Filipa Patão em lágrimas no adeus ao Benfica: «Foi a história mais bonita que escrevi na minha vida»

Filipa Patão emociona-se ao despedir-se do Benfica e rumar ao Boston Legacy FC.
• Foto: Frame: BTV

Após cinco temporadas repletas de troféus - foram 13 no total -, Filipa Patão está de saída do comando técnico da equipa feminina de futebol do Benfica. Antes de rumar ao Boston Legacy FC, dos Estados Unidos, a técnica portuguesa de 36 anos passou em revista todo o seu trajeto no clube encarnado.

Em entrevista de despedida à BTV, Filipa Patão recordou os primeiros passos no Benfica, assumiu que continuará a torcer pelo clube e, especialmente, por todas as jogadoras. "Vou estar sempre a torcer pelo Benfica, masculino, feminino, modalidades... isso é um facto. Eu sou benfiquistas. Nunca escondi. E principalmente este projeto, esta equipa é algo que me diz muito. É um projeto que me diz muito. São jogadoras, algumas delas, que iniciaram comigo esta caminhada há cinco anos. Vou acompanhá-las sempre, vou acompanhar o Benfica sempre e vou acompanhar esta equipa sempre. Que continuem a ganhar e eu tenho a certeza que vão continuar a ganhar, foi o que eu disse às jogadoras na roda: elas têm o que é preciso, só é preciso não deixarem de acreditar nelas próprias. É importante de se desafiarem constantemente porque o conforto é perigoso, mas têm de continuar apaixonadas pelo futebol. Esta camisola faz-nos super-homens e super-mulheres se a soubermos vestir da melhor maneira. Se elas continuarem com essa resiliência, tenho a certeza que nesse jogo da Supertaça que eu vou sorrir e vou dizer 'lá estão elas, lá está esta equipa a continuar a fazer história'. Acredito que vamos conseguir ter uma marca cada vez mais forte no futebol português e internacional", disse a técnica.

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Filipa Patão deixou ainda uma mensagem aos adeptos do Benfica, pedindo apoio às jogadoras. "Foi linda esta viagem. Tive a oportunidade de dizer às jogadoras, foi a história mais bonita que eu tive a oportunidade de escrever na minha vida e no Benfica. Claro que vamos ter sempre adeptos que nos odeiam e que nos amam, mas acima de tudo é importante os adeptos perceberem que as pessoas que amam verdadeiramente o Benfica estão cá, a lutar todos os dias, seja eu ou outras pessoas. É importante que os adeptos não se esqueçam disso e que se lembrem sempre que o apoio, a união, o amar o Benfica e dar força à pessoa que lidera os projetos é importante. Elas sentem, elas lutam e vão dar tudo por esta camisola todos os dias. Tenho a certeza disso", sublinhou.

A chegada ao Benfica e as relações que não correram tão bem

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"Quando me caiu a ficha, no sentido de 'isto vai acontecer, isto vai para a frente', as pernas não tremeram, mas o coração tremeu, a alma tremeu... tremeu tudo porque é o Benfica, é uma casa muito especial para mim. Sentir que estava a acontecer quando o meu avô já não estava presente foi um momento especial, um momento importante e lembro-me do meu pai e da minha mãe estarem completamente histéricos e loucos pela oportunidade porque o Benfica sempre foi um clube que esteve sempre muito presente em casa, onde eu passei muito tempo da minha vida profissional e sentir que podia abraçar uma missão tão importante como ser treinadora da equipa A era um motivo de muito orgulho. Todas as pessoas com quem trabalhei, todas as atletas com quem eu tive, mesmo aquelas que tivemos uma relação mais difícil e que não correu tão bem, e profissionais também de staff e treinadores, todas essas pessoas aportaram algo importante em mim. Não sou a melhor treinadora do mundo, longe disso, mas cada um que trabalhou comigo e que passou por aqui fez de mim uma melhor pessoa e uma melhor treinadora. Só espero, profundamente, que eu também tenha tido a capacidade de dar alguma coisa a todas essas pessoas, porque só assim é que faz sentido liderar um grupo de trabalho, sentirmos que, em algum momento, influenciámos positivamente essa pessoa e que um dia se vão lembrar 'isto que a Filipa me ensinou nunca mais me esqueço'. Isso é que marca a vida das pessoas. A vida são momentos, são passagens. Se não tivermos a capacidade de receber do outro algo mais, vamos ser sempre pessoas mais pobres."

O desejo de ver o Benfica continuar a vingar, seja no masculino, no feminino ou até mesmo nas modalidades

"Que o Benfica continue a fazer história. Há margem. Não é fácil e eu sempre disse isto. Ganhar muitas vezes, ganhar sempre não é fácil. As pessoas acham que o é. É sempre mais fácil dizer que temos um plantel muito rico, que é muito fácil o Benfica ganhar e que é completamente surreal não ganharmos, mas mantermo-nos no topo e a ganhar muitas vezes é muito muito difícil. Ainda para mais quando o futebol se está a desenvolver desta forma e todas as equipas começam a ter muita qualidade, começam a existir muitas jogadoras de qualidade no nosso campeonato, as equipas estão a unir as jogadoras com qualidade e nós temos de ter a capacidade de perceber isso e também de nos transformarmos. Não devemos ter medo da mudança. Há que continuar a arriscar, como fez um dia comigo. Continuar a fazer diferente e melhor, mesmo que às vezes que isso possa aportar algum risco, porque é o desconhecido e é algo novo. Se continuarem nesse caminho, acredito que é possível continuar a fazer muita história aqui. Ano após ano. As jogadoras trabalharam muito, o staff trabalhou muito para continuarmos a estar no topo e acho que as verdadeiras equipas são essas: não as que ganham uma vez, as que ganham de vez em quando, mas as que têm capacidade de se manter no topo, mesmo quando algumas vezes caem", terminou.

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Entretanto, o Boston Legacy FC já oficializou a chegada de Filipa Patão. "Começa uma nova era em Boston", pode ler-se na publicação do clube da NWSL nas redes sociais.

Por Sérgio Magalhães
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