Não é de hoje que não acredito em sondagens. Erram muito e qualquer leitor sabe que só as que ocorrem no dia de ida às urnas batem certo. O estudo de opinião publicado pelo jornal 'A Bola' tem ainda mais alguns pecados. É que é feito antes do primeiro debate a sete e realizado num universo eleitoral que até para os sportinguistas mais bem informados é muito difícil de vislumbrar. Talvez o item em que acerta mais é no número de indecisos: são 18 por cento, segundo o trabalho da Intercampus, e que me parecem bastante plausíveis, pois existem ainda inúmeras indefinições. No entanto, números são números e para o desenrolar desta campanha eleitoral é natural que esta sondagem possa influenciar alguns sócios.
Respeitando todos os que se disponibilizaram para servir o Sporting, tenho para mim que esta será uma corrida a 2+1, e explicarei porquê com a experiência que tenho de comunicação política, campanhas eleitorais e com o conhecimento que tenho do meu clube. Logo, temos de abordar três variáveis que são indispensáveis de analisar numa corrida eleitoral.
1 - Primeira regra de uma campanha de sucesso: não cometer erros. E até agora o que menos erros cometeu chama-se João Benedito. Ao apresentar um discurso pela positiva, racional, que acentuou numa primeira fase, com eficácia, o seu projecto desportivo inovador, tendo por exemplo o do Bayern Munique, baseado nos ex-atletas com capacidade de gestão.
2 - Para compreender o estado de uma eleição é indispensável estar atento às dinâmicas de campanha. E se é certo que o primeiro a arrancar foi Varandas, albergando numa extensa comissão de honra uma série de nomes conhecidos no Sporting, o que lhe trouxe uma vantagem que não podemos escamotear, é também visível que as suas dificuldades comunicacionais não robusteceram a sua 'persona' enquanto candidato, apesar do excelente trabalho que a sua agência de comunicação está a realizar na ocupação do espaço mediático. A entrada em cena de José Maria Ricciardi veio beliscar o seu eleitorado, nomeadamente o mais sénior e, como sabemos, no Sporting não é um homem-um voto. Assim, sinto que há dois candidatos a crescer, Benedito e Ricciardi, com Varandas a cair um pouco, fruto da sua desastrosa prestação no debate a sete na Sporting TV.
3 - Por último, algo que é fundamental para quem é profissional destas coisas. Nunca ganha em eleição nenhuma o candidato com maior índice de rejeição. E aqui é que o banqueiro, que já não tinha muitas simpatias populares, cometeu um enorme erro ao somar José Eduardo à sua equipa. Se, em vez dele, aparece com nomes mais novos, competentes e de ruptura, com a sua capacidade de dizer o que lhe apetece sem olhar a quem, completamente fora do politicamente correcto, poderia somar pontos juntamente com o discurso de gestão e finança que domina na plenitude.
Por isso, digo que esta é uma corrida a 2+1. Porque Varandas e Benedito são os favoritos com uma 'nuance'. É que com Ricciardi em estilo martelo pneumático contra o médico e a entrar como faca em manteiga quente, mordendo o seu eleitorado potencial, essa dispersão e divisão trazem mais chances a Benedito de vestir de novo a camisola número 1 de Alvalade.