Um grupo de notáveis sócios do Benfica, entre os quais o humorista Ricardo Araújo Pereia, o escritor Jacinto Lucas Pires e o historiador Henrique Raposo, escreveu uma carta aberta ao 'Expresso' mostrando toda a sua "indignação" por André Ventura ter usado "o Benfica para criar uma persona política".
O advogado e comentador televisivo, eleito deputado nas últimas eleições legislativas, é líder do 'Chega', "partido de extrema-direita abertamente anti-sistema e xenófobo", que, dizem estes benfiquistas, "é a negação da identidade do Benfica".
Adiantam que "o Benfica é clube mais popular de Portugal, é de ricos e pobres, de brancos e negros, de muçulmanos e ciganos" e que a direção do clube não pode continuar a pactuar com o facto de o 'Chega' ter chegado ao parlamento "porque é liderado por uma personagem que é conhecida apenas e só por causa do Benfica".
Leia a carta na íntegra:
"Somos um pequeno grupo de benfiquistas que vem por este meio expressar indignação perante um facto que já passou todos os limites: André Ventura usou e usa o Benfica para criar uma persona política.
A instrumentalização política do Benfica é errada por princípio.
Neste caso, é ainda mais grave, porque o Chega é um partido de extrema-direita abertamente anti-sistema e xenófobo, isto é, um partido que é a negação da identidade do Benfica.
O clube de Eusébio, Coluna, Renato e Gedson, entre outros, não pode ser associado a uma figura xenófoba.
A claque do Benfica tem brancos, mestiços e negros. O Benfica é um clube de angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos.
O Benfica é clube mais popular de Portugal, é de ricos e pobres, de brancos e negros, de muçulmanos e ciganos. A direção do Benfica não pode continuar a pactuar com a evidência mediática: o Chega chegou ao parlamento porque é liderado por uma personagem que é conhecida apenas e só por causa do Benfica.
Com os melhores cumprimentos,
Jacinto Lucas Pires
Henrique Raposo
Pedro Norton
José Eduardo Martins
Ricardo Araújo Pereira"