Anacoura: «Nem consegui dormir com tanta adrenalina»

• Foto: Paulo Calado

Chegou em agosto e ainda não tinha jogado um único minuto. Estreou-se e foi logo o herói, defendendo dois penáltis que ajudaram o Cova da Piedade a eliminar o Marítimo na Taça de Portugal. Menos de 24 horas depois do feito, o guarda-redes Anacoura continuava a sentir-se nas nuvens.

"Ainda tenho dificuldade em acreditar no que aconteceu. Nem consegui dormir, com tanta... como se diz em português? Adrenalina, isso mesmo", começa por explicar o jogador italiano, de 23 anos, já num português bem aceitável para quem está no país apenas há quatro meses.

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Sobre o jogo, Anacoura resume-o em duas partes: "Foi a melhor estreia que podia imaginar. O favoritismo não era nosso, mas temos consciência das nossas qualidades, sabíamos que era possível vencer. Aguentámos o nulo e depois chegou a hora decisiva." Nessa altura, antes dos penáltis, o guarda-redes costuma ficar mais nervoso, mas o italiano garantiu-nos que não se sentiu pressionado.

"Os penáltis são a parte mais engraçada do jogo, gosto muito. Não sei explicar, mas desde pequeno, sempre gostei dos penáltis. Se sou especialista? Não sei, mas até agora o saldo é favorável, foram mais as vezes que ganhei", garante.

O Cova da Piedade foi o primeiro clube a qualificar-se para os quartos-de-final da Taça de Portugal. O normal, nestas circunstâncias, é os jogadores dos clubes menos cotados desejarem um grande como adversário. Anacoura não foge à regra. "Gostava de calhar com o FC Porto para poder conhecer pessoalmente o Casillas, um dos melhores guarda-redes do Mundo", revela.

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Pode jogar pelas Seicheles

Nascido em Milão, Itália, o guarda-redes tem dupla nacionalidade. "O meu pai é das Seicheles, é por isso. Podia jogar pela seleção das Seicheles, mas nunca pensei nisso, nem ninguém me procurou nesse sentido", explica.

Igualado o melhor registo de sempre

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A passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal já deixou o atual plantel na história do clube pois igualou o melhor registo de sempre na competição. Na época 1971/72, então a disputar a 2.ª Divisão, o Cova da Piedade surpreendeu o país futebolístico ao eliminar cinco adversários, antes de cair nos quartos-de-final, goleado em casa pelo Benfica (3-6). Depois desse brilharete, só por uma vez a equipa da margem Sul esteve perto de repetir o feito, em 1984/85, quando chegou aos ‘oitavos’. Desse plantel faziam parte alguns jogadores com passagem no escalão principal, como Hélio e Arnaldo Silva, e também um jovem guarda-redes que chegaria, muito mais tarde, à Seleção Nacional: Pedro Espinha.

Hugo Firmino pediu para "bater o último"

Hugo Firmino foi outro herói do histórico apuramento dos piedenses para os ‘quartos’. O extremo marcou o penálti decisivo mas divide a glória com toda a equipa. "Só finalizei o que o Anacoura começou. Se ele não tivesse defendido os dois penáltis, o meu não seria o mais importante. Pedi ao míster para bater o último, por isso quando parti para a bola não estava nervoso, mesmo já sabendo que era decisivo."

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O extremo, de 28 anos, sublinhou a entrega coletiva para manter o 0-0. "No final dos 90 minutos, o Pedro Carneiro estava rebentado, não podia mais. Depois, a expulsão do Willyan obrigou-nos a mudar. Sem substituições, o Carneiro foi lá para a frente, já nem se mexia. Passámos a jogar com duas linhas de quatro e ele parado lá no ataque."

Hugo Firmino revelou ainda a festa no avião, apesar da turbulência e a surpresa que a comitiva teve ao chegar ao estádio, à meia-noite. "Estava cá um adepto à nossa espera. Só um, com uma filha bebé, aguentou aqui ao frio até nós chegarmos, até lhe dei a camisola."

Alberto falhou os ‘quartos’

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Alberto tem 69 anos e é diretor no Cova da Piedade. Por esta função ninguém o conhece, mas quem acompanhava o clube nos anos 70 e 80 deve lembrar-se dele pois jogou lá oito temporadas, em três períodos diferentes. Na sua longa carreira representou 14 clubes e chegou a participar no escalão principal, pelo Recreio de Águeda, mas foi na margem Sul do Tejo que terminou, em 1987/88.

Ontem, Alberto estava feliz com o brilharete conseguido pela equipa orientada por Bruno Ribeiro. "Fiquei muito satisfeito. Eles superaram o nosso feito e chegaram aos quartos-de-final, mas isso não me preocupa, só me deixa feliz", afirma o antigo jogador.

Na época 1984/85, o Cova da Piedade também nunca era o favorito, mas foi avançando na prova. "Eliminámos o Estrela da Amadora, o Vizela, que estava na 1ª Divisão, e o Alcobaça. Só caímos na Luz, frente ao Benfica. Perdemos por 4-0", recorda Alberto.

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Dupla conhece festa do Jamor

O Cova ainda está longe da final, os jogadores até limitam o sonho falando das ‘meias’ e não do Jamor, mas há dois homens no plantel que conhecem o ambiente da festa pois estiveram em finais da Taça de Portugal. Bruno Ribeiro, o treinador, ganhou o troféu como jogador do V. Setúbal, em 2005. Já Evaldo perdeu pelo Sporting a final de 2012, com a Académica (1-0).

Por Miguel Amaro
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