Apesar de o Estoril somar apenas uma vitória em oito jogos na Liga Betclic, Ian Cathro reforçou, este sábado, em conferência de imprensa, que "a equipa não está nervosa", mas sim "focada" e "preparada" para dar a melhor resposta no domingo à tarde na receção ao Nacional, que chega ao António Coimbra da Mota depois de duas vitórias consecutivas na 1.ª Liga (1-0 na visita ao Sp. Braga, na Pedreira, e 3-2 na Choupana frente ao Moreirense.
Que dificuldades espera encontrar frente ao Nacional? "Vamos ter um jogo muito intenso e competitivo. Uma equipa que está a crescer na linha que estava na época passada, talvez um pouco mais pressionante. Tem alguns jogadores diferentes, mas apresenta fortes dinâmicas no momento ofensivo. Não perdem muito tempo em atacar o espaço e sabem fazer isso muito bem. Por isso, e por outras razões, sabemos que vamos ter um jogo super competitivo".
Como gere as paragens da Liga Betclic em outubro e novembro? "Isso já é algo normal. Sabemos que a primeira metade da época tem essas paragens. Muitas vezes quando chegas perto das paragens vem essas perguntas se é bom ou mau. Isso depende dos últimos resultados, mas é algo normal. Falando desta paragem, antes do jogo da Taça, só posso repetir o que disse logo no fim do jogo com o Casa Pia, para nós era mesmo preciso ter essa paragem, ter espaço, libertarmo-nos um bocadinho da muita frustação que vinha antes. Já tivemos e estamos preparados para ir para a frente".
A vitória ante o Belenenses, da forma como foi conquistada, era o que o Estoril necessitava para o que vem a seguir? "Sim, era preciso fazer esse esforço extra na parte final desse jogo. Talvez o mais marcante foi o momento de união e o ambiente entre a equipa e os adeptos. Quando tens um golo perto do final, o mais provável é que ganhemos o jogo e há duas hipóteses, os jogadores podem ficar no campo e fechar entre eles o mundo deles ou podem aproximar-se dos adeptos e ter este momento em conjunto. Acho que esse foi um momento importante porque existe pelo menos um grande respeito entre as duas partes, pelo apoio que os jogadores sentiram, bem como pelo trabalho e pela energia que os jogadores estavam a pôr em campo".
O 16.º lugar que o Estoril ocupa à oitava jornada, com apenas seis pontos, faz com que o jogo frente ao Nacional seja mais importante? "Acho que é difícil falar em importância do jogo. Lá está, é impossível o jogo ter mais importância do que tem pelo facto de ser o nosso próximo jogo, é o único jogo. Não podemos pensar no jogo a seguir, não podemos pensar em mais nada que não seja o jogo de amanhã. É uma realidade que não temos muitos pontos, mas também é uma realidade que não podemos fazer dez jogos de uma mesma vez. Só podemos fazer o jogo que está à nossa frente e esse jogo naturalmente tem a máxima importância. Acho que no fundo está a perguntar-me se já estamos nervosos por causa da posição. Se a sua pergunta é essa, a resposta é feita com respeito, mas é curta: é não, não estamos. Estamos a trabalhar completamente focados no treino e na preparação, não vamos desviar disso. Às vezes pode ser mais fácil ou mais difícil porque somos pessoas, a parte psicológica vai ter uma importância sempre como não somos robots, mas isso faz parte do nosso trabalho e temos de ser capazes de viver nessa realidade e lidar com isso. O jogo tem a máxima importância possível, mas se já estamos a viver com outra ansiedade ou nervosismo por causa dos pontos, não".
Está a chegar àquela altura das dores de cabeça positivas? "Acho que estamos a chegar mais perto de ter essas situações em todos os lados do campo, o que é super positivo para nós. Ainda temos alguns jogadores fora, mas nós queremos ter essas dificuldades. É o trabalho diário e o rendimento de cada um que vai ter maior influência nessas decisões e eu vou tentar o máximo possível tomar boas decisões para ajudar a equipa porque no fim nós passámos um momento, talvez do verão até aqui, como toda a gente viu, em que sentimos dificuldades dentro e fora do campo. O meu trabalho é muito claro, procurar maneiras para ajudar os jogadores de forma individual e ajudar a equipa. Continuar o máximo possível no processo de crescimento. Precisamos de um pouco mais de estabilidade neste momento e estou aqui para trabalhar nisto".
No processo de construção de um Estoril diferente, o mister referiu, anteriormente, que quer que os adeptos assobiem quando a equipa não está bem. Nesta fase, é um momento para os adeptos assobiarem ou aplaudirem? "O futebol tem coisas que não são sempre lineares. Por exemplo, quando jogámos em casa com o Farense [na temporada passada] e falhámos, deixámos fugir essa vitória. Este foi um momento [de assobiar] sim porque nós temos que sentir que [jogar] baixo não dá. Esse jogo foi responsabilidade nossa, mas acabámos por ganhar um ponto. Mas, vai haver outros momentos quando a equipa está a fazer tudo o que pode e vão algumas coisas contra a equipa e talvez não consigamos um ponto mas, é um momento em que a equipa precisa de sentir essa ligação e esse apoio. Não vai em função do resultado só. Vai em função de trabalho, respeito e tudo o que está acontecer. Obviamente, que as duas partes querem a mesma coisa e estamos a trabalhar nisso".
Por Duarte Gomes