Telma Encarnação e o primeiro golo num Mundial: «Ainda não tenho noção do impacto que teve»

• Foto: Phil Walter/Getty Images

Telma Encarnação marcou o primeiro golo da Seleção Nacional feminina num Mundial. A Record, a avançada do Marítimo falou sobre o golo contra o Vietname, revelou onde guarda o prémio de 'Mulher do Jogo', comentou a prestação de Portugal na competição e abordou ainda o sonho de jogar em Inglaterra. 

RECORD - O que é que sentiu quando a Seleção conseguiu o apuramento para o Mundial?

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TELMA ENCARNAÇÃO - "Muita emoção. Era mesmo o que nós queríamos. Lutámos durante muitos jogos para chegar ao Mundial e conseguimos. Não foi fácil. Fomos a equipa que mais sofreu para lá chegar. Correu bem. Festejámos, chorámos. Foi a coisa mais feliz que aconteceu no futebol feminino português".

R - Era um sonho representar Portugal num Mundial?

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TE - "Sim. Depois do jogo de apuramento com os Camarões, o meu objetivo era vir para a Madeira treinar no máximo, dar tudo e ser convocada para o Mundial. O meu trabalho correu bem. Ainda estou muito contente por ter jogado e por ter lá estado. Sinto-me sempre muito feliz a representar Portugal e quero continuar a jogar pelo meu país durante muitos mais anos".

R - Teve noção do impacto que o seu golo contra o Vietname que teve?

TE - "Quando vi a bola, o meu foco era marcar golo, festejar e ganhar o jogo porque era muito importante depois da derrota com a Holanda. Não tive noção de que era a primeira a fazê-lo. Estava feliz com a vitória e com o golo, mas nunca me passou pela cabeça que iria ter um impacto tão grande em Portugal. Até hoje acho que ainda não tenho noção…". 

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R - Recebeu o prémio de 'Mulher do Jogo'. Onde é que o guarda?

TE - "Está exposto na minha sala ao lado da televisão. Quando as pessoas entram dão de caras com ele. Dali ninguém o tira. Até hoje foi o prémio mais importante da minha carreira. Já marquei muitos golos e alguns até foram melhores que aquele, mas foi o que marcou a história". 

R - Portugal podia ter ido mais longe no Mundial?

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TE - "Merecíamos e queríamos muito. Demos o máximo para continuar. Nem sempre há sorte. Foi uma bola ao poste que nos separou de continuar no Mundial. Fui eu que cabeceei para trás, a Capeta chutou e a cabeça andou às voltas nos últimos minutos jogos. Acho que foi o melhor jogo que fizemos, tivemos mais oportunidades e estivemos em cima de uma equipa que já foi campeã mundial muitas vezes. Acabou por ser uma vitória para nós sabermos que estávamos a jogar daquela forma com os EUA".

R - Quando estavam na Nova Zelândia sentiram o apoio dos portugueses?

TE - "Muito. Como o Presidente da República disse, às 20h há muita gente a ver televisão e às 8h é muito raro, mas do primeiro ao último jogo tivemos sempre um apoio incrível. Foi muito importante para nós. E mesmo do outro lado do mundo havia gente a apoiar-nos. Nem há palavras para explicar".

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R - Qual foi o impacto que a vossa participação no Mundial teve?

TE - "Os nossos jogos passaram a ser mais acompanhados pelos portugueses nos estádios e na TV. Conquistámos mais de metade do país. Falta conquistar Portugal inteiro. Vamos continuar a trabalhar para isso. Também acho que pode ter ajudado muitas raparigas que querem jogar futebol a seguir os sonhos. Sou a primeira pessoa a dizer isso porque, como vim de um bairro, podia ter desistido. Cada uma tem de segui-los para um dia poder chegar à Seleção".  

R - Teve mais reconhecimento nacional e internacional depois do Mundial?

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TE - "Sim. Durante dois dias o meu telemóvel deixou de funcionar. Tinha a minha conta do Instagram 'privada', mas insistiram para que metesse 'pública' porque havia muita gente que me queria acompanhar. Eu dei-lhes esse gosto".

R - Depois do Mundial teve propostas de outros clubes?

TE - "Sim, mas antes de ir já tinha prometido que ia continuar no Marítimo. É o meu foco neste momento. O Marítimo sempre foi a minha casa e sempre me deu tudo e apoiou. Vai estar sempre no coração. Se não fosse o Marítimo hoje em dia não seria o que sou".

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R - Gostava de jogar no estrangeiro?

TE - "Sempre tive o sonho de jogar em Inglaterra, mas primeiro é preciso ir para Portugal Continental. Acompanho muito o futebol inglês. É um sonho que quero concretizar. Se algum dia tiver essa oportunidade vou ser a primeira a arriscar".

Por Teresa Dinis Oliveira
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