«Chamou-lhes p... e retardadas»: o chocante relatório sobre abusos "sistemáticos" no futebol feminino nos EUA

• Foto: Getty Images

A Liga Feminina de Futebol Profissional dos Estados Unidos é palco de abusos sistemáticos às jogadoras a todos os níveis, algo que tem sido ignorado repetidamente pelas instâncias máximas, conforme aponta um relatório pedido pela Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF).

A investigação, levada a cabo pelo escritório de advogados 'King & Spalding' dá conta de um panorama em que o abuso verbal e emocional das jogadoras de futebol e o comportamente sexual inadequado ultrapassam os limites do treino "duro" e são habituais desde as camadas jovens às seniores.

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Nas quase 200 entrevistas a jogadores retiradas e no ativo, treinadoras, donos de clubes ou funcionários, foram apontadas táticas manipuladoras que revelam mais abuso de poder do que propriamente estratégias para melhorar o jogo. Há ainda um padrão preocupante de comentários sexuais, toques indesejados ou relações sexuais coercitivas, ou seja, com uso à força ou violência. 

No documento de 36 páginas é apontada responsabilidade às equipas, à Liga e à Federação, já que "não só falharam sistematicamente na hora de responder adequadamente às queixas dos jogadores e sinais de abuso, mas também na hora de estabelecer medidas de prevenção e tratamento".

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Só assim os treinadores que praticaram estes abusos passaram de equipa em equipa e ainda tiveram direito a comunicados de imprensa em que os clubes lhes agradeciam pelos serviços prestados.

Documento revela casos de três treinadores 

De forma a ilustrar a gravidade da situação, este documento centra-se em três treinadores: Paul Riley, Rory Dames e Christy Holly. Ainda assim, lembra que, na época passada, cinco das dez equipas da referida liga despediram os treinadores após receberem queixas das jogadoras.

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No caso de Rory Dames, algumas jogadoras do Eclipse Select Soccer Club recordam que o técnico lhes chamou "putas", "retardadas" ou "cu gordo" e ainda "pisou a linha das relações sexuais em várias ocasiões". De acordo com referido documento, o técnico criou um ambiente hostil com abusos verbais durante os jogos dos Chicago Red Stars.

A investigação sustenta que, "no geral", os clubes, a Liga a USFF parecem ter 'esquecido' a segurança e bem-estar das jogadoras e preferido evitar um escândalo, devido às consequências jurídicas de um possível litígio com os treinadores e o que de mal poderia dizer a imprensa.

Normalizar certos comentários sexistas e abusos verbais e emocionais como parte de um "treino duro", assim como relações íntimas entre treinadores e jogadoras, contribuíram para perpetuar estes comportamentos, segundo a mesma fonte. E depois ainda há as represálias temidas pelas jogadoras. "Como em qualquer liga profissional, elas simplesmente querem jogar e maximizar as suas possibilidades de serem convocadas para a seleção", aponta ainda a investigação.

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Para corrigir esta situação, as recomendações sugeridas são conseguir ter uma maior transparência, criar um regulamento claro que defina os comportamentos inadequados e permita às jogadoras expor as suas preocupações.

Por Record
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