O tema do naming do Estádio da Luz tem sido um pouco transversal aos seis candidatos à presidência do Benfica e João Diogo Manteigas voltou, esta terça-feira, ao assunto em entrevista à Rádio Renascença.
"Claro que há sempre linhas vermelhas no aspeto cultural. Repare, o Benfica não vai fazer um naming do estádio, hoje em dia, com uma empresa russa, uma Gazprom, por mais dinheiro que tenha, por uma questão evidente, ou com uma empresa israelita ou de outro país qualquer que esteja, neste momento, em convulsão social e com uma imagem social que não se adequa aos princípios do Benfica. Acho que o caminho não é por aí. Tenho de fazer a destrinça entre dois tópicos muito importantes: o Benfica já devia ter um naming para o estádio há muito tempo. É uma questão de receita adicional, até podia ter começado com um valor baixo, porque ao longo dos anos todos já tinha ganho alguma receita. O naming divide-se em dois porquê? Ou o Benfica alcança já alguém, um parceiro estratégico, e os valores andam sempre, com o estádio que o Benfica tem sem atualização, à volta de no máximo 10 milhões de euros. Já falei com uma grande empresa americana que atua no setor de desporto, nomeadamente na Fórmula 1, é uma empresa muito conhecida, enfim, investe muitos milhões de euros no desporto. O valor que está sempre em cima da mesa é esse valor, entre 5 a 10 milhões por ano", afirmou.
Manteigas defende a suspensão do processo para a centralização dos direitos televisivos e colocou-se contra a 'teoria robin Hood'. "Ouvi António Salvador agora recentemente, no Football Summit, a dizer que o Sp. Braga fez um grande trabalho sob a presidência dele, para ter condições para tentar combater com os outros três grandes e também outra coisa que foi: os três grandes têm de perceber que os outros têm de ganhar mais dinheiro. Reconheço o trabalho de António Salvador no Braga, é um bom exemplo de quem com pouco conseguiu fazer muito, não obstante de discordar por completo com o tipo de presidência de António Salvador, não concordo com ele relativamente ao 'sistema robin hood’, que é 'temos de tirar dinheiro aos grandes para termos mais dinheiro'. Não é assim que funciona, até me parece antagónico nas palavras de António Salvador. Tanto trabalho que fez com o Braga e ainda está a pedir dinheiro aos maiores para receber. Não é assim que deve funcionar".
E apontou igualmente aquela que diz ser uma política no Benfica nos últimos anos de 'transformar' os sócios... em "clientes". "O Benfica, nos últimos quatro anos, desagregou-se completamente dos sócios, os sócios não são vistos como sócios, são vistos como meros clientes. Lembram-se de vez em quando que eles existem. Isso é fruto também, não seria justo passar isto sem dizer, dos 18 anos anteriores a este último mandato. Foi uma ideia que foi sendo implementada ao longo do tempo. Ou seja, o associativismo no Benfica não morreu, mas foi sendo deixado para trás. Temos mais de 20 propostas para voltar a unir os sócios e aproximar os sócios do Benfica, são as nossas meninas dos nossos olhos, por assim dizer, diretamente indo ao encontro dos benfiquistas".