Um atraso que valeu descida de divisão

• Foto: SIMÃO FILHO

27 de maio de 2001, logo a seguir ao almoço. Bruno Cardoso, treinador do Marco de Canaveses, da II Liga, quis afastar os jogadores (obrigados a ganhar ao Rio Ave para garantirem a permanência) de toda a pressão pelo que decidiu que o melhor era fazerem um pequeno passeio até ao parque da serra de Montedeiras, a cerca de 9 km da cidade. A história até podia ter graça se não tivesse terminado num atraso que atirou a equipa para uma muito contestada descida de divisão.

Faltava uma hora para o início do jogo quando o treinador pediu ao motorista para dar início à viagem até ao estádio. O problema é que a chave tinha desaparecido. Com o tempo a aproximar-se, a solução teve mesmo de ser o recurso a outra. Numa verdadeira corrida contra o tempo, o autocarro chegou ao Avelino Ferreira Torres já passavam 15 minutos das 16 horas. O jogo começou 26 minutos depois do previsto.

O golo de Reisinho (1-0) até fez acreditar que a história acabava  bem. No fina,l houve festa mas o Felgueiras não calou a revolta. Alegou "violação intencional e premeditada" do Marco de Canaveses e inscreveu-se na II Liga. O presidente Júlio Faria considerou que o depoimentos de alguns atletas e equipa técnica indiciavam intencionalidade no atraso por serem contraditórios.

A 27 de junho, a Comissão Disciplinar da Liga puniu com uma simples multa pecuniária o atraso do Marco por "não encontrar dolo" e condenou o Felgueiras à descida. Depois disso, ainda se pronunciou mais duas vezes no sentido do arquivamento. Só que, a 19 de outubro, o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol sentenciou o Marco com a despromoção.

A notícia caiu como uma bomba em Marco de Canaveses e os dirigentes do clube local não esconderam a revolta: "Uma autêntica vigarice, fazendo tábua rasa da verdade desportiva e premiando, mais uma vez, o comportamento antidesportivo do Felgueiras, habituado a manobrar as instâncias a seu bel-prazer".

Deixe o seu comentário