António Oliveira 'explica-se' após declarações polémicas: «Não tiveram o propósito de atingir ninguém»

• Foto: Direitos Reservados

António Oliveira, treinador que orientou a equipa B do Benfica durante a segunda metade da temporada - após a subida de Nélson Veríssimo ao comando da equipa principal em detrimento da saída de Jorge Jesus - foi esta quinta-feira o convidado do programa 'Aquecimento' da BTV, onde foi chamado a explicar algumas das declarações que proferiu após o último jogo da formação B das águias na Liga Sabseg, diante do FC Porto.

Em declarações ao 'Porto Canal', António Oliveira teceu algumas críticas ao clube, sublinhando o "contexto muito complicado" em que esteve inserido e no qual se viu obrigado a desistir de um sonho que tinha vendido aos jogadores, o do título da 2.ª Liga, devido à aposta do clube nos sub-19, equipa A e na conquista da Youth League.

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"Antes de mais, obrigado pelo convite. Há algum tempo que eu não vinha a esta casa que sempre me recebeu da melhor forma. Relativamente às declarações no final do jogo [FC Porto B-Benfica B] e à parabenização relativamente ao adversário, ela tem a ver com a minha forma de estar na vida, no desporto e mais especificamente no futebol. São valores que me transmitiram em casa, mas não só, também me foram transmitidos ao longo dos 12 anos nesta casa, independentemente de ter sido este rival ou outro qualquer. É a minha forma de estar, independentemente de eu ser alguém que lida mal com a derrota, mas nós temos de ser resilientes ao ponto de saber lidar com isso e rapidamente darmos a volta por cima. O saber ganhar, o saber perder, o respeitar o adversário... E foi nessa perspetiva que me fez dar os parabéns àquele adversário, mas que poderia ter sido outro se fosse para outro órgão de comunicação social."

Não se arrepende da decisão que tomou?

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"Não, porque tal como eu disse é a minha forma de estar. Entendo e compreendo as pessoas, porque muitas vezes o adepto é muito mais emocional do que racional. Eu acho que acima de tudo, no momento conturbado em que muitas vezes vive o nosso futebol, os agentes desportivos, e na altura expliquei, temos de dar esse exemplo, independentemente da forma como o adversário possa ter ganho. Isso já não é da minha competência. Acima de tudo, tem muito a ver com isso: com a minha forma de estar, de viver, de estar no futebol, e como agente desportivo achar que devemos ser nós que temos que dar o exemplo e mostrar essa racionalidade no futebol, que muitas das vezes é 90 por cento de emoção."

Sai magoado do Benfica? É uma saída em rutura?

"Não, de todo. Dou-me bem com toda a gente. Conheci gente extraordinária e que me deram a oportunidade de reviver [tudo]. Pessoas que me viram crescer dentro deste 'ninho'. Tive também a oportunidade de conhecer outras pessoas de grande dimensão [...]. Gosto da estrutura, gosto das pessoas. Os órgãos de comunicação social, mas isso faz parte das regras do jogo e nós também muita das vezes temos de ter mais cautela, as pessoas depois vão escrever aquilo que lhes bem apetece e se calhar vai promover mais sangue. Sabemos como isto se processa. Nessa perspetiva, eu sempre fui bem claro, relativamente às minhas declarações, que sempre fui ao encontro daquilo que era o projeto desportivo do Benfica em detrimento daquilo que eram as minhas ambições pessoais."

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"Eu vendi um sonho aos jogadores que mais tarde me apercebi que era difícil de concretizar, que era o título da 2.ª Liga, mas o projeto do Benfica passava pela Youth League, pelos sub-19 e equipa A. Nos últimos dois meses deixámos de ser um grupo." Gostava que explicasse estas declarações que fez, até porque a questão que me leva a colocar é: 'O António não sabia, quando chegou ao Benfica, que o Benfica tinha esta estratégia e que tinha plantéis abertos?'

"Claro que sim. Sou competitivo por natureza, independentemente do contexto, nada me impede de ser competitivo. Os projetos onde eu me incorporo e entro é sempre com o intuito de poder e de jogar sempre para ganhar. Habituei-me a lutar sempre por esses títulos porque essas são as minhas ambições, mesmo sabendo de antemão que muitas das vezes, em circunstâncias muito difíceis, nada me impede porque essa é a minha veia competitiva e que me vai acompanhar sempre na minha carreira. Tanto que nos inícios dos meus projetos, comigo nem precisamos de muita conversa, se tiver dentro dos mesmos parâmetros que eu, tem vontade de ganhar, estamos alinhados. E nessa perspetiva, sabendo o contexto desportivo do Benfica, que eu já sabia, relativamente às prioridades na Youth League e dos sub-19, também promover esse sonho foi importante para podermos manter-nos no top-5. Se calhar, se não tivesse sido assim tínhamos caído por aí abaixo e acho que a época e a qualidade do trabalho que foi desenvolvido por outros e por mim merecia um desfecho de tal e qual tal como aconteceu a esta equipa, que bateu números e diversos recordes e que nos enche de orgulho."

Causaram incómodo as suas declarações?

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"Antes pelo contrário, acho que se o sucesso desta época deste departamento de formação, tem a ver com esse aspeto solidário e de cooperação entre todos os treinadores e equipas, e nessa perspetiva temos a conquista de algo que o Benfica há muito perseguia: a Youth League. Um troféu que faltava ao Benfica. E os sub-19, que estão a um passo, obviamente que não depende só deles, de sagrar-se campeão nacional. E mais, a equipa B, mesmo sabendo que as prioridades eram outras e que os objetivos estavam alcançados - que era ficar na primeira parte da tabela e ser a melhor equipa B de todas - isso foi também alcançado. Nós queremos sempre mais e se puder jogar para o primeiro, não vou jogar para o quinto. E foi sempre nessa perspetiva que vendi esse sonho, para manter uma equipa mais madura, mais competitiva, mais ambiciosa, para metermos outras equipas mais poderosas. Foi a forma que arranjámos para nos mantermos competitivos e o mais acima da tabela."

"60% dos jogadores da equipa B são responsáveis pelo título da Youth League. Não é uma vitória de uma pessoa só, mas sobretudo do Benfica." Estava a referir-se a quem quando disse isto? Um treinador como Luís Castro a ouvir isto não tem razões para se sentir atingido?"

"Isto não tem o propósito de atingir o treinador A, B ou C ou a pessoa A, B ou C. Acima de tudo, é não só o reconhecimento e todas as declarações que eu faço são verdade. Há é que as enquadrar e aquilo que eu já fiz até agora. É um facto que 60% pertence à equipa B. É um conjunto de muitos jogadores, que o facto de competirem numa Liga mais madura, que depois quando jogam com elementos da mesma idade tornam as coisas mais fáceis. Há não só o reconhecimento daqueles que bem liderados pelo Luís, e por todos os elementos, na Suíça, representaram da melhor forma e conseguiram atingir o objetivo. Esta é verdadeiramente uma vitória do Benfica, até porque a equipa da Youth League não é verdadeiramente uma equipa, é formada por três equipas, os sub-19, os sub-23 e a equipa B. É um trabalho que tem de ser dado o valor de todos os treinadores."

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O próprio Luís Castro disse que era uma vitória de todos. Mais do que os treinadores está a dizer que é uma vitória de todas as pessoas do Seixal...

"Exatamente, é uma vitória do Benfica. O brilhantismo tem de ser direcionado para os jogadores porque são eles os artistas e que retratam da melhor forma aquilo que nós treinadores queremos", terminou.

Por Record
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