Chegaram cedo às estrelas

Chegaram cedo às estrelas

Têm em comum uma história. A história de terem entrado muito cedo na ribalta do futebol, projetados para uma dimensão demasiado importante para miúdos ainda em fase de aprendizagem. Alguns corresponderam às expectativas, outros perderam-se no caminho. Em Portugal, não é costume lançar jogadores muito novos na 1.ª Liga, pelo menos os nascidos no próprio país, mas ainda são quase uma dezena aqueles que começaram a jogar ao mais alto nível logo aos 16 anos.

São esses os casos de Bruno Gama, ainda o recordista desta lista, depois de ser lançado por Jesualdo Ferreira noSp. Braga com 16 anos, quatro meses e 26 dias, numa visita ao U. Leiria (2-2), no dia 10 de abril de 2004; de Rui Pereira, uma aposta de Vítor Manuel para o último minuto da deslocação ao recinto do Sporting (0-0), a 3 de março de 1996, quando tinha apenas 16 anos, sete meses e 10 dias; e de Carlos Daniel que, com 16 anos, 10 meses e quatro dias, foi colocado em campo por PedroCaixinha, então técnico do U. Leiria, durante o jogo com oBenfica, na Luz, que terminou empatado 3-3 no dia 14 de maio de 2011. São eles os líderes do top 10 da juventude no campeonato português.

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Mas será que esta aposta precoce não cria expectativas nos próprios jogadores que depois são difíceis de corresponder? "Nem por isso", defende BrunoGama, hoje com 27 anos e uma carreira internacional que o levou aos ucranianos do Dnipro. "Sabia que estava a começar e não criei muitas expectativas. Com 16 anos é muito cedo para tirar conclusões. É claro que Jesualdo Ferreira e eu pensámos tudo ao pormenor, tendo em vista a melhor forma de preparar a minha carreira. E é claro que valeu a pena. Todos nós queremos começar a jogar no futebol de alta competição e, quando fui lançado na equipa principal, achei que tinha valido a pena e continuo a achar o mesmo", sublinha.

Futsal foi a solução

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Pior sorte teve Rui Pereira. Ainda hoje não sabe explicar "por que não deu certo" e reconhece que provavelmente nunca saberá "o que falhou". Depois da estreia na 1.ªLiga, optou por transferir-se para os juniores do Benfica em detrimento de ser promovido ao plantel principal do U. Leiria, mas o sonho rapidamente se tornou pesadelo. Tentou o profissionalismo em Elvas, mas acabou por voltar a casa, para representar Bidoeirense e U. Serra, antes de se mudar para o futsal, que ainda hoje joga, ao serviço do Burinhosa. "Fui atrás do sonho e de apostar no Benfica, que era o clube do meu coração, mas não correu como pretendia, talvez por não ter empresário", assume o jogador, de 35 anos, que continuou a sorrir, apesar de afastado dos grandes palcos que sonhara pisar. "Não me arrependo de ter tentado, pois tinha a ambição de chegar longe", refere.

Sem expectativas

"Lembro-me bem da minha estreia na 1.ª Liga pelo U. Leiria. Um dia que nunca vou esquecer, ainda para mais no Estádio da Luz. Um momento único e que vai marcar sempre a minha carreira", conta Carlos Daniel, agora com 20 anos, médio do Marítimo B, que recorda-se bem das recomendações do técnico Pedro Caixinha. "Disse-me para não estar nervoso nem ansioso e para jogar o meu futebol, pois sabia da minha qualidade e acreditava que ia mostrá-la naqueles minutos." Depois do jogo, o treinador deu-lhe os parabéns. "Quando entrei, o Benfica ganhava por 3-2 e ainda conseguimos o empate, o que foi bom", assinala.

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Ter começado tão novo foi positivo, considera Carlos Daniel. "Claro que valeu a pena. É óbvio que gostava de estar agora na 1.ª Liga, mas todos temos de percorrer um caminho e o meu aqui no Marítimo está a ser bom. Estou a jogar esta época e temos de ir passo a passo", sublinha, o médio, que até começou como ponta-de-lança.

O jogador nunca foi de criar grandes expectativas em relação à carreira. "Não penso muito nisso. As coisas sucederam naturalmente, apareceu o Marítimo e acho que é um bom clube para trabalhar", elogia.

Apostas lógicas

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Quem também se recorda bem da estreia de Carlos Daniel é o técnico que o lançou. "Como acompanhávamos de perto a equipa dos juniores, por necessidade e pela qualidade demonstrada pelo Carlos Daniel, não foi difícil dar-lhe uma oportunidade", conta Pedro Caixinha, atual treinador dos mexicanos doSantos Laguna, acrescentando, "o Carlos, para além de ter o que é fundamental na sua posição... o golo, via nele uma grande semelhança com Liedson, em termos físicos e na disponibilidade de correr a limitar a saída do adversário".

Vítor Manuel recorda igualmente "um miúdo com muito talento" referindo-se a Rui Pereira. "Era um jogador que poderia chegar longe.Augurava-lhe um futuro muito bom, mas há juniores que são muito bons e depois não correspondem, sendo também verdade o contrário", acrescenta o agora treinador do Onze Bravos, de Angola. "O talento tem de ser bem preparado e treinado. E é preciso que adeptos, família e empresário tenham paciência, o que, muitas vezes, não acontece", conclui.

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