se vão reciclando treinadores, cuja escolha e equipa são condicionadas pela situação financeira do clube. Vão sendo triturados sem glória.
Agora é Nuno Espírito Santo. Não foi um bom treinador, como se vê agora pelos resultados, mas também pelo que se foi vendo com o tempo, um tipo jogo sem rasgo, temente, prudente, que entusiasmou os portistas tanto quanto o sol entusiasma a areia.
O FC Porto está com uma gripe há anos, não tem dinheiro para curá-la nem já liderança suficiente para terminá-la. Ao próximo treinador não será pedido menos que isso e pode ser que consiga. Não depende só de si, mas da "estrutura" e da equipa que puder ter. Mas será a ele que pedirão tudo: ou títulos ou a cabeça.