Vasco Ribeiro: «Mundial não é possível... é o objetivo»

• Foto: Vítor Chi

Um futuro engenheiro civil que sonha defrontar os All Blacks num Campeonato do Mundo. O centro do Agronomia, de 21 anos, concilia o râguebi com os estudos e destaca-se em ambas as vertentes.

RECORD - Começando pelo óbvio, explique como é possível ser jogador de râguebi de alto rendimento e conciliar com os estudos de Engenharia Civil?

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VASCO RIBEIRO – Dá para conciliar o râguebi com os estudos, dá para fazer tudo se conseguirmos gerir bem o tempo, isso é o mais importante. Em alturas mais complicadas vamos ter de fazer alguns sacrifícios, mas isso faz parte. No fundo, o que o râguebi nos dá e o prazer que temos faz com que todos esses sacrifícios valham a pena.

R - Que tipo de sacrifícios são esses?

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VR –Muitas vezes estamos menos tempo com os nossos amigos, não estamos disponíveis para todos os programas, principalmente antes dos jogos. Sacrificamos tempo com família, namoradas e amigos pelo amor que temos ao râguebi. Mas, como disse, isso tudo compensa pelo que ganhamos dentro de campo.

R - Como é o seu dia-a-dia? Consegue arranjar algum dia para descansar?

VR – Agora que estou lesionado [fraturou a tíbia e o perónio na final do campeonato passado], tenho muito tempo, mas durante a época, com treinos e jogos regularmente, o dia-a-dia acaba por ser muito preenchido, mas temos de ter a capacidade para desligar do desporto e conseguir descansar um pouco.

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R - Algum dia pensou que talvez fosse demais?

VR – Sinceramente, já. Quando entramos na faculdade achamos que não vai ser fácil, mas quando aceitamos esse desafio e definimos as nossas prioridades, conseguimos conciliar tudo e hoje não penso deixar de jogar, pelo menos por agora.

R - Focando-se primeiro no râguebi, de onde nasceu essa paixão?

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VR – Vim para o râguebi por causa de um tio que era treinador e me levou para a Agronomia. Incentivou a minha mãe, que não conhecia este desporto, a inscrever-nos lá, e ela lá aceitou. Comecei muito novo, com 6 ou 7 anos, cresci lá e nunca mais larguei.

R - Sempre sonhou em vestir a camisola da Seleção?

VR – Sim, sem dúvida. Desde muito novo que vejo os jogos da Seleção e temos sempre o sonho de um dia estar lá dentro. É o maior objetivo e orgulho que podemos ter no râguebi. É aí que jogamos ao mais alto nível contra as grandes equipas da modalidade.

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R - Logo na estreia com a Seleção de XV marcou um ensaio. Descreva-nos esse momento.

VR – Foi há duas épocas, na Suíça, é verdade. Foi uma excelente estreia. Nunca se pensa nisso, até porque comecei a suplente. Não tinha sido um bom jogo para nós e tive a sorte de, na primeira vez que a bola me chega às mãos, conseguir fazer um ensaio. Deu-me muita confiança.

R - Decerto que guardou a camisola dessa partida…

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VR – Por acaso, não (risos). Nesse não, mas nos próximos lá ficamos com elas.

R - Viu o Mundial de 2007?

VR – Nessa altura, ainda não estava muito ligado ao râguebi, mas já vi alguns jogos na internet. Conheço os jogadores todos, são como ídolos para todos nós. Foi um grande feito para o desporto português e são pessoas que se dedicaram muito e mostraram que, mesmo sendo amadores, somos capazes de chegar ao Mundial e jogar contra os melhores do Mundo, a Nova Zelândia. Esperemos conseguir repetir.

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R - Considera possível? O que é preciso para voltar a um Mundial?

VR – Estar no Mundial não é possível... é o nosso objetivo. Apontamos ao próximo Campeonato do Mundo e temos tido resultados muito bons nas camadas jovens. Agora é conseguir manter esses jovens, juntá-los aos mais velhos e, com mais uns jogadores de fora, criar um núcleo duro que concretize esse sonho.

R - Da experiência que já tem nas Seleções, quais as diferenças entre Portugal e equipas com mais tradição na modalidade?

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VR – O râguebi ainda é muito amador cá. Está a desenvolver-se, mas, apesar de termos muitos amadores, temos uma grande paixão e talento também. Conseguimos bater-nos com essas seleções com mais história; esperemos que, daqui para a frente, possamos ter cada vez mais oportunidades de medir forças com essas equipas.

Por Pedro Filipe Pinto
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